4°Capítulo: Machucados

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Thanatos se encontrava sendo agarrado por um dos assistentes de Hades enquanto Hecate, conhecida por ser o braço direito de Hades, tentava limpar o sangue com um algodão umedecido.

—Thanatos, pelos deuses, fique parado! –Pedia Hecate enquanto um grande homem segurava os pulsos de Thanatos.

—Está me machucado Hecate! –Anunciou Thanatos, se debatendo para soltar-se das mãos do homem grande. —Eu posso fazer isso sozinho!

—Cala boca e me deixe tirar isso da sua cara! –Hecate estava praticamente em cima dele, agarrando seus braços por cima de sua cabeça. Os dois jogados no sofá azul.

A porta se abriu lentamente, Hades observava aquilo com certo desgosto.

—Hecate, saia de cima dele, e solte o garoto. –Pediu Hades. —Pelos deuses, pedi apenas para vocês cuidarem dos machucados já existentes, não fazerem novos!

Hades ajudou Hecate a se ajeitar em pé, logo em seguida Thanatos tentou se levantar, mas o grande homem o agarrou pelo braço esquerdo, o menino choramingou.

Os curtos cabelos de Hecate estavam bagunçados, a franja estava para trás. A deusa da magia suspirou, se ajeitando.

—Não sou paga para isso Hades. –Anunciou ela, deixando rapidamente o local, sendo seguida pelo homem desconhecido. —Não sei lidar com crianças! Por isso pare de contrar pirralhos!

Thanatos tinha um bico formado em seus lábios, como se aquilo fosse a coisa mais dolorosa existente no mundo. Hades se virou para ele, com pura indignação.

—Quando anos você tem? –Perguntou Hades, em tom de sarcasmo. —Cinco?

Thanatos se encolheu.

—Estava doendo. –Tentou defender-se Thanatos. —E bastante!

Hades puxou Thanatos para o sofá novamente, fazendo o menino se sentar, suas mãos finas e pálidas foram diretamente para as almofadas de pelinho que tanto gostava.

—Vou cuidar disso, e quando chegar  casa você toma um banho quente e conversamos melhor sobre os acontecimentos. –Hades abriu a caixa de primeiros socorros.

—Já conversamos sobre Hades, não temos mais o que falar sobre! –Indagou Thanatos imediatamente.

Hades passou o algodão no primeiro corte na bochecha do garoto, ele gemeu de dor, sentindo o algodão umedecido em contado ao machucado. Thanatos tentou levar os dedos finos para o corte, Hades deu uma leve batida neles, o garoto reclamou.

—Pare agora mesmo. –Aconselhou Hades concentrado em limpar o sangue no rosto de Thanatos. —Sorte sua que não foi fundo pirralho.

Thanatos revirou os olhos.

—Eu estou bem!

Os lábios estavam inchados e muita rachados. Hades bufou.

—Vou pedir para Mittyns trazer um pouco de gele para colocar ai.

Thanatos não questionou de forma alguma, seus olhos evitavam contato com Hades. Sentiu seus costas doerem, se ajeitou novamente, Hades ergueu seu corpo para trás, observando o menino com uma careta estranha.

—Está doendo o que? –Exigiu saber o adulto.

Thanatos deu de ombros indiferente.

—Minhas costas doem, nada de mais. –Disse Thanatos. —Minha postura é horrível.

—Sua postura é impecável garoto, eu que te criei! –Rebateu Hades rapidamente. —O que aconteceu?

—Nada. –Mentiu ele, mas desistiu ao lembrar que quem estava ali era Hades, o mesmo Hades que cuidou de cada ralado dele e o ensinou tudo que ele sabia. Era ridículo tentar esconder qualquer coisa dele. —Richard me derrubou no chão.

Hades bufou, olhou o garoto em sua frente, e levou as mãos até a cabeça.

—Por Zeus! –Hades se levantou. —Como deixou um mortal de derrubar?

Thanatos ergueu a sobrancelha, surpreso.

—Está preocupado com isso? –Thanatos estava indignado, ele tinha sido arremessado ao chão e era aquilo que deixava Hades irritado?

—Thanatos, você é a personificação da morte, alguns te chamam de anjo da morte e você é derrotado por um mortal? –Hades cruzou os braços. —Estou terrivelmente decepcionado!

—Vem cá você não tem que cuidar dos seus cachorros não? –Thanatos se levantou, jogando a almofada no sofá.

Hades revirou os olhos.

—Eles estão na creche! –Respondeu Hades, como se fosse óbvio.

Thanatos riu com deboche.

—Você é o deus do submundo, deus dos mortos. Você é literalmente o rei do submundo e seus cachorros estão em uma creche canina?

—Mais respeito criança, eu criei você!

Thanatos novamente revirou os olhos.

—Quero voltar para minha casa! –Thanatos exigiu, logo depois bateu o pé no chão.

Hades o olhou dos pés a cabeça.

—Você está sobre a minha supervisão, de novo. –Hades se virou, pronto para sair da sala. —Então, pode para de birra.

—Não quero ficar com você! –Exclamou ele, os cabelos brancos caindo em seus olhos. —Eu quero voltar para a minha casa, agora! –Novamente bateu o pé no chão.

Hades suspirou, na tentativa de se acalmar, ele estava acostumado com as birras do anjo da morte, porém não deixava de ser estressante.

Thanatos continuava insistindo em voltar para a casa no Brooklyn. Hades de forma inconveniente pegou o garoto pelo braço e o puxou para a poltrona mais próximo, sentou-se, deixando Thanatos sentado em seu colo. O garoto se revirou sobre o aperto do deus do submundo, uma das pernas de Hades passaram por cima das suas, o prendendo em uma posição nada agradável. Em questão de segundos cinco tapas foram depositados nas nádegas, essas cobertas pela calça jeans preta do menino.

Hades o soltou rapidamente depois disso, Thanatos tinha as bochechas xoradas num tom azulado, os olhos arregalados e lacrimejando. Os lábios começaram a tremer.

—Não vai começar a chorar, pelo amor dos deuses! –Hades colocou a mão no ombro de Thanatos, este que já estava deixando as lágrimas caírem pelo seu rosto fino e infantil. Hades suspirou. —Nem foi forte Thanatos, se recomponha. –Ele começou a soluçar.

Puta que pariu.

Hades que já estava com uma das mãos no ombro pequeno de Thanatos o puxou para perto, o mais jovem o agarrou com força, chorando livremente no peito do deus dos mortos.

—Já passou, shhh. –Sussurrava Hades. Mas nada adiantava para faze-lo parar de chorar. —Passou, já passou...

Som de chuva, do lado de fora caiam gotas grossas e rápidas. O céus completamente fechados, cinza escuro prevalecia lá em cima, e o choro do menino se misturava aos poucos com as gostas batendo nas janelas.



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