O tempo

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     Por mais que eles se amassem e soubessem disso, eles não assumiam isso um ao outro. E com o tempo isso trouxe desavenças, como a recente discussão que tiveram porque Maly'in, uma menina da vila que era bem popular e bem amada pelos pais de Ao'nung, estava danda em cima dele pela manhã na porta de onde Neteyam estava alojado durante a sua recuperação.

    A noite quem foi ficar com Neteyam foi seu pai, mas isso não quer dizer que Ao'nung não foi lá na porta várias vezes durante a noite para saber se seu menino azul estava bem.

*3 semanas depois*

    Já se passou um mês desde o tiro, e Neteyam já estava bem melhor ele até foi levada para sua casa com sua família. Além disso Ao'nung e Neteyam se resolveram, mas em suas visões ainda eram apenas amigos; não compreendiam que os seu sentimento eram além disso.

    Não pode se dizer que a discussão não os afetou. Porque afetou e muito, estavam mais distantes um do outro se viam poucas vezes na semana; mas era apenas quando a t'sahik, Ronal mãe de Ao'nung,  o mandava levar ervas e remédios para o outro.

     Nesse dia estava tendo uma festa na vila, e por consequência de toda a sua família estar lá ele ficou só em casa; ele já se mexia um pouco mas ainda não tinha força ou condições para ficar em pé ou sentado. Mas estava encolhido chorando sozinho em seu canto do murai; quando um certo alguém passou por lá e ouviu esse choro de clara angústia e tristesa.

-Neteyam sou eu Ao'nung. to entrando ok

-vai embora Ao'nung, me deixa sozinho porfavor.

-tá tudo bem Net? -diz ele se aproximando.

-Ao'nung PORFAVOR vai embora.

-eu estou preocupado. Não vou embora, não agora. -disse olhando para Neteyam e se sentando no chão ao seu lado -Então me fala o que houve.

-você realmente quer saber o que houve?

-quero

-o  que  aconteceu  é  que  faz  um  mês  que  eu  não  consigo  me  mexer,  andar  por  aí,  ver  o  sol  e  fazer  coisas  normais  como  antes.  -ele  fala  tudo  isso  chorando  com  lágrimas  grossas. -além disso faz umas três semanas que eu não consigo dormir, porque toda vez que fecho meus olhos lembro da sensação de levar o tiro, lembro da sensação de ver todos ao meu redor menos você.

-desculpa por não estar tão próximo naquela hora. Mas em breve você vai poder sair e... -Neteyam o interrompeu.

-lembro de você me trazendo no colo as pressas para a praia. E lembro das noites as quais eu consegui dormir tão bem que esqueci a dor que sinto na cicatriz do tiro pois você estava lá.

-net eu... Eu não tinha noção disso -Ao'nung ficou sem reação e apenas se levantou e saiu de lá.

    Depois disso Neteyam continuou lá só e dormiu após tanto chorar, mas sua família nem desconfiou disso já que o mesmo estava desacordado. Com Ao'nung foi parecido, com exceção de que seu pai o viu acordado em sua casa quando estava o procurando.

-Ao'nung você está aí? está tudo bem?

-estou aqui, e estou bem pai só me deixe sozinho por favor. -disse ele derramando grossas lágrimas dos olhos.

-filho pode falar. Está tudo bem, não vou falar nada a sua mãe; se é essa sua preocupação.

-posso mesmo?

-claro

-tem uma pessoa que me faz ficar confuso quanto aos meus sentimentos de um tempo para cá, a gente se afastou, brigamos a um tempo  e hoje discutimos novamente.

-Ao'nung meu filho a conversa é algo preciso e se essa pessoa te faz ter dúvidas, pode ser que durante você entenda seus sentimentos por essa menina.

-pai o problema n é saber o que eu sinto ou deixo de sentir.  O problema é que eu não sei se é certo.

-e porque não seria certo?

-porque não é uma garota. Nunca foi.

-Ao'nung e qual é o problema em ser um menino? Não vou falar nada a sua mãe pois sei o que ela pensa  mas eu e T'sereya não iríamos te julgar de nenhuma forma.

-ok pai obrigada.-nesse momento eles se abraçaram.

-olha está tarde e eu estou bem cansado e acho que você também. É melhor você dormir antes que sua mãe chegue ok.

-ok.

    Ao'nung não conseguiu dormir, mas se acalmou bastante até ele ouvir uma briga entre seus pais sobre um assunto nada esperado.

-como você pode achar isso normal Tonowari? Nosso filho, o futuro líder da vila se relacionando com outro menino.

-Ronal nós não temos que achar nada se ele ama ou deixa de amar um menino ou uma garota não é problema nosso.

-e o que a vila vai achar disso?

-o que a vila ou nós temos á ver com a vida amorosa dele? É a vida amorosa do nosso filho a única coisa a qual temos que fazer é apoiá-lo concordando ou não.

-eu não vou apoiar algo tão errado assim.

-ele é nosso filho

-não ele é SEU filho. E se ele continuar com essas idéias irá se casar com Maly'in, que é uma garota certa que ama garotos.

-você não faria isso com nosso filho. Eu não vou oficializar essa união.

-mas não é você quem oficializa uniões sou eu a T'sahik e Eywa.

-Eywa sabe o que é certo e não acho que ela aceitaria uma união forçada.

-nao é você quem tem conexão com ela. Sou EU quem tem conexão com ela.

-Ronal por favor não faça isso. -a essa altura da discussão Ao'nung já estava em desespero e com medo em seu quarto, e seu pai implorava para a sua companheira não fazer isso com seu filho.

-eu já disse Tonowari se ele continuar com essas idéias irá se casar com Maly'in e irá nos dar herdeiros querendo ou não.

  Depois disso tudo ficou em silêncio e Tonowari juntou umas coisas suas e decidiu ir dormir na casa de seus pais. Mas não foi só pois temia que Ronal pudesse  fazer algo que ferisse Ao'nung, então esperou Ronal dormir para levá-lo sem mais discussões e em segurança.

O Que Não Te Contaram De Pandora.Onde histórias criam vida. Descubra agora