| No capítulo anterior |
Pude sentir o perfume que emanava de seu pescoço e o calor que sua pele refletia contra meu rosto, não sabia dizer se era a roupa inapropriada para o lugar ou os efeitos colaterais da droga que ele era.
Assim que nossos lábios pareceram juntar-se em um só, escutei uma voz familiar.
— [Nome]?
...
Como um reflexo, eu e Akaza abrimos espaço entre nossos corpos; mas ainda mativera a mão ao redor do meu quadril.
Nossas expressões assemelhavam-se a alguém que teve seu segredo descoberto.
Levei meu olhar para a fonte da voz, me deparando com o rosto inexpressivo de Sanemi; na verdade, mesmo que não houvesse linhas de expressões na sua feição, seus olhos diziam tudo aquilo que não poderia ser ouvido.
Ciúmes?
— Nemi?... – tentei pronunciar seu nome por completo, mas minha voz me traira.
Ele esboçou o que pode ser considerado o sorriso mais forçado do mundo, juntando o indicador e o dedo médio acima da sobrancelha e os afastando em seguida; como se dissesse:
"Desculpe incomodar."Abro a boca para impedir que partisse, contudo, outra vez, sou traído pelo meu próprio medo.
O de cabelos cinzas vira-se de costas e sai, seus punhos cerrados e o passo firme contra o asfalto.
— Eu...desculpa. – falei, elevando meu olhar para Aka.
— Tá tranquilo.
Me desvencilhei de seu toque, deslizando uma de minhas mãos pelo braço alheio. Parecíamos ter um atrito, como se estivéssemos ligados por uma onda de choque.
Apressei meus passos o quanto pude, seguia os rastros de Sanemi.
Onde você está?!
Não sei quanto tempo corri, até notar o anoitecer; o céu estava escuro demais.
Então, recobrando meus resquícios de inteligência, procurei o número dele nos meus contatos e liguei.
Chamou. Chamou. Chamou. Chamou e..
— Alô? – uma voz grogue respondeu.
Não era ele.
— Ahn..oi. O sanemi-
Fui interrompido por um suspiro de deleite. Um gemido baixo.
— Ele tá ocupado. Ligue depois.
Quem quer que seja desliga na minha cara.
Parado em frente à uma esquina desconhecida, encaro o aparelho entre minhas mãos com incredulidade.
Minha volta para casa é silenciosa, mas cheia de perguntas. Nada disso deveria ter acontecido.
Não desse jeito. Não assim.
| Quebra de Tempo > Dois dias depois.|
Minha cabeça dói e tudo no meu quarto parece uma montanha-russa; girando e girando, sem sinal do fim.
Faz dois dias que não tenho notícias de Sanemi, deixei mensagens em sua caixa postal, mas não houve retorno.
Nesse curto espaço entre o que era um sonho e o que virou um pesadelo, gripei.
Tudo estava, definitivamente, contra a minha felicidade.
Me debato contra o cobertor enroscado ao meu corpo, lutando contra todas as vozes que me aconselhavam a correr para a janela e me jogar dali mesmo.
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O Barman.
FanfictionO que poderia acontecer na vida de um garoto que acabou de terminar um relacionamento e se encontra em uma tristeza sem fundo? Afinal, sendo privado de qualquer tipo de prazer a vida toda, é normal que a curiosidade tome conta. Mas novos sentimento...