Capítulo 5

195 37 6
                                    

Cairn tinha razão, não existia nada capaz de despertar algo em Davina, nenhuma esperança, uma luz ou fogo. Nada que a queimasse por dentro e explodisse para fora, ou, que pudesse criar uma faísca. Mas, Rowan? Maeve sabia o que estava fazendo, ou, realmente não sabia.

Seria capaz de trazer ele de volta e ainda permitir a aproximação dos dois? Davina sabia que não.

Depois de Maeve sair, ela se fechou de novo na escuridão, repensando suas atitudes até o momento, nunca houve qualquer indicação que a rainha estaria inclinada a colaborar, não existia bons tratamentos ou momentos de compaixão. Maeve a quebrava dia após dias, e, achava que poderia reconstrui-lá, criar uma arma ou roubar o que tinha dentro do seu âmago; Davina percebeu cerca de 50 anos depois, que Maeve só teria o que queria, se ela mesmo decidisse ceder. Então, a soberana optou por torturas mais extravagantes, nunca escolhendo o lado da bondade, por que agora?

Davina era ingênua, isso é fato. Porém, ela conhecia Maeve, e tinha conhecimento da maldade impregnada, a vontade e a loucura de poder, não existia um mundo onde Davina seria tratada com dignidade ou, um lugar onde poderia reencontrar Rowan.

Foi loucura agir, mas tinha que acontecer. Aelin, a feérica no caixão, parecia assustada quando Davina surgiu, mas, seu coração batia tão forte e desesperadamente que a garota há muito aprisionada murmurou:

— Rowan... Rowan pode voltar?

De olhos arregalados, a prisioneira ofegou dentro do caixão, como se a ideia de Rowan nessa fortaleza, fosse assustadora, e, de fato era.

— Maeve... — Davina disse em um sussurro, sentindo os olhos lacrimejarem com a garganta seca. — Maeve disse que o trará de volta.

Aelin se moveu, batendo o corpo em todas as laterais, se revirando como sua própria alma deveria estar fazendo. Davina se ajoelhou ao lado, agarrando o caixão, ela olhou diretamente nos olhos de Aelin e falou mais alto:

— Diga-me se ele voltará, ilumine esse caminho.

Ilumine... Por favor, estou prestes a implorar. Davina faria, se fosse necessário. Uma bola de ar se prendeu na altura da garganta, responda, Aelin! Por favor. Lágrimas chegariam em breve e o medo também, a covardia... Dentro de sua alma escura e vazia, existia uma vela, pronta para ser acesa, implorando por uma faísca, ela admitiu um fato que nunca teve coragem de falar alto:

— Quero sair daqui, Aelin...

A parte traseira de sua cabeça estalou no chão, o som do ferro tremeu seus pensamentos, tornando sua confissão um fiapo de voz no ar misturado com seu grito. De súbito, tentoi se levantar, porém, a coleira ligada à sua coleira, foi puxada.

— Eu sabia... Sabia que você faria algo. — As mãos largas e ásperas apertaram os ossos saltados da cintura. — Muito previsível, ratinha. Rowan ainda acende algo em você...

Cairn chutou a porta, o som estrondoso fez o lugar tremer, logo, Davina foi jogada sobre o caixão aberto, os murros de Cairn obrigando seu corpo a ficar arqueado. Não! Ela pensou quando sentiu a máscara cair, e logo em seguida, sua roupa ser rasgada. Choque frio estava em seu rosto sério, olhando para Aelin como se pedisse algo, um fiapo de dignidade.

Vou tirar você daqui. Aquele olhar cheio de lágrimas dizia, gritava para Davina. Vou te tirar daqui!

A vela se acendeu.

××××

Não existiu misericórdia ou alguma pausa. Depois de sua alma ser gravemente ferida com o abuso diante dos olhos de Aelin, Cairn novamente prendeu a máscara no rosto de Davina, e a arrastou impiedosamente pela fortaleza até chegar a prisão de ferro. Naquele lugar, onde a escuridão tomava conta, existiu mais do que chicotadas, ele se divertiu a socando e chutando, outras vezes a levando ao limite do sufoco, e, no fim, Cairn brincou com as facas.

Império Das Sombras | 𝐅𝐞𝐧𝐫𝐲𝐬 𝐞 𝐆𝐚𝐯𝐫𝐢𝐞𝐥Onde histórias criam vida. Descubra agora