Máquina do Tempo

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Olá leitores,

no capítulo de hoje teremos alguns assuntos delicados que podem gerar gatilhos partindo do passado de Marcy, como homofobia e problemas familiares. Se você é sensível, por favor, não leia.

Marcy Wu's point of view:

Quando você é criança você sempre tem uma desconfiança com o que é diferente e se você foi uma criança que cresceu na igreja evangélica a desconfiança consegue ser maior

Bem por onde eu começo? eu cresci em um lar altamente religioso no Paraná. Meu pai era o pastor da igreja, ele era e continua sendo muito preconceituoso e ele e minha mãe não me permitiam fazer nada tanto é que eu não podia nem cortar o cabelo por questão de promessa

Então eu era uma criança de cabelo enorme, piolhenta e de monocelha

Para começar eu nunca gostei de ter cabelo longo, talvez porque eu pegava muito piolho e acabei me traumatizando e as moda evangélica estava perdendo a graça. Eu só queria usar as roupas que os youtubers usavam, além de usar roupas mais curtas algumas tinham mechas coloridas então desde criança era um sonho meu pintar e cortar meu cabelo mas isso parecia algo distante

Eu não podia ir em festas juninas, raspar a sobrancelha, pernas e muito menos usar maquiagem

Só depois que eu fiz dose anos começei a questionar as coisas graças a uma certa garota...

Terça-feira, 30 de junho de 2017

— Marcy você deve se impor! — Wendy Corduroy dizia e fazia movimentos com as mãos

— Wendy... eles são meus pais — Eu digo e começo a guardar meu material

— É bem simples, nós devemos fugir — a ruiva diz animada — Meu pai quer que eu comece a trabalhar de lenhadora, mano eu só tenho 13 anos! — Wendy afasta a franja e coloca seu gorro

Wendy aos 13 anos era abertamente bissexual e falava que se descobriu quando viu os peitos da barbie pela primeira vez. Ela é a maior fã da Rita Lee que eu já conheci e adorava ouvir um funk, desses cheio de putaria

Ela vivia na direção pelo seu comportamento agressivo, mas comigo ela era a pessoa mais querida do mundo, coisa que eu não entendia muito bem

— Esse ano na festa junina eu vou vir de bigode!

— E esse ano eu vou finalmente conseguir ir — falo e coloco minha mochila nas costas

— Mars, bem que você podia ir de noiva né? — Wendy me cutuca com o braço e faz uma cara maliciosa — Dai a gente já casa na festa

— Cala boca Corduroy! — Vou correndo até a saída sem olhar para trás

Ela sempre diz essas coisas, mas eu tento não levar para o coração mesmo querendo muito. Ela diz que vai ser o anti-heroi que vai me salvar na minha família abusiva e eu espero muito por esse momento e talvez esperar tenho sido meu erro

Quinta-feira, 15 de julho de 2017

O tão sonhado dia da festa julina chegou. Eu vesti uma blusa xadrez que era da Wendy já que minha mãe se recusou a desembolsar qualquer quantia para a tal “festa de santo”

— Marcy, não quero saber de você andando com aquela desviada da Wendy, além de jeito de  sapatão ela é ruiva, o que nos dias de hoje não é um problema, mas antigamente ela seria — minha mãe diz e penteia meu cabelo — O seu cabelo está maravilhoso, a promessa valeu a pena

Mal ela sabe que é um inferno ter um cabelo longo desse jeito e eu odeio muito. Wendy disse que era para a gente cortar com a tesoura da escola no intervalo

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