Em Roosevelt High School, no ano de 1975, um encontro casual entre dois adolescentes, Frank "Nikki" Feranna e Clementine Bell, desencadeia uma série de eventos que mudarão suas vidas para sempre. Envolto em uma energia magnética e uma autoconfiança...
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CLEMENTINE
Ao adentrar o refeitório, caminhando ao lado de Nikki, meus olhos percorrem as mesas lotadas de estudantes, em busca de rostos conhecidos. Bem à minha frente, vejo Gwendoline e Audrey, a dupla sorridente que grita meu nome e acena com entusiasmo para chamar minha atenção. Retribuo o aceno, feliz por revê-las. Porém, ao notarem quem me acompanha, seus semblantes se transformam, assumindo expressões de incômodo que deixam claro a mudança no clima.
Uma sensação de desconexão e incerteza se instala em mim, e não sei como agir. Decido levar Nikki para apresentá-lo a elas. Eu odiaria que ele pensasse que tenho vergonha de sua companhia. Além disso, seria rude da minha parte simplesmente passar reto e me sentar com o novo grupo, sem considerar os sentimentos das minhas amigas, que podem se magoar e se sentir excluídas.
— Olá, meninas. Quero apresentar Nikki a vocês. Nos conhecemos na aula de Astronomia.
— Ah, oi. Prazer em conhecê-lo. Sou Gwendoline, pode me chamar de Gwen. — ela responde, ainda que sua expressão pareça um pouco (muito) forçada.
— Eu sou Audrey, ou Addie. Todos me chamam de Addie. Prazer em conhecê-lo também.
— O prazer é todo meu, Gwen e Addie. Clementine falou muito bem de vocês.
— Nikki e eu vamos almoçar juntos hoje, mas queríamos passar para cumprimentá-las. — explico, esboçando um sorriso que não reflete totalmente meu estado de espírito.
— Que ótimo. Aproveitem o almoço. Sempre é bom fazer novas amizades. — Gwendoline diz com um tom venenoso nas palavras.
— Divirtam-se. — Audrey fala, sem demonstrar ânimo algum.
Suas reações mornas e os olhares carregados de significado que trocam entre si me deixam desconfortável. Tento manter um sorriso no rosto, mas é evidente que as coisas estão fora do lugar. Considerando nossas promessas mútuas de apoio, acho injusto que nossos laços de amizade de anos sejam abalados dessa maneira, e pior ainda: por algo idiota e sem sentido. Recuso-me a acreditar que Gwendoline e Audrey estejam repetindo o comportamento de exclusão e julgamento que enfrentamos juntas na Roosevelt High School, quando éramos apenas crianças.
Para que esse momento constrangedor não se prolongue, aceno brevemente com a cabeça e me afasto com Nikki, deixando para trás a tensão do encontro. Estou profundamente decepcionada. Espero que a resistência delas seja passageira, talvez impulsionada por ciúmes ou sentimento de rejeição.
Enquanto atravessamos o refeitório, ele decide abrir a boca:
— Parece que as coisas ficaram meio estranhas ali, não é?
