A ilha ainda estava longe, mas já dava para perceber que era enorme.
-Vamos, temos de nadar!-incentivou Jake entusiasmado.
O meu coração batia forte de ansiedade e esperança, pois acreditava que aquela fosse a nossa ilha, que seria lá que iríamos ver os nossos amigos e professores preocupados. Enquanto estávamos a nadar lado a lado, pensei em Chloe, Sarah e toda a gente por detrás daquelas palmeiras altas, no hotel, rezando por nós. Mas eu sabia que estava a alimentar um sonho. Os meus braços e pernas pesavam e já não me restavam muitas forças. A ultima vez que comera fora o pequeno almoco do dia anterior. Então parei. Estava muito cansada para continuar.
-Então? Vamos, estamos quase lá.
-Eu não consigo mais. Acho que vou desmaiar. Vai tu.
-Dá-me a tua mão. - disse estendendo-me a sua. Fiquei admirada com o seu gesto, mas optei por não dizer nada, obedecendo, pois provavelmente ele apenas se sentia na obrigação de ajudar uma pobre rapariga. Não se queria sentir responsável pela minha morte. A sensação da sua mão na minha fez-me sentir segura e, por incrível que pareça, soube bem. Porém, ignorei essa sensação. Passado um bocado, consegui sentir a areia debaixo dos meus pés descalços. As minhas All Star naquele momento estariam a servir de pastilha elástica a alguma baleia. Assim que senti a areia molhada pude caminhar até à areia fina e branca. O meu vestido colado à pele dava-me uma sensação de desconforto enorme. De qualquer das maneiras, tinha de esperar até que secasse. Ambos tirámos os coletes que nos ligavam só depois de Jake desatar o nó das fivelas. Pousámos na areia os coletes. Num impulso, Jake tirou a sua t-shirt branca, envolveu-a nas mãos, enxugando a água salgada. Mas é claro que não pude deixar de reparar no seu incrível tronco que apresentava uns abdominais bem definidos. Desviei o olhar rapidamente, sentindo-me corar. E Jake pareceu gostar.
-Não precisas de ficar assim, Theresa. - disse convencido.
- Vamos procurar o hotel - propus, ignorando o seu comentário.
- Ahahahah! Achas mesmo? Achas que de 118 ilhas seria esta? Vamos mas é procurar comida e água.- respondeu ele. Este irrompeu floresta adentro. Não consegui proferir uma palavra sequer que fosse, por isso optei apenas por segui-lo. Pela primeira vez, pude reparar que ele também estava descalço e tinha vestido uns calções aos quadrados que lhe chegavam por cima dos joelhos. Ambos trilhávamos um novo caminho pela ilha dentro. À nossa volta haviam arbustos, flores silvestres e principalmente árvores altas que não deixavam a luz do sol passar.
-O que estamos à procura? - questionei
-Água e comida. Tipo bananas ou assim. Que mais havia de ser? Da Angelina Jolie ou o Brad Pitt? - respondeu sem olhar para trás.
-Porquê que tens de ser sempre assim?
-Assim o quê? - perguntou ele
-Rude, convencido...
-Chiu! - interrompeu-me
-Ainda não acabei! - protestei
-Chiu!
-Pára!
-Cala-te! - gritou virando - se para trás pela primeira vez. Depois, acalmando-se disse - acho que ouvi algo. - Pus-me à escuta e pareceu-me ouvir o que parecia o som de uma cascata.
-Água!- sussurrei.
-Vamos!- gritou Jake. Seguimos o som, correndo por entre as plantas altas e, afastando algumas, pudemos observar uma linda lagoa azul abaixo com uma cascata com água cristalina à nossa frente. Descemos a encosta a correr, rir e a gritar como tolinhos. Ajoelhámo-nos e eu quase que ia dando um mergulho. Quando me endireitei, Jake ainda bebia sofregamente. Credo! Agarrei no seu cabelo e puxei-o para cima.
-Não podes beber muita! Faz-te mal depois de tantas horas sem comer ou beber nada - repreendi-o.
-Tens razão. Preciso de comer. - olhei por detrás dele e vi uma bananeira carregada de bananas.
-Ali! - apontei. Fomos até lá e Jake subiu corajoso a bananeira. Mandou algumas para o chão, perto de mim, acertando - me em cheio na cabeça. Ele aproveitou e comeu algumas lá em cima. Trouxemos algumas bananas connosco. Passámos a tarde às voltas na ilha em busca do local original. Foram poucas as horas passadas a falar sobre coisas fúteis, como curiosidades acerca de cada um de nós. Descobri que ele não tinha irmãos mas gostava de ter. Então, eu disse que preferia não ter. Contei vários episódios menos bons que tive com a minha irmã Megan. Mas, mesmo assim, ele mantinha a sua opinião. Chegados ao nosso local, fomos para junto da vegetação. Encostei - me ao tronco de uma pequena árvore e Jake sentou-se à minha frente.
- Temos que fazer uma fogueira - verificou Jake.
- Porquê?
- É provável que fique frio de noite e o sol está quase a pôr-se.
- E como a vais acender? Com duas pedras? Isso é praticamente impossível, neandertal! - ele meteu a mão no bolso da frente dos calções e tirou um isqueiro. O quê?
- Fumas? - perguntei chocada
- Não! Eu trouxe porque achei que fosse preciso para acender aquelas fogueiras à noite, estás a ver? - disse com ar superior - e nem queiras saber o que trago no bolso de trás - disse com olhar perverso, piscando o olho.
- Ah-ah-ah que espertinho - comentei com ar de desprezo
-Eu sei, Theresa - revirei os olhos. Depois de juntar alguns paus, acendemos uma pequena fogueira no nosso meio. O sol já se tinha posto, Jake já vestira a t-shirt e ambos tínhamos ficado sem conversa. Olhámos para o crepitar dos paus na fogueira.
- Jake?
- Sim? - disse levantando a cabeça
- Achas que eles nos vêm buscar?
- Não te preocupes, vai tudo correr bem - ele disse, despreocupado. Com a voz trémula falei :
- Não me respondeste - olhei para baixo, prestes a chorar
- Não sei. Eles podem vir, mas não tenho a certeza. Podemos ficar aqui dias, meses, até anos. - naquele momento, as minhas lágrimas escorriam pela cara abaixo. Jake levantou-se e veio abraçar-me.
- Calma Tess, vai tudo correr bem - ele acabou de chamar-me Tess? Oh adoro este Jake! Acho que pudemos ser amigos se ele continuar assim. Depois do abraço não o consegui encarar, a situação ficara embaraçosa. Logo a seguir, vieram barulhos vindos da floresta negra. Assustei-me chegando-me para trás ,ficando ao lado de Jake. Sempre tive medo da noite, por isso uso sempre uma luz de presença ao adormecer. De repente, dos arbustos, surge uma figura humana masculina, com uma perna envolta em sangue. Quando o sujeito se chegou à frente e a luz da fogueira iluminou a sua cara não me pude deixar de surpreender.
- Ryan?
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The Island - A ilha
RomanceTessa, tem uma vida normal de uma rapariga de 17 anos até que, numa visita de estudo a uma ilha, o seu helicóptero se despenhará conduzindo Tessa a uma nova ilha, juntamente com outro rapaz. Mais tarde irá aparecer outro que se irá apaixonar por el...