Capitulo dois- Meio.

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-Outono

Já tinha parado de contar quantas brigas tinha se metido naquele mês, talvez a decima? Bom, não importava, apenas queria parar de ouvir insultos e piadinhas dos colegas de classe sobre sua relação com o Dazai, que nem era grande coisa, dois homens não podem ser amigos? E mesmo que não fossem isso lá se dizia respeito deles? Odiava ter que conviver com aquele tipo de gente. O menor adentrava a sala que já estava ocupada pelo velho conhecido. E assim como todas as outras tardes, passavam em silêncio curtindo a companhia um do outro, e claro, de vez em quando um insulto ou piadinha da parte de ambos, era rotineiro, uma rotina que Chuuya agradecia por seguir todos os dias. Depois de escutarem o ultimo sinal da escola que avisava que já estava na hora de fecha-la foi que Dazai abriu a boca:

-Vai fazer algo?-Apenas ir para casa, por que?-Quero lhe levar em um lugar.

O ruivo arqueava a sobrancelha, um lugar? O que será que aquele idiota tinha na cabeça? Porém, não foi relutante, apenas deu de ombros e observou os olhos castanhos do mais alto brilharem, tsc, como poderia ser tão besta?. Caminhavam sobre as ruas movimentadas até pararem em um...bar? aonde aquele merda estava com a cabeça?

-Tcharam! Gostou?.- Dizia orgulhoso com as mãos na cintura.-Vai, eu sei que gostou.-Dazai...- A pausa longa só o fez ficar mais animado.

- Você tem o que na cabeça? Ninguém vai deixar a gente comprar bebidas aqui.

-Bom, isso é o que você pensa.- Um sorriso malicioso bordava os lábios rosados do garoto.- É um conhecido do meu pai, fica calmo.

Chuuya ainda desconfiado se sentou em uma cadeiras esperando o mesmo, que não demorou muito para aparecer com uma sacola de papel mache em mãos. A única coisa que o mesmo não esperava era um homem de porte médio com um bigode mal feito sair berrando aos prantos do estabelecimento.

- VOLTE AQUI MOLEQUE MIZERAVEL!!!

Os olhares se encontram e o ruivo já sabia o que havia acontecido, Dazai realmente tinha merda ao invés de um cérebro. Correram, mas correram por muito tempo até que chegaram a parte do porto vazio, pelo menos estavam seguros, por enquanto. Chuuya com as mãos no joelho tentava retomar o folego enquanto Dazai estava estirado no chão com a sacola sobre o peitoral que subia e descia em busca de ar.

-Porra, você não havia dito que era de um conhecido da sua família?!

-Claro, ele é o rival do meu pai.- A risada daquele maldito era tão...gostosa de se ouvir.-Uma adrenalina é bom para nós manter acordados. E ele merecia!

E assim os dois adolescentes ficaram por horas e horas jogando conversa fora e dividindo uma garrafa de vinho barato. Naquelas horas de intimidade Chuuya se sentia bem, feliz e livre para ser ele mesmo, ele gostava de Dazai, não podia mentir para si mesmo todo tempo. Mas, uma duvida eminente permanecia em seus pensamentos.

-Por que fez isso?- Perguntava deixando a garrafa em sua frente.- Poderíamos ter levado uma surra daquele homem.E novamente aquele merda abria o sorriso mais belo de todos acompanhado de uma risadinha sacana.

-Você havia comentado que gostava de vinhos, lembra?

Apenas uma frase ecoava em sua mente agora...''maldito de merda.''



-Inverno

Particularmente odiava aquela época do ano, família junta, pessoas falsas fingindo sorrisos e mentindo sobre o ano ter sido algo maravilhoso e incrível. Porém por outro lado com as nevascas e o cancelamento de aulas por tempestades de neve podia passar mais tempo com o melhor amigo saindo por ai, a única coisa que odiava era quando Dazai o levava para exposições de arte, era uma chatice que só, haviam até sido expulsos de uma galeria pois Chuuya havia berrado algum palavrão que nem se lembrava.

-Você viu que quadro lindo?.- Comentava Dazai alegre após uma exposição de um artista francês que o ruivo nem fez questão de se relembrar.- Sem contar que tinham tantas informações, não sei como você pode ser tão tapado para arte.

-Vá a merda vá.

Andavam sobre a cidade enquanto as luzes e piscas-piscas se acendiam, odiava o natal mas não podia negar que aquela decoração era linda. Estava tão entretido em seus pensamentos sobre a rua que nem sentiu a destra do garoto mais alto encostar e puxar seu corpo para mais perto, o que aquele maluco tinha na cabeça de fazer algo tão abertamente assim em publico?

-Ta ficando maluco, porra?!- Chuuya berrava enquanto Dazai abria um sorriso daqueles que o mesmo odiava...era tão belo.-Eu estou falando serio.

-Quero dançar contigo, Chuuya.- Respondia simplório.- Essa música é tão linda.

E foi aí que o menor percebeu o que estava tocando, ''It's Been a Long, Long Time'', e sinceramente...aquela era a melhor coisa que Chuuya poderia estar vivendo. O estabelecimento no qual parecia um pequeno barzinho de rua estava parcialmente vazio, apenas alguns bêbados e casais que estavam presos em seus próprios mundos, assim como os dois adolescentes ali. O ruivo poderia jurar que seu coração e suas pernas iriam parar de funcionar, se não fosse por Dazai segurar sua cintura daquela forma tão forte ele poderia derreter ali na hora. Neste momento todo seu orgulho e pose de marrento se foi ao seu olhar se encontrar com o do mais alto, aquele maldito sorriso, aquele maldito perfume...aquele maldito homem. 

O lugar aos poucos se tornava mais quente, poderia até esquecer que estavam no inverno se não fosse pelos pequeninos flocos de neve que pintavam a rua e consequentemente caíam sobre os fios escuros do garoto a sua frente...aquela era a magia do natal? Aquilo era felicidade? Chuuya queria que aquele momento fosse eterno, porém, ao ouvir o último acorde do trompete e sentir Dazai parar de guia-lo seus pensamentos voltaram a ''Vida real'' fazendo-o fechar a cara e voltar a sua falsa pose de machão.

-Eu te odeio.

-Eu também te odeio, Chuuya.

Ambos sabiam que aquilo era mentira.

Mas, do outro lado da rua no mesmo bar, estavam dois amigos adultos conversando sobre a vida, ou melhor, reclamando. Um deles, era um jovem fotografo que havia sido informado que se não conseguisse um furo de reportagem significativo até o final do mês, seria demitido. Claro, não podia nem brincar em perder aquele emprego! Ainda estava terminando a faculdade e havia sido expulso de casa após seus pais rígidos terem descobrido sobre sua sexualidade.

E foi em um momento em que notou os jovens dançando em que teve uma ideia.

-Aquele não é o filho dos Nakahara?

-Sim, por que?.-O colega de mesa perguntava.-Não vai dizer que..

.-É minha chance!! Imagina se descobrissem sobre isso?

-Mas.-O outro homem dizia.-E vai estragar o final de ano deles? Imagino o tipo de comentários que iriam receber.

-É isso ou morarei na rua.

E foi com aquele simples clique da câmera do rapaz em que a vida dos dois jovens iriam mudar drasticamente.

Do you remember me? ( soukoku )Onde histórias criam vida. Descubra agora