Especialistas em nos esbarrar

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PEDRO RAUL 

Enquanto seguia em direção ao CT, refletia sobre as palavras trocadas com Luíza no dia anterior. Embora tenhamos conseguido resolver as pendências pendentes, havia muito mais que não foi dito. Compreendia que, afinal de contas, não éramos amigos próximos, não tínhamos razão para compartilhar mais do que já tínhamos dito. No entanto, aquilo me levantou uma questão: e agora, como ficamos? Não somos amigos, certo? Ponderava comigo mesmo, tentando entender a dinâmica da nossa relação.

Deveria tentar uma aproximação com Luíza ou seria suficiente um simples "oi" e "bom dia"? Sentia uma sensação estranha, uma espécie de receio ao pensar em encontrá-la. A incerteza pairava no ar, deixando-me inquieto sobre como deveria agir ao vê-la.

Ao chegar no CT, distraído em meus pensamentos, acabo esbarrando em alguém e, para piorar, a pessoa estava segurando um copo de café, que acaba derramando em nós dois. Meus olhos se abrem em surpresa e vergonha ao perceber que era Luíza.

— Desculpa! Desculpa mesmo! — gaguejo, preocupado com o ocorrido.

Luíza parece entender minha reação e começa a rir, misturando nervosismo e embaraço. Seu riso contagiante me faz relaxar um pouco e logo me junto a ela na risada.

— De novo esse encontro desajeitado? — comenta, ainda rindo.

— Parece que somos especialistas em nos esbarrar, não é mesmo? — respondo, tentando amenizar a situação.

Ela concorda, ainda sorrindo, enquanto nos livramos do excesso de café com alguns pedaços de papel que encontramos por perto. Apesar do pequeno contratempo, a atmosfera entre nós parece mais descontraída.

— Vamos torcer para que os próximos encontros sejam menos... molhados — ela brinca, fazendo referência ao incidente.

Concordo com um aceno de cabeça. Aos poucos, a tensão inicial se dissipa, substituída por uma sensação de leveza.

— Se você quiser, tenho algumas camisetas extras na minha mochila — aponto para minhas costas.

— Não se preocupe, Pedro. Está tudo bem. Não é a primeira vez que me sujo durante o trabalho, e provavelmente não será a última — responde ela, com um tom descontraído.

— Tudo bem, então. Mas se precisar de uma camiseta limpa, é só avisar — digo, tentando manter o clima leve.

Luíza agradece pelo gesto e nos despedimos, cada um seguindo para suas atividades no CT. Mesmo com o incidente do café, a interação descontraída com Luíza me deixou mais à vontade. 


Ao notar Pec olhando intermitentemente entre Luíza e eu, começo a ficar curioso sobre o motivo do seu olhar intrigado. A cada vez que ele repetia esse movimento, o seu sorriso aumentava. Foi então que finalmente percebi o que estava chamando a sua atenção: as manchas de café em nossas camisas.

Pec não consegue conter sua gargalhada alta e contagiante, rindo da situação de forma escandalosa. Decido me aproximar dele, dando um leve tapa em sua nuca, pedindo para que seja mais discreto. Por mais engraçada que a situação seja, não queremos chamar muita atenção.

— Segura a risada, cara! Não precisa fazer um espetáculo disso — sussurro para ele, tentando controlar minha própria risada.

— Só me diz por favor que você não quebrou mais uma câmera dela — provoca Pec, divertindo-se com a situação.

— Ah, Pec, cala a boca — respondo em tom de brincadeira. Ele continua rindo, parecendo se divertir ainda mais com minha reação.

— Não quebrei mais nada, mas já notou, né? — digo, apontando para as manchas em nossas camisas.

Um amor que se revela nos campos e nas imagens - Pedro RaulOnde histórias criam vida. Descubra agora