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.JENNIE P.O.V
Meu mundo se acabou quando senti me colocarem presa dentro daquela ambulância, eu não havia machucado minha mamãe, eu a amava mais que tudo para fazer aquele ato de tal crueldade.
Me lembro bem daquela tarde, eu sei que me atrasei para chegar em casa, mas foi tudo culpa da minha irmã, ela cismou de parar em uma loja e ficou horas no provador para no final levar um único vestido.
Anos atrás..
-Vamos Jennifer, a mamãe vai nos xingar pelo seu atraso!
-Fica tranquila, hoje é nosso aniversário florzinha, não se preocupa.
Rosé me olhava aflita e até se sentou ao meu lado enquanto minha irmã escolhia uma bolsa. Péssima hora que resolvi fazer um ato de bondade e a levar junto.
Ela não tem amigas pelo seu jeito atrevido, mas eu tento me socializar com ela, aliás dividimos o mesmo útero, quase o mesmo berço, mas ela sempre me chutava, então papai teve que comprar outro berço.
-Jennie, o que você acha desse?
Ela saiu do provador com um vestido vermelho, então fiz um sinal de "joia" com a mão, fiz isso com todos os vestidos que ela provou, gostei de todos, eles ficam bonitos nela.
-Dê sua opinião com palavras.
-Ficou lindo, Jennifer.
-Eu sei.
Ela disse esnobe, não sei porque ela pede minha opinião.
{...}
Entrei em casa e levei bronca pelo atraso, Jennifer nunca foi de aceitar as broncas dos nossos pais calada, ela sempre rebate, mas hoje ela passou dos limites.
-Calma, não precisa ficar gritando.
Falei pra ela afastando ela de mamãe.
-TIRA ESSA MÃO IMUNDA DE MIM!
Ela gritou e me empurrou, vi ela avançar em mamãe quando ela tentou me ajudar e bateu nela, como uma louca, papai entrou na cozinha e logo separou minha irmã e pegou o celular.
-Você é estupida! Estou cansado das suas loucuras, Jennifer, eu deveria ter te internado quando soube!
Ele falou e pegou o celular discando algum número, cuidei dos ferimentos de mamãe e subi para o quarto, coloquei meu pijama e minha irmã fez questão de se vestir igual a mim aquela noite.
Era estranho, porque ela sempre dormia com outras roupas, ela odiava se vestir igual a mim e fazer até o mesmo penteado.
Escutei uma ambulância se aproximar da minha casa, pensei que alguma coisa estivesse acontecendo com mamãe, então sai do quarto e minha irmã veio atrás.
Meu pai acabou nos confundindo.
-Pai, o que seria isso?
Jennifer usou um tom meigo, coisa que ela só fazia quando aprontava. Ela se aproximou da minha mãe e fez um carinho em seu rosto.
-Pai, eu sei que Jennifer agiu mal hoje, mas não precisa disso.
Ela falou em terceira pessoa, e os médicos se aproximaram de mim, mas não entendi o porque.
-Vai ser bom, alguém como você ficar isolada.
-O que? Não, vocês estão me confundindo..
Me afastei das mãos deles, mas foi em vão senti uma agulha em meu braço e tentei subir as escadas, ela estava fazendo de novo.
A bondade deveria vir em momentos diferentes, mas aquilo estava sendo injustiça comigo, eu não tinha feito nada.
Eles me agarraram e me jogaram no ombro, enquanto eu ainda tinha forças eu gritava dizendo que aquilo não estava acerto, mas tudo foi ficando escuro e um sono foi se apossando do meu corpo.
{...}
-Olha o que eu fiz.
Mostrei para a médica que estava no meu quarto arrumando minhas roupas, eu tinha acabado de aprender crochê, era bom até para me distrair, tudo ali era tão chato, não sei se vou conseguir me acostumar.
-Você tem uma sanidade perfeita, eu não entendo porque te trouxeram pra cá, e aliás, está lindo.
Ela disse elogiando, não queria contar que aquilo era uma tremenda confusão, minha irmã seria feliz agora, eu espero.
-Deixaram isso para você.
Ela me entregou uma caixa e abri, havia um sapatinho azul, quem estava esperando um bebê?
-Quem deixou isso?
-Não falaram o nome, só deixaram.
Assenti com a cabeça em silêncio, as vezes foi um engano.
Me lembro bem de como minha irmã aprontava, as vezes ela pegava todos os presentes enviados a mim e dizia que mandaram para ela, mas sempre havia um cartão com meu nome, eu cheguei sim a gostar de uma garota no fundamental.
Ela era mais velha, e um pouquinho estranha, mas ela era perfeita, ela chegou a se apresentar como Lalisa, mas aí ela sumiu, e eu nunca mais tive se quer alguma notícia dela.
Eu lembro das vezes que eu a pegava olhando pra mim, e quando eu olhava de volta, ela se virava tímida, chegava a ser fofo, mas não podia ter nada além de uma amizade com ela.
Faz tempo que não vejo o meu pai, apenas mamãe vem me visitar com frequência, ela me trouxe um diário, e eu escrevo todos os dias desde que ela o trouxe.
-Posso te pedir uma coisa?
-Se estiver ao meu alcance.
-Pode me trazer um livro, de romance de preferência pra mim ler, é o que trouxeram pra mim, eu já terminei de ler.
-Você gosta mesmo de livros, hein.
-Sim... saudades das bibliotecas, sabia que antes de vir pra cá, eu vivia em bibliotecas e minha mãe brigava comigo porque eu perdia noção de hora?
Ela soltou uma risada nasal e pegou a escova para pentear meu cabelo, eu conseguia fazer aquilo sozinha, mas ela tinha mãos leves e eu sempre me relaxava.
-Eu super imaginei essa cena, se eu te contar que você é a paciente mais tranquila que eu já lidei você acreditaria?
-Sim, porque eu sou a única normal daqui.
Ela me olhou e afirmou com a cabeça. Ela terminou de escovar meu cabelo e o prendeu.
-Vamos lá fora um pouco, você precisa de sol e de se socializar, deve mostrar exemplo aos outros exemplos.
Me levantei da cama e a segui.
{...}
Escutei uma batida na porta e logo papai entrou no quarto, seu semblante estava o de sempre, mas havia lágrimas em seus olhos, ele estava triste, e eu não gostava nem um pouco de o vê-lo assim.
Me levantei da cama e o abracei, ele retribuiu o abraço, esse foi o abraço que eu tanto quis em meses estando aqui.
-Me desculpe, meu amor, eu me confundi.
Ele sussurrou no meu ouvido e fez um carinho em meu cabelo, senti suas lágrimas molharem meu ombro e o encarei e enxuguei suas lágrimas.
-Está tudo bem, aqui eles me tratam bem.
Sorri pra ele e ele forçou um sorriso.
-Deveria retocar a tinta desse cabelo, tá ficando grisalho.
Disse com humor arrancando uma risada dele, ele me abraçou novamente e me senti protegida novamente.
{...}
Continua..
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Seven Lives - Jenlisa G/P
FanfictionUma garota que tem sua vida condenada resolve fazer um pacto, onde ela tem 7 chances de mudar sua vida, mas será que ela vai conseguir? Jennie uma garota de 23 anos se vê condenada em um casamento com uma mulher totalmente desconhecida e perigosa p...