Thanatos entrou do grande carro de Hades, estava quieto e de cabeça baixa, o sangue em seu rosto agora estava completamente seco. O céu lá fora estava se fechando e ameaçando chover. Hades estava de cara fechada e obviamente irritado.
—O que tinha na sua cabeça quando bateu naquele gatoto? –Perguntou Hades assim que parou o carro em um semáforo não muito distante.
Thanatos deixou a cabeça cair no banco de couro.
—Eu fui inconsequente Hades, me desculpe. –Soltou Thanatos. —Não pensei, quando ele estava em cima de mim e-eu, eu só queria sair de lá. É todo dia a mesma coisa, não aguentava mais ele falando da minha mãe.
—O que ele dizia sobre Nyx? –Quis saber Hades. —Ela se perdeu no mundo mortal, não quer dizer que ela não seja boa no que faz.
—Chamavam ela de viciada, álcoolatra, você sabe, o básico. –Thanatos suspirou. —Nunca passei muito tempo com ela, achei que quando saíssemos do submundo ela iria prestar mais atenção em mim, não sei. Mas parece que isso só a deixou mais distante, assim como meu pai, nem me lembro dele. –Thanatos se virou para Hades, os cabelos do menino eram totalmente branco, quase platinados, e estavam caindo sobre seus olhos. Seus cabelos normalmente ficavam presos num coque, mas depois da briga ficou muito solto.
O sinal ficou verde.
—Sabe que Nyx sempre foi meio desligada de você, mas isso não quer dizer que ela não te ame. –Hades continuou dirigindo enquanto falava.
Thanatos o cortou depressa.
—Então quer dizer o que? Ela nunca se quer me disse isso, nunca me disse uma simples "eu te amo"! Nyx sempre fez o possível para ficar longe de mim, e sempra fará. Ela não me vê como filho, e nem me quer como filho Hades. Por que você não consegue ver isso?
Hades soltou um suspiro triste, seus olhos não estavam em Thanatos, mas sim na estrada.
—Você vai ficar comigo, tudo bem? –Hades contou enquanto virava uma curva no final da rua. —Por questão de segurança. Aliás, você ainda tem um emprego comigo.
Hades deu um pequeno sorriso para o menino ao seu lado. Thanatos ergueu os olhos, e sorriu.
O caminho para a empresa de Hades foi longo, havia bastante trânsito em Nova York aquela hora da tarde, na verdade, sempre tinha muito trânsito. O prédio era gigantesco, deveria ter centenas de andares, se aquilo eta possível.
—Bem-vindo a empresa Underworld! –Disse Hades assim que saiu do carro.
Era um prédio muito grande, na cor preta, janelas tão escuras que se era impossível ver o que tinha dentro. Mas tinha um lindo jardim, com rosas e flores de romã.
—Perse adora passar um tempo nos jardins da empresa nas pausas que temos. –Hades explicou com um sorriso bobo. —Ela enfeitou bem nosso exterior, e principalmente o interior. Venha, vamos entrando. Zeus não está muito alegre hoje.
Ali fora um trovão estourou não muito longe, sinal que de que uma grande chuva estava por vir.
—Parece que alguém esqueceu de preencher a papelada... –Brincou Thanatos olhando para os céus.
Hades riu levemente.
—Seja muito bem-vindo, novamente.
Thanatos sorriu, por muito tempo não se sentia feliz, estava animada de estar ali. Thanatos adorava cada segundo que passava em seus trabalhos no submundo.
Um jovem adulto corria cheio de papéis pelos corredores, e deixou na mesa da secretaria. Uma mulher um pouco velha, cabelos vermelhos e vestes formais.
—Hermes cuidado com isso! –Berrou a secretaria.
Hermes bufou em resposta.
—Olá Hades! –Disse passando rápido pela porta da frente, mas se virou bruscamente e sorriu. —O filho pródigo voltou!
Thanatos revirou os olhos, e bufou.
—É de passagem!
—Se acredita nisso. –Hermes debochou, mas sorriu, logo em seguida, desapareceu.
Hades guiou Thanatos pelos corredores, estavam no elevador em silêncio, ao som de alguma sinfonia de Beethoven.
—O que vamos fazer? –Perguntou Thanatos, os olhos estavam brilhando de empolgação.
—Você vai ficar na minha sala, sem encontrar em nada garoto. –As porta do elevador se abriram, e os dois caminharam para a sala de Hades.
—O que? Não! Hades, eu deve ter algo para fazer! Só uma papelada sei lá, posso guiar as almas! –Hades riu fortemente.
—Thanatos, você não está merecendo isso. Não agora.
Quando entraram na sala de Hades, Thanatos sentiu um frio na barriga, ele sorriu.
Era uma sala gigante, janelas de vido pretas enormes que ocupavam a sala inteira. Uma mesa e cadeira igualmente grandes, escuras, papéis se espalhavam pela mesa, até mesmo por cima do teclado do computador.
Thanatos se jogou no sofá azul escuro. Era confortável, e tinha almofadas de pelinho! Ele adorava aquelas almofadas mais que tudo!
—Vai ficar quietinho ai no seu cantinho tão adorado enquanto termino minha reunião, está bem? –Hades cruzou os braços quando Thanatos não o respondeu.
—Por que não posso ir com você? Tenho certeza que posso ser bem útil. –Pediu Thanatos, os olhos grandes se assemelhando aos de um coelho filhote.
Hades balançou a cabeça negativamente.
—Nada disso. –Thanatos bufou e cruzou os braços. —Você vai ficar aqui, e não vai destruir nada.
—E o que espera que eu faça aqui? –Questionou Thanatos, deixando claro sua indignação.
—Vai ficar aqui, quieto, vendo alguma coisa na TV. –Hades ligou a televisão com o controle, e jogou para Thanatos, que pegou meio desengonçado. —Igual quando você era pequeno. Estamos entendidos?
Thanatos assentiu, revirando os olhos. Hades sorriu.
—Muito bem, alguém vai vir te ajudar com o seu rosto.
—Posso cuidar disso sozinho.
—Nós dois sabemos que não, você é um chorão.
Thanatos corou brutalmente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em milênios de anos
ChickLitQuando Thanatos acaba se enfiando em uma briga na escola com Richard Scott, um garoto mimado por seus pais e extremamente ignorando. E agora Hades se vê preso, novamente, na criança, a criança que é a própria personificação da morte, Thanatos. Para...