Augusto foi levado a uma grande biblioteca. Lá foi disponibilizada uma mesa par que ele pudesse ouvir todos os internos do instituto. Enquanto isso, Simone terminava de acompanhar o trabalho da perícia.
Augusto convocou cada pessoa que estava presente no internato no momento da morte de Laura para ser interrogada. Todos contaram suas versões e disseram terem visto Laura pela última vez logo após o jantar quando todas se recolhiam em seus quartos.
— Não ouviu nenhum grito ou ruido que possa ter achado estranho? – Augusto perguntou a uma das alunas.
— Eu não teria ouvido de toda forma. – A jovem respondeu com voz lamentosa. – Coloquei os fones para assistir a uma série que acompanho e estava louca para assistir o último episódio. Temos apenas até as dez horas para usar a internet e os sites são limitados. Queria terminar antes que cortassem a conexão.
— Compreendo. – Ele assentiu com um sorriso compreensivo. – Agradeço por sua colaboração. Se lembrar de algo, pode procurar por mim.
Augusto entregou um cartão como fizera com os demais entrevistados. Aparentemente ninguém viu ou ouviu quando Laura deixou o quarto e foi para o lado de fora. Ele suspirou, passando as mãos pelo rosto. Eram quase cinco horas e ele passara o dia ouvindo depoimentos que não ajudaram muito.
— Sabe, o senhor deveria falar com Isabella, a melhor amiga de Laura. Talvez ela saiba algo que possa ajudar. – A jovem disse, parando na porta. – Se Laura saiu durante a noite, tenho certeza de que Isabella sabe a razão. Elas costumavam caminhar até o pátio tarde da noite. Sei disso porque já as vi saindo do quarto algumas noites. Elas até ganharam algumas advertências.
Enfim, uma informação que poderia valer algo.
— Obrigado.
— De nada.
A jovem saiu cantarolando. Simone entrou em seguida, encolhendo os ombros e riu da atitude da jovem.
— Alguma novidade por aqui? – Ela perguntou adentrando na sala.
— Ainda não sei. – Augusto deu de ombros. – Preciso falar com uma aluna chamada Isabella. Estou com um pressentimento de que teria economizado muito tempo se ela fosse a primeira a falar.
— Por que acha isso?
— A menina que saiu a pouco, Milena... – Ele parou, olhando o bloco de anotações. – Ela revelou que Laura e Isabella costumavam passear pelo pátio após o toque de recolher, algo contra as regras da instituição, ao que parece.
— E daí? São adolescentes, Augusto. – Simone cruzou os braços, parando na frente dele. – Você sabe que elas amam quebrar as regras.
— Sei disso, mas Rose ainda não permitiu que eu fale com Isabella. – Augusto respondeu, respirando profundamente. – Segundo ela, a garota ainda está dormindo.
— Ainda? Quanto de calmante essa gente deu a essa menina? – Simone perguntou com ar preocupado. – Augusto, você sabe bem o perigo que é tomar ansiolíticos em excesso.
Augusto sabia bem o quão mal ansiolíticos podiam fazer. Ele sabia porque vivenciou isso bem de perto com uma irmã que sofria de depressão.
Enquanto Augusto e Simone recolhiam seus pertences para irem embora, um grito ecoou vindo de fora da biblioteca. Eles se entreolharam com a testa franzida e em um movimento automático puxaram suas armas, indo em direção ao corredor. Assim que chegaram ao salão onde se localizava a escadaria, eles se depararam com uma jovem descendo as escadas apressadamente. Sua face, assustada, tornou-se ainda mais apavorada quando viram ambos policiais com as armas em punho.
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Á sombra de um desejo - Coleção Á meia-noite - Livro 01 (Em Degustação)
Mystery / ThrillerO policial Augusto Weber é designado para investigar um misterioso assassinato que abala o internato São Gabriel Arcanjo. No centro desse enigma sombrio está Isabella Andrada, uma jovem e bela estudante adolescente. Desde o momento em que seus olhar...