No ápice da juventude infantil, em seus 10 anos de idade, Davina ainda tinha o prazer de correr livre, envolvida por calor, risadas e vida.
Sua figura antiga e infantil, havia completado a idade e ganhara alegremente um potro, o macho ficaria enorme, segundo as palavras de seu pai, e pelas palavras de sua mãe, Davina o montaria e, se tornaria o vento vivo. Ela gostou disso, e amou o jovem cabelo, ainda um filhote, como ela também era.
— Ele virá para me ensinar a montar? — Questionou aos pais.
Seu pai envolveu o rosto com um sentimento de negação, mas, sua mãe, acariciou o braço tenso do marido e sorriu com tranquilidade.
— Enviamos uma carta.
Davina sorriu, uma carta, era o suficiente.
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Ele não chegou, talvez nem tivesse tentado vir.
— Davina! — Sua mãe gritou estendendo a mão — Corr...
Ela não terminou de falar, e sua garganta foi aberta, sangue explodiu em rios e cascatas, que cairam no piso limpo de horas atrás. Seu pai, também estava morto ao lado da esposa, sendo pisoteado há horas enquanto a esposa era usada e Davina era segurada com força.
— Isso — disse o homem em seu pescoço, apontando para a morte. — Isso é sua culpa, garotinha.
Minha culpa. Pensou, é, sua culpa, ela sabia. A profundidade do que era, o que havia os atraído aqui.
— Seu poder é sujo e é por isso que seus pais morreram.
O som de engasgo veio em seguida, e o homem caiu ao seu lado, perto de seus pais. Não, ela queria gritar, não é digno de morrer ao lado dos meus pais. Mas, não teve tempo, sequer voz, nada, Davina foi envolvida por uma escuridão profunda que se apossou de sua língua, uma névoa que queimou seus olhos e só deixou lágrimas caírem.
Uma mão fria e feminina tocou seu ombro trêmulo, envolvendo seu queixo com a frieza, Maeve sorriu com benevolência, existia escuridão naquele rosto.
— Ah, chegamos tarde — disse com os olhos no sangue.
Sim... Tarde. Estão mortos.
— Salvei você, Davina.
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Cairn abriu a porta e o lobo branco passou de forma rápida, ele caminhou até o caixão, mas parou de forma abrupta ao ver o corpo adormecido do lado. A garota estava deitada e a cabeça apoiada em uma das laterais.
De súbito, ele estava ao lado dela, observando todas as inúmeras correntes e o ferro pesado. Fenrys curvou as orelhas, abaixando o rosto até que o focinho estivesse perto da máscara.
— Não se aproxime dela — Cairn ordenou com um grunhido.
A feérica foi puxada pela coleira que Cairn prendeu ao pescoço dela, puxando-a com força bruta; ela acordou assustada, arfando com a falta de ar. Ajoelhada e frágil daquele chão, Fenrys se perguntava se ela estaria assim pelo aperto ou, pela escuridão do sono.
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Maeve mandou que abrissem a porta de ferro, o som arrastado trouxe uma irritação para os ouvidos da rainha e a fez pensar em como Davina se sentia com o barulho. Bem, talvez? Estava tão acostumada, fazia tantos anos, bom, não era como se Maeve realmente se importasse, mas Davina era necessária, e, por esse motivo, Maeve fingiria se importar.
— Me disseram que Cairn foi duro com você hoje — disse a soberana. — Pegue, trouxe água, as curandeiras colocaram ervas medicinais.
Davina, a feérica que estava encolhida no canto mais escuro daquele cubículo de ferro, levantou a cabeça e apertou os olhos, aquele brilho esverdeado de antigamente havia se apagado, transformando-a em uma figura opaca e apagada. Ela se levantou lentamente, sussurros baixos de dor saindo de sua boca, conforme caminhava para pegar a água, quando pegou, bebeu ferozmente, como se nunca tivesse bebido líquido antes, e, de fato, nunca havia bebido água tão limpa, não nessa fortaleza.
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Império Das Sombras | 𝐅𝐞𝐧𝐫𝐲𝐬 𝐞 𝐆𝐚𝐯𝐫𝐢𝐞𝐥
Fanfiction"Até onde a escuridão pode levar uma alma?" Davina enfrentou uma prisão angustiante nas mãos impiedosas de Maeve por dois séculos. Dotada de um poder formidável capaz de desfazer e reconstruir o mundo, Davina viu suas esperanças se esvaírem quando A...