Isabella Andrada era uma garota de dezessete anos, dona de uma beleza cativante e de um ar de mistério que a envolvia. Filha única de Amelia e Rodolfo Andrada, ela praticamente cresceu em um colégio interno, tendo sido enviada para lá aos dez anos. Apesar de desfrutar de privilégios materiais, sua vida foi marcada pela constante ausência dos pais, que estavam sempre envolvidos em seus negócios.
Ao anoitecer, quando a escuridão envolvia o pátio externo do internato, Isabella, com sua melhor amiga Laura Ferreira, se aventurava em seu lugar secreto entre os arbustos. Esse canto era um refúgio longe dos olhos atentos das freiras, onde Isabella e Laura se permitiam algumas transgressões.
Ali, no pátio externo, elas se entregavam a vícios proibidos, como fumar escondido, e aproveitavam para compartilhar confidências e histórias de romance criadas por Isabella. As palavras de Isabella ganhavam vida quando sussurradas no ar noturno, envolvendo-os em enredos apaixonados e sonhos românticos. Ela deu vida a personagens corajosos e apaixonados, que viveram aventuras emocionantes e romances proibidos. O cenário ganhava vida com suas palavras, transportando-os para um mundo de fantasia e escapismo.
Esses momentos secretos no pátio externo eram fugas preciosas da realidade monótona e do vazio emocional que Isabella enfrentava em sua vida diária. Lá, ela podia ser livre, expressar-se com autenticidade e explorar suas paixões e anseios mais profundos. Laura era sua fiel confidente, compartilhando risos, lágrimas e sonhos em noites estreladas.
Apesar de seus momentos de rebeldia, Isabella manteve uma disciplina admirável em sua vida diária no internato. Ela se destacava academicamente e seguia as regras com uma fachada impecável, mas não podia negar sua necessidade de escapar da rigidez e da solidão que a acompanhavam.
Embora Isabella encontrasse alguma satisfação em sua vida secreta no pátio externo, havia um profundo anseio por conexões mais significativas. Por trás de sua beleza e popularidade, ela carregava uma sede de afeto genuíno e relacionamentos reais, algo que só poderia encontrar em seu mundo imaginário de histórias românticas.
Certa manhã, Isabella e Laura se encontraram na cafeteria enquanto se serviam de café e torradas. O sol da manhã lançava seus raios suaves através das janelas, criando uma atmosfera calorosa no espaço. Elas encontraram um canto tranquilo para se sentar e iniciar a conversa matinal.
— Você viu o novo professor que começou a dar aulas de matemática ontem? – Perguntou Laura, com um sorriso malicioso nos lábios.
Isabella arqueou as sobrancelhas, demonstrando interesse.
— Claro que sim! Nem consegui dormir direito, imaginando o que há por baixo daquelas roupas formais. – Isabella respondeu, suspirando. – Aquele sorriso encantador e aquela voz... Nossa, eu fico até arrepiada!
Laura riu, chamando a atenção de alguns dos professores presentes no refeitório.
— Desculpe-me! – disse Laura, quase em um sussurro.
A hora do café da manhã era a hora mais silenciosa do refeitório, então uma risada ecoou como em um anfiteatro.
Laura brincou com a colher em sua xícara de café, depois voltou seu olhar para Isabella.
— Eu também estava hipnotizado por aqueles olhos penetrantes e aquele sorriso encantador. Ele parece um personagem de um de seus romances, Bella.
— De modo algum! Eu não conseguiria criar alguém tão perfeito. – Ela respondeu modestamente, continuando seus elogios ao professor. – O cabelo escuro bem cuidado... A voz suave e melodiosa... Aquele corpo perfeito, escondido sob aquela camiseta e calça jeans...
Isabella fez uma pausa, suspirando.
— Acho que você tem razão, eu poderia imaginar um homem com tanta perfeição, e talvez até mais.
As duas amigas riram, compartilhando seus devaneios sobre o Professor Gregório de Mattos ser excepcionalmente bonito. Elas sabiam que, embora sua atração por ele fosse apenas superficial, era divertido imaginar histórias que o envolvessem.
Laura cutucou Isabella com o cotovelo, sussurrando em tom de brincadeira.
— Que tal você criar uma história hoje à noite? Poderia ser um romance proibido, excitante, talvez até picante! – Laura sugeriu e depois sussurrou. – Peguei alguns cigarros no bolso da cozinheira. Que tal irmos para o pátio?
Isabella assentiu, balançando a cabeça.
— Isso seria divertido, mas desta vez você vai na frente. Não quero ficar esperando você acordar como das últimas vezes.
Laura olhou para a amiga com uma expressão de desdém.
— Tudo bem, eu vou na frente e espero por você nos arbustos.
O resto do dia não foi diferente dos outros, e tanto Isabella quanto Laura esperavam ansiosamente pela noite.
Quando chegou a hora marcada, Laura foi a primeira a sair de seu quarto para não levantar suspeitas. Ela desceu as escadas na ponta dos pés e atravessou o corredor até a biblioteca. Ali era o único cômodo com acesso a uma varanda que dava para o pátio externo, que também podia ser acessado pelo lado de fora, contornando o prédio.
Pegando a chave que trazia consigo, Laura abriu a porta, trancando-a pelo lado de fora. Isabella também tinha uma cópia fornecida por Laura. Ela atravessou o pátio pelos pontos cegos, evitando as câmeras, e foi até os arbustos perto da parede que dava acesso à floresta abaixo. Lá ela esperou por Isabella.
O tempo passou, mas Isabella nunca apareceu e, quando Laura decidiu voltar, já era tarde demais...
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Á sombra de um desejo - Coleção Á meia-noite - Livro 01 (Em Degustação)
Mistério / SuspenseO policial Augusto Weber é designado para investigar um misterioso assassinato que abala o internato São Gabriel Arcanjo. No centro desse enigma sombrio está Isabella Andrada, uma jovem e bela estudante adolescente. Desde o momento em que seus olhar...