Erros, erros e mais erros

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— Cadê a Chiara? Ela é a única que não desceu para o café da manhã.

— Ai essa sua filha tá cada dia pior viu, nem quis ir na festa de formatura ontem, saiu e não deu sinal de vida desde então, deve estar com algum marginalzinho por aí.

— É isso mesmo mamãe, ela vivia dando conversa pros meninos que fumavam maconha na escola.

— Não sei mais o que eu faço com essa menina, sempre tão distante, sempre evitando passar tempo com a família dela... Ela bem que podia ser mais como você Eloisa.

Catarina engoliu em seco o café que estava tomando, e ficou atônita por alguns minutos.

— Que cara é essa Catarina? Viu o fantasma? De quem é essa blusa que você tá vestindo?

— Da minha amiga, eu tenho que devolver na recepção do hotel, ela vai passar lá pra buscar.

— Que amiga cafona é essa?

— Uma amiga da escola.

Era por volta de dez e meia quando os Campello terminaram seu café da manhã, e só aí, Vanessa foi para o hotel para destrancar Chiara do quarto. Nossa mocinha estava certa, a madrasta realmente queria matá-la de fome. Passou reto pela recepção sem cumprimentar nenhum dos recepcionistas, como toda megera faria, pegou o elevador e foi até o quarto no final do corredor do oitavo andar, mas quando tirou a chave do fundo da bolsa para destrancar, para sua surpresa, a porta já estava aberta.

Entrou no quarto em fúria, encontrando a mochila de Giancarlo.
Cheia de ódio, desceu pelo elevador e caminhou duramente até a recepção.

— Eu quero ver as câmeras do hotel de ontem à noite, daqui da recepção e do oitavo andar. AGORA.

                                  ♡

— Ela não tem culpa de nada, a chave estava aqui, como se o quarto estivesse vazio, um hotel que preza pela segurança de seus hóspedes, não deveria ter cópias de chaves de fácil acesso assim.

— Cale a boca moleque? Quer perder o emprego junto com ela?

— Você nem deixou eu terminar de falar... Ela só pegou aquela chave, porque eu falei pra ela que aquela era a gaveta das chaves dos quartos vagos, ela tá meio perdida sim e eu quem estou treinando ela. E você não pode nos mandar embora, consta no quarto artigo do programa de estágio que nos contratou que você só poderia nos demitir por uma falha grave.... E ninguém se machucou, logo não foi uma falha grave.

Cecília chegou em seu local de trabalho no meio da discussão de Victor e Vanessa.

Vanessa bateu no balcão furiosa.

— Vocês passaram impunes dessa vez, mas se houver uma próxima, vão os dois pra rua. Eu não quero saber do programa de estágio, meu marido gosta de fazer caridade, eu não, e este hotel é meu!

Virou as costas e foi embora furiosa resmungando coisas como "porcalhada" e "gentalha"

— A gente podia processar ela sabia? Você podia processar ela...

— Minha bolsa de estudos é mais importante do que revanchismo, Cecília, meu futuro depende disso.

Era tão estranho ouvir o seu nome, ao invés de "Césio 137" sendo pronunciado pela boca de Victor que a garota até estranhou.

— Que erro você cometeu? Você é tão focado...

— Eu não cometi erro nenhum, Cecília, você cometeu. É tudo que faz na vida. Podemos não conversar hoje?

A voz de Victor não carregava o deboche de sempre, e sim mágoa, tristeza junto à raiva.

Cecília ficou calada, enquanto algumas lágrimas se formavam nos cantos de seus olhos, geralmente ela não se importava com as provocações de Victor, mas pela primeira vez, ela queria entendê-lo. Eles já haviam sido amigos. Muito próximos. Por algum tempo. Como ele pôde ter se tornado tão Indiferente a ponto de até ter raiva dela.

— Victor. O que eu fiz pra você?

— Apenas trabalhe Cecília, o passado não importa, apenas foque no seu futuro.

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