Nós Temos Um Acordo?

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Hermione estava frustrada.

"História da Legilimência e Oclumência" era o que lia.

Depois de terminar o livro que Gina lhe deu sobre o assunto, ela percebeu que o entendia sem problemas, mas a implementação não era fácil.

Feitiços exigiam prática e ela descobriu que não era simples em Oclumência. Granger precisava de alguém habilidoso em Legilimência para praticar a competência. E, na melhor das hipóteses, a pessoa teria de dominar ambos para poder explicar como fechar a sua mente.

Então toda a história desmoronou. Ergueu os olhos do livro com raiva. Como se seus pensamentos o tivessem convocado!

Draco Malfoy também estava na biblioteca e conhecia a técnica de Oclumência!

Ele vasculhava uma fileira que era visível de onde a mulher estava sentada.

Draco não usava um uniforme escolar, igual a Hermione. E, como sempre, encontrava-se todo vestido de preto: sapatos negros, calças escuras e gola alta preta.

O sonserino andava, pensativo, para cima e para baixo na fileira de livros, inclinava a cabeça para ler melhor os títulos. Mostrava-se absorto no que fazia.

"Parecia cansado", ela pensou. Ele sempre aparentava exaustão.

A essa altura, a grifinória estava ciente de que ele não estava tendo uma boa noite de sono. O que o mantinha acordado?

Granger assistiu fascinada a Draco se abaixar para pegar um livro de uma fileira um pouco mais alta — uma que não teria alcançado —, ler a sinopse e, então, cuidadoso, colocar o exemplar em seu braço.

Hermione nunca tinha notado antes o jeito de ele ser cuidadoso com os livros.

Ela não gostava de como alguns alunos batiam os manuscritos nas carteiras, de como eram descuidados e de que modo algumas das páginas das obras da biblioteca foram amassadas.

Malfoy era diferente. Ela pôde observar com mais frequência naquele ano letivo a naturalidade com que ele virava as páginas de um livro. Granger admitiu que gostou. Também apreciava o jeito como o jovem carregava-os em seus braços, como se fossem tesouros preciosos.

Ela quis saber se o homem adorava livros ou se o comportamento era treinado, porque deveria haver obras valiosas na casa dos pais dele. Talvez fosse uma mistura de ambos?

Hermione notou que, quando ele lia um trecho empolgante, levava alguns segundos antes que levantasse a mão, colocasse um dedo sobre a linha que acabara de ver e, então, quase em câmera lenta, seus olhos se afastavam da página, fascinado com a descoberta.

Ela nunca pensou que houvesse uma qualidade em Draco Malfoy que apreciasse. Mas, sim, gostava de como lidava com livros.

Mesmo agora a mulher podia observar como o sonserino levantou uma mão e deixou as pontas dos dedos deslizarem sobre as lombadas, antes de parar em um e puxá-lo para colocá-lo em cima do outro exemplar em seu braço.

Ele se sentiu despercebido, ela tinha certeza. Sua expressão facial era diferente da habitual. Meio serena. Não tão fechada.

Este era seu rosto verdadeiro?

"Draco é bonito", ela pensou.

Em seguida, raciocinou se Malfoy não mudou. Havia uma trégua entre eles, por assim dizer, e a grifinória ficou impressionada com o quão paciente e amigável Draco foi com Milo depois que o menino — que acabou gostando dele! — falou com ele.

Paixão Imprevista (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora