6°Capítulo: Mesa para três

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Thanatos estava no banco de trás, enquanto Persephone dirigia e Hades estava no banco do passageiro. Aquilo deixou ele um pouco enfurecido, Hades não o deixava nem sequer tocar naquele carro!

Persephone e Hades conversavam animados e extremamente apaixonados, aqueles meses que não se viam eram os piores para ambos, Thanatos sentia que as flores não pareciam muito felizes quando estavam separados.

—Apolo estava extremamente falante nesses últimos dias que fiquei no Olimpo, pelos deuses, quase matei ele. –Contava Persephone enquanto dirigia. —Mas acho que ele iria continuar falando mesmo assim.

Hades riu.

—Tenho certeza que sim, amor. –Hades pegou a mão de Persephone, ela virou para ele e sorriu.

Thanatos revirou os olhos, tentando ignorar o casal meloso em sua frente. Virou a cabeça para janela, já parara de chover, havia várias possas de água na estrada. A viagem até o restaurante não demorou tanto quanto ele pensara, e agreceu muito por isso, não suportaria ver os mais velhos naquela apaixonite.

Sairam do carro, deixando as chaves com um homem alto e magro, esse que levou o carro para algum lugar que Thanatos não saberia dizer. Persephone e Hades ainda coversavam sem parar, as mãos do deus não soltaram por nenhum instante a de sua deusa. Bom, e muito menos o ombro de Thanatos, como se não quisesse que o garoto fugisse.

—Uma mesa para três! –Pediu Persephone.

Uma moça, que aparentava ter a idade humana de Persephone os guiou para uma mesa no centro do restaurante humano, aquilo deixou Thanatos um pouco desconfortável. Aquele restaurante estava lotado, barulho por toda parte e pessoas por toda parte, almas por toda parte.

—Vamos colocar fogo aqui e coletar as almas? –Perguntou Thanatos assim que se sentaram na mesa para quatro pessoas.

Persephone fez uma careta, mostrando que a deusa não gostou nada de sua fala. Hades apenas sorriu minimamente para ele e negou.

—Deixe o trabalho de lado, só viemos aqui para jantar. –Disse o rei do submundo.

Persephone concordou.

—Como estão as coisas? –Perguntou a rainha do submundo para a personificação da morte.

Thanatos deu de ombros.

—Normal. –Respondeu preguiçosamente.

—Thanatos se envolveu em uma briga na escola, rolou até socos. –Expôs Hades pegando o cardápio recém entregue.

—Pensei que não iamos mais falar disso meu caro chefe! –Respondeu Thanatos ignorando o cardápio posto em sua frente.

—Vamos deixar as formalidades de lado, Tye! –Pediu Persephone, ela usou o apelido ridículo que usavam quando ainda trabalhava com Hades.

Thanatos fez uma careta feia de desgosto, não entendia o que estava acontecendo.

—Minha genitora me deixou com vocês assim que eu podia ficar sentado! "Meu filho vai servir você!" Fala sério, por que estamos aqui? Nada disso faz sentido Hades! –Thanatos falava baixo, mas sua indignação era perceptível por qualquer um que visse.

Hades deixou o cardápio na mesa lentamente, olhou para o menino em sua frente.

—Eu te ensinei tudo o que sei Thanatos, você é meu melhor empregado, não posso perder meu melhor coletor de almas!

Persephone virou para o marido, depois revirou os olhos, indignada, mas nada disse.

—Vamos deixar isso de lado e jantar, sim? –Persephone chamou a atenção para si.

—Como você quiser. –Hades sorriu dócil para ela.

Thanatos olhou o cardápio, só tinha coisas estranhas que não estava mais acostumado a comer. Quando criança até sua adolescência foi criado por Hades, frequentava os mesmo lugares que o rei e rainha do submundo frequentavam. Mas quando cresceu, e se frustou com seu chefe, partindo da empresa Underworld, e voltando para a casa Nyx, na qual teve que ir para aquela instituição ridículo.

—Eu quero um suco de laranja. –Disse Thanatos meio sem saber o que deveria fazer.

Hades o olhou.

—E para comer? O que você vai querer? Tem muitas coisas, você se lembra de quando vínhamos aqui? –Hades sorriu para ele. —Você adorava as sobremesas...

Persephone o cortou.

—Hades, querido, vamos com calma. –Pediu a deusa.

Thanatos não sabia o que pedir, olhava aquele cardápio com coisas caras e estranhas, elas já não foram estranhas para ele mas agora, agora eram desconhecidas.

—Eu não sei. –Thanatos olhou para o casal, o olhar confuso. —Podem escolher por mim? Estou muito indeciso.

Persephone o olhou chateada.

—As massas são ótimas! –Disse Hades, ele apontou para o cardápio. —O número 24 era o seu favorito.

Thanatos olhou o número 24, se lembrou brevemente dele, macarrão ao molho branco com brócolis e cubos de frango.

—Vou querer esse. –Concordou Thanatos.

Hades riu.

No jantar tudo ocorreu bem, Persephone e Thanatos riram juntos, o que era difícil, pois o menino sentia uma rivalidade constante com ela pela atenção e aprovação de Hades. Persephone contava as fofocas do Olimpo daqueles últimos meses, e Hades e Thanatos ficavam de boca aberta. Aparentemente Zeus tivera traido novamente Hera.

Na volta para casa quem dirigiu foi Hades, a noite caia, as estrelas brilhavam lá fora. Thanatos bocejou assim que entrou no carro, deixou sua cabeça cair no encosto do banco de trás, se encolheu, assemelhando-se muito a uma bolinha humana.

—Ele dormiu. –Contou Persephone assim que os portões da casa se abriram. —Não vamos acorda-lo.

Hades concordo retirando a chave.

—Vou levar ele e você abre a porta de casa, pode ser? –Hades foi em direção a porta de Thanatos e a abriu.

Persephone foi rapidamente abrir a porta da casa, acendeu uma das luzes da entrada.

Hades delicadamente passou as mãos por baixo de Thanatos, tentando não acordar o pequeno deus. O corpo dele foi facilmente levantado pelo deus do submundo, a cabeça caiu nos ombros de Hades. Persephone sorriu levemente de onde estava.

—Cuidado. –Pediu Persephone assim que Hades levou Thanatos para o antigo quarto.

Ao ser colocado na cama, se encolheu para o lado direito, um dos dedos foi levado até a boca. Persephone abriu o armário retirando uma das roupas antigas de Thanatos, um short de moletem preto e uma camiseta branca de manga comprida.

—Vou tentar troca-lo e você pode ir se ajeitando para dormir. –Hades pegou as roupas que Persephone pegara.

—Talvez você vá precisar de ajuda.

—Ele está mole de sono, está tudo bem querida. –Ele sorriu.

Por incrível que parecesse aquilo já tivera acontecendo muitas e muitas vezes, e mesmo assim Thanatos sempre surtava, todas as vezes, sem exceção.

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