Um amor que se revela nos campos e nas imagens - Pedro Raul

Refúgio

LUÍZA

Sentada no sofá de casa, minha mente estava uma verdadeira bagunça. Afinal, o que estava acontecendo entre eu e Pedro? 

Por um lado, eu sentia uma tensão entre nós, como se houvesse algo a mais do que apenas amizade. Seus gestos carinhosos e sua preocupação comigo me faziam pensar que poderia existir um sentimento especial crescendo ali.

No entanto, eu me pegava duvidando disso também. Pedro era incrível, admirado por muitos, e eu me via apenas como uma fotógrafa comum, sem grandes atrativos. Como alguém como ele poderia se apaixonar por mim? Aquela vozinha interna de insegurança me fazia rir de mim mesma, dizendo que eu estava apenas imaginando coisas.

Essa ambiguidade de sentimentos me deixava em conflito. Por um lado, queria acreditar que algo especial estava acontecendo, que talvez houvesse uma chance para nós. Por outro lado, minha autoestima me puxava para baixo, me lembrando das minhas limitações e me fazendo questionar se realmente valeria a pena sonhar com algo além da amizade.

Enquanto eu tentava entender meus sentimentos em relação a Pedro, também tinha tantas outras preocupações pesando em minha mente. O fato de ter passado mal por dois dias consecutivos era um sinal claro de que minha saúde não estava bem, e eu precisava parar de negligenciar isso. 

A correria diária me impedia de me alimentar adequadamente, e quando conseguia algum tempo, priorizava o descanso, pois sabia que, sem um mínimo de sono, não conseguiria dar conta de todas as minhas responsabilidades.

Minha vida estava uma verdadeira bagunça, entre dois empregos, a faculdade, a casa, a comida e as roupas para lavar, mal tinha tempo para mim mesma. E o que me incomodava ainda mais era o fato de não ter uma companhia para dividir tudo isso. 

Elisa, minha melhor amiga, era uma pessoa maravilhosa e sempre se mostrava presente, mesmo que digitalmente. No entanto, suas próprias demandas diárias eram tão intensas quanto as minhas, e acabávamos tendo pouco tempo para conversar com a profundidade que gostaríamos. Além disso, certas dificuldades e inquietações eu preferia tratar olho no olho, em uma conversa cara a cara, pois as palavras escritas não expressavam completamente o que eu sentia.

Com a preocupação com minha saúde e as várias responsabilidades pesando em mim, decidi mandar uma mensagem para minha chefe na boate. Perguntei se ela poderia conseguir alguém para me substituir na noite de hoje, pois não estava me sentindo muito bem. Paula, minha chefe, prontamente respondeu e perguntou o que havia acontecido. Contei a ela sobre os episódios de mal-estar que estava enfrentando.

Para minha surpresa, ela explicou que precisaria de mais pessoas na equipe naquela noite, pois um camarote importante estaria presente na boate. Por isso, não seria possível que eu faltasse. No entanto, ela mostrou preocupação com a minha saúde e, para me dar um pouco de tranquilidade, ofereceu que eu ficasse no caixa, onde teria menos demandas físicas. 

Decidi aproveitar as últimas horas antes de ir trabalhar para descansar um pouco. Coloquei minhas preocupações de lado e me permiti um momento de paz, buscando recuperar as energias para enfrentar a noite agitada que estava por vir. 

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Após trocar de roupa e vestir o uniforme de trabalho, saí de casa. Sentia-me um pouco mais disposta, como se algumas horas de descanso tivessem feito diferença. Ri discretamente comigo mesma, imaginando como Pedro ficaria bravo se soubesse que eu estava prestes a começar meu segundo turno. Mas claro, ele não fazia a menor ideia dessa parte da minha vida.

Ao chegar lá, já pude perceber que a noite seria agitada, com um grande movimento de pessoas. Entrei pelas portas dos fundos e guardei minha bolsa no armário, preparando-me para iniciar o trabalho. Procurei pela Paula, a chefe, para receber instruções sobre as tarefas da noite. A encontrei em um canto e ela pediu desculpas por eu ter que trabalhar naquela noite, mas logo a tranquilizei, dizendo que não era um problema.