Capítulo 7

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Os cabelos prateados manchados de sangue oscilaram no vento, espalhando o cheiro de morte que estava impregnado em cada canto de seu corpo. Davina ficou parada, imóvel, observando seu outro lado em forma masculina; Rowan, seu irmão mais velho, ele tinha os mesmos cabelos prateados e os mesmos olhos, ela mal se lembrava da última vez que comtemplara a aparência de alguém da sua família. Diferente de antes, agora ele tinha tatuagens marcando metade do rosto, porém, isso não diminuía a semelhança eterna que compartilhavam desde cedo.

— Irmã...? — Disse ele, como se estivesse assustado.

Essa palavra foi como uma faca em seu estômago, pior que os jogos de Cairn e mais doloroso que as chicotadas, subitamente, suas cicatrizes pareciam se revirar por todos os lados, as lembranças cruéis dos castigos de ódio que recebia pela inveja que Cairn nutria por seu irmão mais velho. Davina nunca esqueceria do dia em que uma feérica reivindicou Rowan, os resultados foram uma catástrofe de sangue caindo no solo, sangue de Davina, é claro.

Davina viu a feérica loira ao lado do irmão, e uma bola de ar parou entre sua garganta, Aelin... A mulher olhava para Davina com horror e algo como culpa.

Mas, quando Davina deixou o ar passar de novo, não sentiu nada mais do que vazio.

— Rowan — disse ela, sua voz baixa e arrastada, como se não tivesse passado anos, como se de fato, nada importasse.

Subitamente, ele dera um passo a frente, mas, em questão de segundos, Davina recuou a mesma quantidade de passos, tropeçando levemente, logo murmurando um som de dor ao sentir o latejar constante em todas as partes do corpo. Ela levantou a cabeça quando viu uma mulher vir para perto, porém, um homem também vinha ao seu lado, quando percebeu, Davina havia recuado e parado ao lado de Dorian, roçando seu ombro no dele.

Do outro lado, Aelin suspirou pesadamente.

— Eles precisam de cuidados médicos — disse, mais para Rowan do que para outros. — Falaremos depois.

Davina ficou centímetros de distância de Dorian, seu peito estava se encolhendo diante de todos, e logo, ela sabia que sua respiração poderia parar. Queria sair daquele lugar, ficar sozinha em um mundo distante, não existia mais familiaridade, nada que pudesse trazer conforto para o vazio morto que se instalou.

— Sou curandeira — a mulher que se aproximou antes anunciou, um sorriso bonito em sua pele amarronzada, iluminando os olhos.

Curandeira, pensou Davina, elas cuidavam de mim, não me machucavam...

Ela se aproximou, e sorriu quando percebeu que Davina não tinha recuado como antes. A mulher olhou por cima dos ombros, encarando o homem que ficara para trás, Davina não sabia quem era, mas imaginava que seria algo importante, logo, a mulher voltou a olhar para seus olhos esverdeados, analisando sem julgamento o sangue e sujeira.

— Meu nome é Yrene.

××××

A garota havia se banhado o melhor que pode, sozinha e desconfiada. Yrene a deixou sozinha enquanto esperava.

Ela havia visto a maneira como tinha se afastado de Rowan, e, logo em seguida, de Choal que havia seguido sua mulher em até mínimos passos. Yrene sentia dor no coração ao ter uma ideia do motivo desses afastamentos, a ideia era assombrosa, porém, a mais certa, e ela odiara ainda mais as más pessoas no mundo.

— Terminei.

Yrene se virou, e viu a garota enrolada em uma toalha de maneira desajeitada, os cabelos pingavam no chão, mas, pelo menos, não existia mais sangue ou qualquer outro tipo de sujeira. A curandeira sorriu e indicou onde Davina deveria ir, ela veio, ainda quieta e com um sentimento de desconfiança. Yrene pegou algumas roupas que havia conseguido, não ela, mas Aelin e Rowan, não fazia ideia de onde tiraram, mas era o suficiente por enquanto.

Império Das Sombras | 𝐅𝐞𝐧𝐫𝐲𝐬 𝐞 𝐆𝐚𝐯𝐫𝐢𝐞𝐥Onde histórias criam vida. Descubra agora