A minha boca tinha um intenso sabor a sal. A minha cara queimava com o sol escaldante. Abri os olhos dolorosamente e, assustada, só vi água à minha frente. Felizmente tinha o colete salva vidas vestido. O acidente...
Toquei com as pernas em algo. Virei-me. Jake? Tinha os olhos fechados e o seu corpo flutuava sob a água quase morna. O cabelo castanho dele ficava de um tom mais escuro estando molhado.
-Jake? Jake?-gritei desesperada. Do nada, formou-se um sorriso nos seus lábios, seguido de uma forte gargalhada. Mas o que é que...?
-Não vivias sem mim!-riu-se
-Como podes? Como podes gozar quando estamos perdidos no meio do oceano sem absolutamente nada à nossa volta? Só... água!- disse chapinhando
-Tem calma, não há nada que que possamos fazer. Não podemos desesperar! Pelo menos aproveito as minhas últimas horas de vida flutuando sob o imenso oceano azul- disse calmamente.
Como podia ele estar tão calmo? Na verdade ele tinha razão. Não podíamos fazer nada. Apenas deixar que a corrente do mar nos levasse. Jake tirou uma fivela do meu colete salva vidas vermelho, tal como o seu, de modo a ficarmos presos um ao outro através das fivelas dos coletes. Olhei-o com um ar intrigado.
-O que é? Eu quero dormir e tu não vais sobreviver sem mim e eu sei que queres estar chegadinha a mim e...
-Cala-te!-interrompi- Dorme lá.- ele obedeceu, fechou os olhos e adormeceu. Eu tinha os olhos tão pesados que decidi fazer o mesmo.
Acordei com uma mão cheia de água na cara. Como eu tinha a boca aberta, entrou-me água salgada pela garganta e pelo nariz. Tossi freneticamente numa tentativa vaga de expulsar a água do meu organismo. Abri os olhos e vi Jake rindo-se como um tonto. Eu estava com tanta vontade de lhe pregar um estalo na cara!
-Porquê que me fizeste isso?-tossi novamente
-Tem piada. E estavas a ficar com a cara vermelha, não queria que te queimasses, querida Theresa.- disse num tom brincalhão.
-Desculpas! E já te disse para não me chamares Theresa! Nem querida!- atirei.
-Mas irei chamar-te Theresa sempre que não fores querida.- porquê que ele gosta tanto de me picar? Que raiva!
Olhei em minha volta: água, água, água e... bem, Jake. Porquê ele? De tantas pessoas, porque é que tinha de ser logo ele? Mas se calhar se não fosse ele eu não estaria viva. Deveria agradecer-lhe. Não, espera. Eu não tenho garantias de que vou sobreviver. Mas tenho de acreditar.
-Tenho sede- queixei-me.
-Não te chegou a água que bebeste? Tens mais à disposição!-disse ele rindo.
-Ah-ah-ah que engraçadinho!- disse sarcástica.
-Pois sou. Olha, tenho fome, Theresa.
-Tessa!- reclamei- que horas serão?- perguntei ignorando-o.
-Umas 21h? O sol está quase a pôr-se.- virámo-nos em direção ao sol e assistimos ao pôr do sol. Juntos. Mas este momento estava todo errado: eu deveria estar na areia da praia, com o meu biquíni vermelho (que está na minha mala, sabe-se lá onde) e com um rapaz especial e querido. Não Jake.#Sarah a narrar#
Eram 21h! Tinham passado exatamente 12 horas de espera. Ao início, todos pensámos que o helicóptero deles se teria enganado na ilha ou estivesse a vir mais devagar. Mas, naquele momento, com toda a turma concentrada na receção do hotel, todos rezávamos silenciosamente para que todos chegassem bem. Do silêncio perturbador, toca o telemóvel da professora. Ela, que sempre fora uma pessoa bem disposta e positiva, no fim da chamada, esse lado da professora desaparecera.
-Perderam qualquer contato com o rádio do helicóptero. Não têm nenhuma localização possível onde possam estar pois aquele era o helicóptero mais antigo que a companhia tinha. E ainda por cima com o rádio estragado! Isto vai levar a uma grave pena!- comentou- Talvez eles...
-Não!-interrompi-a- por favor professora, não diga isso. Eles estão bem- a voz falhou-me. Comecei a chorar, assim como Chloe. Chorámos toda a noite.# Jake a narrar#
Era de manhã e foi a minha bexiga que me acordou. Assim como no dia anterior, não precisei de baixar as calças, apenas urinei. Assim como Tessa deve ter feito pois durante o dia senti por vezes correntes quentes.
Eu tinha muita fome. E sede também não faltava.
Pus a cabeça debaixo de água e pensei em sacudir a cabeça de modo a molhar Tess. Isso iria fazer com que ela acordasse e chatear-se, e eu gosto de a chatear. Então foi o que fiz. Abanei a cabeça e ela começou a mandar vir
-Qual é a tua?
-Acordar-te!-ela mandou-me água e eu mandei-lhe também. E assim começou uma guerra. Até que ela parou e subitamente baixou a cabeça e colocou as mãos na cara. O quê? Que mudança de humor foi esta? O que devo fazer? Ah pois, ok. Comecei por colocar os braços à sua volta e...
-Buuuu- ela gritou e eu assustei-me impulsionando automaticamente o meu corpo para trás.#Tessa a narrar#
Ele olhava por cima do meu ombro, assustado. Traumatizei-o assim tanto? Quando me voltei para olhar na direção que ele olhava, deparei - me ao longe com uma ilha com palmeiras altas rodeadas de uma extensa camada de areia. Meu Deus! Conseguimos! Espera! Não eram 118 ilhas? Oh não! Que seja esta, por favor!
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The Island - A ilha
RomanceTessa, tem uma vida normal de uma rapariga de 17 anos até que, numa visita de estudo a uma ilha, o seu helicóptero se despenhará conduzindo Tessa a uma nova ilha, juntamente com outro rapaz. Mais tarde irá aparecer outro que se irá apaixonar por el...