3. Altos e baixos

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Depois de explorar as áreas externas Selene passa o restante do dia na biblioteca, e Zoe retorna para o quarto, dedicando-se a leitura de alguns livros que trouxera antes de ter que descer para o jantar. No fim, não foi tão difícil dormir fora de casa pela primeira vez, mas levara algumas horas para se conciliar com a cama.

Acorda antes da hora, provavelmente por que não fizera quase nada no dia anterior e já está praticamente pronta quando Selene acorda.

— Olha, não combinou muito com o uniforme — comenta Selene enquanto ela coloca o chapéu e se olha no espelho.

O chapéu preto com uma fita na mesma cor do lado de dentro, roxo escuro, de fato, não combina com o uniforme que consiste em uma blusa branca com golas e punho dourado, colete e saia rodada na cor coral.

— Seria um problema mudar a cor do uniforme, não é? — diz desanimada, estalando o dedo e dando as partes em roxo do chapéu, o mesmo tom coral que o das vestes.

— Usar esse chapéu é algo obrigatório, como nossos brasões? — questiona Selene e ela ri.

— O chapéu é a marca de uma bruxa... estamos quase atrasadas, vamos! — diz apressando-se para a porta enquanto a outra deposita a escova de cabelo mágica sobre a penteadeira e prende os cachos perfeitamente organizados em um rabo de cavalo enquanto caminha até a porta.

Apesar do corredor pouco movimentado a esta altura, ainda arrecadam alguns olhares no caminho até a sala, que se silencia assim que atravessam a porta. Ambas se separam, indo para seus respectivos lugares, e a conversa, que obviamente era sobre Ravena, muda de tema rapidamente.

— Aquele cara no fundo da sala, Hélio, sei lá, é filho de qual cavaleiro?

— Na apresentação, ele não disse que era de Ingeniun?

— Mas ele é um paladino, não é?

— Se ele não é da alta nobreza nem filho de um cavaleiro da ordem de Honoris, por que está na turma A?

— Heros — corrige Ryan, entrando no assunto — o pai dele era paladino, não sei se foi cavaleiro, mas embora ele seja de Ingeniun como a mãe, na verdade, ele nem é da nobresa, mas está aqui porque é o espadachim mais promissor de Palladian, que venceu o torneio ano passado.

— Então ele é o prodígio de quem todos estão falando?

— O vencedor do torneio real é uma plebeu?

— De onde conhece ele, Ryan? — pergunta Selene.

— Eu não conheço, ouvi algumas histórias durante as fazes do torneio, não cheguei a lutar com ele, mas sei que é ótimo!

Antes que o assunto se prolongue, a porta é aberta e todos se calam para admirar a linda e radiante herdeira de Crystallum, que entra acompanhada de duas garotas. O professor entra minutos depois, interrompendo de vez todas as conversas.

A primeira aula é de história, e Zoe não se surpreende com a clara antipatia do professor em relação a si e a província de Magtum. A aula transcorre lenta e entediante, como qualquer aula de história, o que não muda muito com a próxima aula, sobre reconhecimento de campo e estratégia, que poderia ser interessante se a professora não a tornasse em uma longa e cansativa teoria básica.

Mas, paciência! É só a primeira aula, é de se esperar que não passe de introdução. Finalmente chega a hora do almoço, e o ânimo geral retorna na medida em que se afastam das salas de aulas e seguem para o refeitório. Zoe caminha sozinha pelo corredor, vez ou outra encarando alguém apenas para ver desviarem o olhar o mais rapidamente possível, como se pudessem ser mortos ou amaldiçoados a qualquer instante.

Regun - Academia Real; EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora