cap⁰⁷ - espelho

24 6 0
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

.

— Eu estou bem... — Lily sorriu timidamente, enquanto a mão da garota ruiva continuava em seu rosto, acariciando levemente o local — Hum... Você... Precisa de alguma coisa? — [Nome] negou com a cabeça, se aproximando levemente da mesma.

Com um leve pânico, a de cabelos cacheados permaneceu imóvel, sentindo um arrepio percorrer seu corpo. Antes que ela pudesse chegar mais perto, a porta da enfermaria do orfanato se abriu, revelando Mary. A mulher sorriu gentilmente para ambas as garotas, voltando seu olhar para a morena, que pareceu murchar.

— Sinto muito em interrompe-las, meninas, mas, está na hora de ir dormir, Lily — [Nome] afastou sua mão, retornando-a para perto de seu corpo.

— Mas já?! Ainda está cedo, senhorita Mary — resmungou a jovem, fazendo bico — Por favor, me deixa ficar mais um pouco com a [apelido]! Eu estava com saudades dela! — a mais velha riu levemente da reação dramática, já esperada, vinda de Lily.

— A [Nome] tem que descansar e você também, amanhã você volta para ficar junto com ela, certo?

Ainda refutada, Lily deixou um selar na bochecha de sua amiga, desejando boa noite e afastando-se da mesma. Logo, um cobertor mais encorpado fora colocado sob a parte inferior de seu corpo, fazendo [Nome] sentir uma onda de calor se fazer presente em suas pernas.

Passos. Logo após, um barulho de interruptor, seguido da porta fazendo um rangido e se fechando, a deixando completamente sozinha no cômodo repleto de macas e coisas hospitalares. Suspirou fundo, tateando a mesinha ao seu lado, encontrando seu bichinho de pelúcia e o colocando em sua “cama”. Permaneceu imóvel e na mesma posição por alguns minutos, até começar a se sentir incomodada.

Seus outros sentidos pareciam ainda mais afiados com a falta da visão, a deixando levemente atordoada. Prestou atenção nos ruídos ao seu redor: o barulho do relógio, as janelas balançando de acordo com que o vento se chocava no vidro, uma maldita goteira no banheiro, rangidos no andar de baixo... Se cansou de tentar pegar no sono, retirando as cobertas de seu corpo e se sentando, com as pernas para fora da maca, juntando suas energias para se locomover.

— Não era para você ficar deitada? — o garoto questionou a sua amiga. [Nome] deu um breve pulo em seu lugar, sentindo seu coração saltar em deu peito.

— Jake! Não me assuste assim! — reclamou ela.

— Perdão, [apelido] — riu, brincalhão — Mas, pelo que eu ouvi, era pra você descansar.

— Não estou conseguindo — cuidadosamente, ela colocou seu pé direito no solo, se arrepiando ao sentir o chão gelado. Corajosamente, colocou seu outro pé rapidamente, sentindo o choque térmico novamente. Suas pernas fraquejaram quando ela se colocou em pé, deixando-a temerosa — Me ajuda a chegar no banheiro?

— Claro.

O espírito se aproximou de [Nome]. Repentinamente, como um sexto sentido, ela pode sentir ele de uma forma diferente. Era indescritível para ela, mas, ela sabia que ele estava ao seu lado. Seu toque era quase como algo físico, a deixando extremamente transtornada.

Ao chegar no cômodo mencionado, ela se aproximando da pia, tateando o móvel. Após ter certeza que estava em frente ao espelho, uma de suas mãos foi até atrás de sua cabeça, desatando o leve nó que fora feito pela enfermeira. Ainda de olhos fechados, a White deixou o pano cair no chão. Temerosa, a garota abriu seus olhos, olhando para seu próprio reflexo.

Em um momento, seus olhos estavam normais, em outro, estavam completamente pretos. Ocilavam entre as duas formas. Espantada, via também algo escuro  aparecendo em suas costas, mesmo não sentindo nada.

Procurou Jake no lugar, em busca de uma outra visão, para ter certeza que não estava ficando louca ou alucinando.

— Jake? — perguntou, murmurando — Onde você está?

Sem receber nenhuma resposta, ela amaldiçoou o espírito, dando alguns passos em direção a porta que dava para a enfermeira.

— Jake...?

O mesmo estava parado em frente a janela, que estava aberta no momento. [Nome] estremeceu por conta do frio, apenas aquela camisola azul bebê não a esquentava suficientemente. A garota deu um passo para trás.

— Está tudo bem? — ele virou sua cabeça para encara-la, os olhos tremendo — O que aconteceu?

O espírito parecia estar chocado, o suficiente para não responder sua amiga de anos. Apontou para fora, dizendo:

— Você estava fora... Por conta... Dele? — confusa, [Nome] finalmente deu alguns passos a frente — Eu sabia que tinha algo em você que me lembrava daquela coisa, mas... Nunca imaginei isso — ele escondeu seus lábios pálidos.

Quando a ruiva de mechas brancas finalmente olhou para fora, se deparou com aquele que atormentava parte de seus pensamentos. A criatura sem face, alta, vestindo um terno preto junto de uma gravata avermelhada. Esguia, se escondendo em meio as árvores. Piscou algumas vezes, voltando a encarar Jake.

— O que você quis dizer com isso?

O menino negou com a cabeça, começando a se afastar, flutuando.

— Eu preciso de um tempo para pensar... Perdão...

De repente, estava sozinha novamente.

Sentiu a solidão invadir seu peito.

Assim como todas as vezes, no final, estava sozinha, somente com sua própria presença e seus sentimentos. Sem mãe, sem pai, sem ninguém. Lily também, uma hora ou outra, quando descobrir o que ela era, também iria embora, assim como todos os outros. Finalmente, deixou seus sentimentos mandarem em suas ações, se deixou desabar no chão, com algumas lágrimas escorrendo por seu rosto.

As cortinas balançaram ainda mais com o vento gélido.

Soluçando baixinho, [Nome] olhou para suas próprias mãos, deixando as lágrimas pingarem sobre suas palmas. Apertou suas unhas contra sua pele, frustrada. Merda. O ar não chegava corretamente em seus pulmões. Sua garganta ardia como nunca.

Impulsivamente, a mesma começou a arranhar seus próprios braços. Quando seu punho iria colidir contra sua própria cabeça, algo viscoso o segurou firmemente, a impedindo de se agredir. Arregalando os olhos, moveu seu olhar para a criatura que se escondia nas sombras da enfermaria.

— Não faça isso, por favor — a voz soou em seus ouvidos, lhe causando um arrepio.

Ofegante, com o peito subindo e descendo rapidamente, e com seus curtos cabelos ruivos completamente bagunçados, com vários fios caindo sobre seu rosto, ela desviou o olhar, puxando seu pulso para ela.

Como ele havia entrado lá?

.

.

.

notes;

perdão pela demora ☠️


Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 12 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

sʟᴇɴᴅᴇʀᴍᴀɴ's ғʀɪᴇɴᴅ - ᴄʀᴇᴇᴘʏᴘᴀsᴛᴀsOnde histórias criam vida. Descubra agora