O Conflito de Povos

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Quando Quaere e Lógos deixaram o mato que circundava as ruínas da antiga cidade de Ozymandias, já estavam descansados o suficiente para voar. Bateram suas asas e continuaram rumando para o leste, até que por fim chegaram ao grande córrego de que Lauden havia falado.

- Não deve faltar muito para chegarmos ao templo - Quaere comentou.

- Não vai adiantar encontrarmos o templo se não estivermos com Heitor - disse Lógos, com a voz abatida.

- Até agora não tivemos sinal nenhum dele ou de seus seguidores - Quaere comentou - Como vamos achá-los?

- Córregos como esse sempre possuem comunidades em suas margens - Lógos respondeu - Assim que encontrarmos alguma pediremos informação.

Continuaram seguindo as margens do rio enquanto batiam suas asas, mas ainda faltava uma hora para o pôr do sol quando Lógos perdeu completamente suas forças e caiu no chão.

- Lógos! - Quaere voou em sua direção e a tomou nos braços - Você está bem?

- Estou - respondeu de imediato, embora sua voz mostrasse que não estava nada bem - Só estou cansada.

Quaere reparou pela primeira vez o quanto a luz de Lógos estava fraca. A pequena sempre se mostrou tão brilhante mesmo durante o dia, e agora sua luz praticamente se apagara.

- Vamos descansar um pouco - disse Quaere.

- Eu queria continuar até o pôr do sol - Lógos lamentou.

- Queria, mas não vai - Quaere enrolou uma folha e colocou sob sua cabeça, como um travesseiro, depois cobriu-a com seu próprio manto - Vamos descansar. Recupere suas forças. Amanhã continuaremos a procurar por Heitor.

Quando a noite caiu sobre o casal, foi encontrá-los com uma fogueira acesa para espantar a escuridão e o frio. Em geral, a luz de Lógos era suficiente para manter o ambiente iluminado, mas agora ela mais parecia a mais fraca e imperceptível das estrelas.

Quaere levou água e frutas para a amiga, que se alimentou com vontade e logo caiu no sono. Mas Quaere permaneceu acordado, vigiando e observando a lua e as estrelas. Agora que estava fora de Valescuro, não pretendia passar um dia se quer sem apreciar as belezas proporcionadas pela luz. Aproveitava, maravilhado, a lua e ainda se questionava sobre sua forma curiosa. E as milhares de estrelas eram suas favoritas, enfeitando o céu noturno e deixando-o muito mais bonito. As estrelas cadentes eram suas favoritas, e perguntava-se se um dia poderia encontrar alguma onde quer que tivesse caído.

Era tarde quando elas vieram, atraídas pela luz da fogueira. Aproximaram-se todas de uma vez, cercando Quaere e Lógos antes que o vagus percebesse o perigo. Eram formigas. Pelo menos dez delas. Todas muito bem armadas com lanças e espadas.

- Quem são vocês?! - Quaere gritou, pondo-se em pé e sacando a espada - O que querem?!

Lógos despertou de seu sono fatigado, mas estava tão cansada que mal teve reação. Olhou para as formigas com olhos sonolentos e sem se levantar do chão.

- Não precisam se preocupar conosco - disse a maior das formigas, provavelmente a líder daquele grupo militar - Vamos nos preocupar com quem são vocês.

A grande formiga sentou-se em uma pedra à frente deles. Com uma mão apoiava-se na lança, enquanto a outra repousava em seu joelho. As antenas remexiam-se enquanto ela tentava reconhecer o cheiro dos dois.

- Revistem-nos - a grande formiga ordenou.

Quatro formigas avançaram com suas lanças apontadas para Quaere. O vagus não teve escolha além de baixar sua espada.

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