Zalazar caminhou por vários dias pela floresta, seguindo as trilhas e os sinais que a Bruxa Branca lhe ensinara. Ele evitou as estradas e as cidades, temendo ser reconhecido e perseguido pelos servos do culto. Ele também evitou as pessoas em geral, pois não confiava em ninguém, e não queria envolver inocentes em seus problemas.
Ele só queria encontrar a Bruxa Branca, e pedir sua ajuda e seu perdão. Ele queria ver seu rosto novamente, e ouvir sua voz. Ele queria sentir seu toque, e talvez até seu beijo. Ele queria saber se ela o amava, e se ele a amava.
Mas ele não a encontrou.
Quando ele chegou ao lugar onde ficava a cabana da Bruxa Branca, ele viu apenas cinzas e ruínas. A cabana havia sido queimada, e tudo o que restava eram pedaços de madeira e metal. Não havia sinal de vida, nem de luta. Parecia que alguém havia ateado fogo na cabana enquanto ela estava vazia, ou enquanto ela dormia.
Zalazar sentiu um aperto no peito, e uma lágrima escorreu por seu rosto escamoso. Ele não sabia se a Bruxa Branca estava morta ou viva, mas sabia que ela não estava ali. Ele sabia que alguém havia feito aquilo para atingi-lo, para tirar dele a única pessoa que se importava com ele. Ele sabia que era o culto, e que eles ainda o queriam.
Ele sentiu uma raiva crescer dentro dele, uma raiva que se misturava com a dor e o medo. Ele sentiu o pingente negro pulsar em seu peito, como se fosse um coração sombrio. Ele sentiu uma voz em sua mente, uma voz que não era sua, mas que parecia familiar.
Zalazar… Zalazar… Eu sei onde ela está… Eu posso te levar até ela… Eu posso te dar o que você quer… Mas você tem que me dar o que eu quero…
Zalazar reconheceu a voz. Era a voz da entidade cósmica, a voz do livro maldito. Era a voz que ele havia ouvido quando abriu o livro, e que nunca mais saíra de sua cabeça. Era a voz que lhe causava pesadelos e alucinações, que lhe dava poder e dor.
Ele sabia que não devia ouvir aquela voz, que não devia confiar nela. Ele sabia que aquela voz era sua inimiga, e que queria sua destruição. Mas ele também sabia que aquela voz era sua única esperança de encontrar a Bruxa Branca, e de salvá-la.
Ele estava dividido.
Ele estava desesperado.
Ele estava tentado.
