Desperdício de tempo

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LUÍZA

Chegou o dia de fazer as fotos dos jogadores com a nova camisa do clube, e eu estava nervosa. Enquanto o restante da equipe se preparava para a coletiva de imprensa, eu fiquei responsável por cuidar dos jogadores que faltavam. Era minha tarefa verificar a roupa deles, aplicar maquiagem para disfarçar pequenas manchas, cuidar do cenário, ajustar a iluminação, preparar a câmera... enfim, tudo estava sob minha responsabilidade.

Eu queria garantir que as fotos ficassem perfeitas, afinal, era uma oportunidade importante para o clube e para mim como fotógrafa. Sentia a pressão nos meus ombros enquanto verificava cada detalhe, certificando-me de que tudo estivesse impecável.

Mesmo com a tensão, também sentia um certo orgulho por estar encarregada dessa responsabilidade. Era um lembrete de que eu tinha habilidades valiosas e podia desempenhar um papel importante na equipe.

Conforme os jogadores chegavam para a sessão de fotos, eu os cumprimentava com um sorriso e os orientava a se posicionar. Eu me esforçava para criar um ambiente descontraído, incentivando-os a expressar sua personalidade e paixão pelo futebol diante das lentes da minha câmera.

Enquanto eu os fotografava, sentia uma mistura de nervosismo e entusiasmo. Queria capturar a essência de cada jogador, transmitir sua determinação, talento e comprometimento através das minhas imagens.

Mesmo com todo o trabalho árduo e a responsabilidade que recaía sobre mim, eu sabia que aquele momento era uma oportunidade para demonstrar minha habilidade e paixão pela fotografia. Era minha chance de mostrar a todos, inclusive a Pedro, que eu era capaz de fazer um excelente trabalho, mesmo diante das dificuldades.

Por falar nele...

Vejo o mesmo passar pela entrada da porta. Enquanto se aproximava para fazer o ensaio, notei que ele parecia um pouco inquieto. Confesso que sua presença ainda despertava certa raiva em mim, mas o que realmente me deixou nervosa naquele momento foi sua beleza que me desconcertou.

Ele se posicionou sem dizer uma palavra, e isso só aumentou minha tensão. Olhei através da minha câmera, focando em capturar sua expressão e energia, mas também tentando controlar minhas próprias emoções. Era importante separar o profissionalismo do meu sentimento pessoal em relação a ele.

Enquanto fotografava Pedro, uma parte de mim queria transmitir toda a frustração e raiva que ainda guardava, capturando uma imagem que mostrasse o que ele havia me causado. No entanto, eu sabia que isso não seria profissional e não refletiria a qualidade do meu trabalho.

Então, mesmo com o coração acelerado e uma mistura de sentimentos dentro de mim, mantive o foco na minha função como fotógrafa. Conduzi a sessão da melhor maneira possível, guiando Pedro para poses que realçassem sua força e habilidades no campo.

Tudo parecia correr bem, até que, para minha surpresa e frustração, percebi que ele começou a mexer em seu celular. Senti-me profundamente irritada com essa atitude.

Ver Pedro distraído e desinteressado naquele momento foi desapontador. Eu havia investido tempo e esforço na preparação da sessão, e esperava que ele ao menos valorizasse meu trabalho. No entanto, parecia que ele simplesmente ignorava o que estava acontecendo à sua volta.

— Pedro, por favor, podemos focar na sessão de fotos? — perguntei e ele cruzou os braços, demonstrando sua resistência, enquanto me olhava fixamente.

— Ah, agora você se importa com a sessão? Você não parece muito interessada em me fotografar.

— Pedro, não vamos trazer nossos problemas pessoais para o trabalho. Eu estou aqui para fazer o meu trabalho profissionalmente, e espero que você faça o mesmo. 

— Não estou interessado em fingir que está tudo bem entre nós. Você sabe disso — ele diz arqueando suas sobrancelhas. 

— Não estou pedindo que finjamos ser amigos, apenas que sejamos profissionais durante esta sessão. Acredito que podemos separar as coisas.

— Parece que você está sempre querendo controlar tudo. Não estou disposto a seguir suas ordens — ele soltou um suspiro audível, demonstrando seu descontentamento.

— Não se trata de controle, Pedro. É sobre respeito mútuo e compromisso com o nosso trabalho. Se não podemos deixar nossas diferenças de lado por algumas horas, então não podemos trabalhar juntos —  Pedro soltou um pequeno sorriso irônico, balançando a cabeça negativamente. 

Seus olhos desviaram brevemente dos meus, revelando sua resistência em aceitar minha perspectiva. 

— Sabe, Luiza, você realmente acredita que suas fotos são tão importantes assim? Acha que elas vão mudar o mundo de alguma forma?

As palavras de Pedro cortaram fundo, deixando-me desacreditada. Foi um golpe direto no coração, confirmando minhas suspeitas de que ele não se importava com o que eu fazia.

— Não se trata de mudar o mundo, Pedro. Trata-se de expressão, de contar histórias, de transmitir emoções. É uma forma de arte — disse baixo, escancarando minha angustia. 

— Arte? Isso é só um hobby pra você. Enquanto eu estou treinando duro todos os dias para ser um excelente jogador, você está por aí tirando fotos.

— E qual é o problema nisso? Cada um tem sua paixão, Pedro. Não é preciso menosprezar o trabalho dos outros só porque é diferente do seu.

— Eu só estou dizendo que é um desperdício de tempo. Enquanto você está ocupada com suas câmeras, eu estou me dedicando ao futebol, me esforçando para ser o melhor.

Suas palavras revelaram uma indiferença que doeu profundamente.

— Você não entende, Pedro. Não se trata de desperdício de tempo. Eu amo o que faço, assim como você ama o futebol. Cada um encontra sua felicidade de uma forma diferente.

—Talvez você esteja certa, Luiza. Talvez eu não entenda completamente o valor da sua paixão. Mas ainda acho que o futebol é mais importante do que qualquer foto que você possa tirar.

Eu não sabia o que fazer diante dessa situação. Sentia meus olhos marejarem e, num sussurro, pedi para que ele deixasse a sala. Ele olhou para mim, um misto de surpresa e talvez até arrependimento em seu olhar, antes de sair em silêncio.

Com a sala finalmente vazia, eu me permiti sentir todas as emoções que estavam aflorando dentro de mim. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, enquanto eu tentava entender por que as palavras de Pedro tinham me afetado tão profundamente.

Eu respirei fundo, buscando forças para superar aquele momento de fragilidade. Lembrei-me de todas as vezes em que minha paixão pela fotografia me trouxe alegria e realização. Lembrava das pessoas que se emocionavam ao verem minhas fotos, dos momentos capturados que nunca se repetiriam.

Eu sabia que precisava encontrar minha própria validação, independentemente das opiniões dos outros. Não era sobre Pedro entender ou valorizar o meu trabalho, mas sim sobre eu acreditar nele com todo o meu coração.

Reuni minhas forças e, com determinação, limpei as lágrimas do meu rosto. Sabia que precisava seguir em frente e continuar a fazer o que amava. Não deixaria que as palavras de Pedro abalassem minha paixão e comprometimento com a fotografia.

Com um novo senso de determinação, peguei minha câmera e comecei a analisar as fotos que já havia capturado. Ainda havia muito trabalho pela frente...

📷

Olá galera!!! E essa discussão em???? 

Vocês estão do lado de alguém? rsrs conversem comigo, adoro bater um papo...

Bye bye bye Barbieri 🙌 

Um amor que se revela nos campos e nas imagens - Pedro RaulOnde histórias criam vida. Descubra agora