A casa de Hades sempre fora para grande para Thanatos, principalmente quando ele era menor, quando tudo parecia grande de mais para suas pequenas mãos.
A chuva ainda caia brutalmente lá fora, deixaria resquícios até o dia seguinte. As árvores balançavam com ferocidade, e folhas de árvores e pedaços de jornais voavam com o forte vento.
—Persephone chegará pela noite. –Contou Hades assim que Thanatos saiu do banho, os cabelos aindo molhados e caindo em seus olhos. —Ela irá jantar conosco, e está com saudades.
Thanatos soltou um murmuro inaudível.
—Duvido muito disso. –Ele jogou os cabelos longos, que batiam em seus ombros, para trás.
Hades ajeitou as próprias roupas, um pouco constrangido.
—Ela está mesmo, faz tempo que não te vê... –Ele se virou para encarar o jovem menino, em seguida fez uma careta de desgosto. —Seus cabelos estão muito molhados, e pingando.
Thanatos deu de ombros, indiferente.
—Vai molhar sua blusa. –Hades se aproximou de Thanatos e pegou a toalha que estava em suas mãos. —Se sente, vou secar o seu cabelo do jeito certo.
Thanatos voltou para o banheiro e se sentou na privada. Hades pegou a toalha e começo a passar delicadamente nos fios brancos de Thanatos, o deus dos mortos fez isso com tanta delicadeza que o jovem menino se via deixando a cabeça cair, os olhos lutando para manter-se abertos.
—Ei, Thanatos... –Chamou Hades, a voz baixa para não asustar o outro. —Ei, acorda, seu cabelo está sequinho...
Thanatos resmungou, abrindo lentamente os olhos azuis, olhou para Hades.
—O que você estava dizendo?
Hades riu, mas nada disse.
As horas foram passando lentamente, Thanatos foi deixado no mesmo quarto que ficava quando criança, e por incrível que parecesse o quarto estava igual, aquilo não deveria ser muito agradável. Sua cama continua a mesma, grande demais para alguém de seu tamanho, as roupas de cama continuavam as de tons azulados. As paredes continuavam no tom azul bebê que Persephone escolhera a centenas de anos atrás. Até mesmo sua pelúcia favorita está em cima da cama, um coelho azul claro quase cinza.
Thanatos se jogou na cama macia, sentindo o tecido e a leveza do colchão, se permitiu fechar os olhos, só por um segundo, segundo esse que foram horas.
Do outro lada da casa Persephone corria para os braços de Hades, deixando seu rosto afundar na curva no pescoço do marido, esse que tinha o sorriso mais belo que poderia existir no mundo.
—Achei que esses seis meses jamais iriam acabar! –Murmurou ele, os braços sem dar nenhum sinal de intenção para soltar a esposa. —Eu estava com tanta saudade Cara Mia...
Persephone se afastou minimamente, observando Hades, os olhos dela estavam alegres, suas mãos pequenas subiram para o rosto fino dele, o trazendo para perto de seus lábios. Hades ansiava por aquilo, sentia tanta saudade dela, se sentia tão sozinho naqueles meses, estar sem Persephone era terrível, uma verdadeira tortura para ele.
—Pensei que não iria responder minhas cartas. –Disse Persephone sorrindo.
Hades a olhou com tristeza.
—Hermes esqueceu de envia-las. –Explicou ele, tirando uma das mechas ruivas que caiam nos olhos verdes da deusa.
Persephone sorriu, o mais doce sorriso que Hades já teve o prazer de conhecer, aquele sorriso que sempre aqueceu seu coração.
—Eu te amo... –A deusa da primavera soltou, o sorriso ainda em seus lábios.
—Eu sempre vou te amar Cara Mia...
—Eu sei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em milênios de anos
Literatura FemininaQuando Thanatos acaba se enfiando em uma briga na escola com Richard Scott, um garoto mimado por seus pais e extremamente ignorando. E agora Hades se vê preso, novamente, na criança, a criança que é a própria personificação da morte, Thanatos. Para...