Cafezin às 5h

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LUÍZA

— E aí, bancando o irmão mais velho agora, Pedro? — brinquei, revirando os olhos de maneira teatral.

— Ah, você sabe como é, alguém precisa cuidar de você — ele respondeu com um sorriso leve.

— Que gracinha. Mas não precisa se preocupar tanto assim, já estou me sentindo melhor — ele assentiu .

— Ainda bem. Só queria ter certeza de que estava tudo bem mesmo.

— Eu entendo, e obrigada por se importar — agradeci com um aceno de cabeça.

— Alguém tem que cuidar de você, não é? — deu de ombros, brincando.

— É, parece que sim.

— Mas falando sério, se precisar de algo ou se não estiver se sentindo bem de novo, me avise, ok?

— Pode deixar, vou me cuidar. E obrigada por ter se preocupado — assenti, sentindo um nó na garganta.

— Sempre — ele sorriu de volta — Mas agora, acho que você merece descansar. Posso te levar pra casa?

— Você já fez o bastante, não precisa se preocupar comigo.

— Eu insisto — ele deu um leve sorriso — E não aceito "não" como resposta.

— Tudo bem, então. Obrigada, Pedro.

— Não precisa agradecer. Vamos?

— Vamos — respondi, sentindo uma mistura de surpresa e tensão no ar enquanto caminhávamos em direção ao carro. 

Durante o caminho, fomos em silêncio, e minha mente estava uma confusão só, voltando incessantemente ao dilema que eu estava enfrentando em relação ao Pedro. Uma parte de mim acreditava que poderia haver algo entre nós, enquanto outra parte ria das minhas próprias fantasias. Olhei para Pedro, buscando respostas nos seus olhos. Ele, por sua vez, alternava seu olhar entre mim e o caminho, até que finalmente quebrou o silêncio:

— Tudo bem?

Balancei a cabeça, tentando afastar meus pensamentos tumultuados, e respondi que sim. Foi difícil articular palavras, porque a tensão e a surpresa de estar com ele naquele momento ainda estavam presentes.

— Pedro, você quer passar a noite na minha casa? Fico preocupada com você andando por aí sozinho nessa hora e essa região não é das mais seguras — falei, olhando para ele com uma mistura de preocupação e sinceridade.

Ele coçou a cabeça, parecendo um pouco relutante.

— Ah, não precisa se preocupar, Luíza. Já passei por isso antes e não vai ser problema.

Insisti um pouco mais, querendo que ele entendesse minha preocupação

— Eu sei, mas eu realmente preferiria que você ficasse aqui. Além disso, você tem me ajudado muito e seria uma forma de retribuir.

Ele suspirou e olhou para a janela, como se estivesse pensando. Depois de um breve momento, ele finalmente cedeu

— Tudo bem, se é assim que você prefere, eu aceito.

— Ótimo! Vai ser mais seguro e confortável para você. 

Essa noite foi estranha. Com todas as confusões que estão acontecendo em minha cabeça em relação a Pedro, decidi que era melhor para ambos que ele não saísse à noite, principalmente por conta da cidade perigosa em que estamos. 

Parece que meu coração e minha mente estão em sintonia nesse aspecto: nada deveria ocorrer entre nós. Portanto, acabei convidando-o a passar a noite em minha casa, a fim de garantir sua segurança. Estar perto dele me traz sentimentos conflitantes, mas essa era uma escolha sensata.

Um amor que se revela nos campos e nas imagens - Pedro RaulOnde histórias criam vida. Descubra agora