Amor Pra Toda Vida

Capítulo 10

Há exatamente duas semanas que não durmo direito, a qualquer momento meus seguranças irão agir como presidiários, fazendo uma rebelião para terem um pouco mais de descanso, já que os mesmo, estão iguais a mim.

Quero noticias a todo instante, tanto dela, quanto do maldito que a perseguia, quero saber como ela foi parar naquela cidade, de quem foi o corpo que cremamos..., mas principalmente quero trazer minha mulher de volta para casa, porém para isso, preciso descobrir tudo que lhe aconteceu.

A equipe médica que acompanhou Livi no dia do parto, está toda sob investigação, porém a médica que atestou o óbito de Livi, diz ser impossível minha esposa estar viva; recebo relatório diário de cada um deles, até mesmo de Junior, que ainda não voltou de viagem.

Uma parte de mim se nega a acreditar que ele possa estar envolvido, éramos muito unidos, ele e Livi sempre se deram muito bem, e admito que já tive ciúmes de vê los juntos

Não gostaria de suspeitar do meu irmão, porém é muita coincidência encontrar com ele logo após ter encontrado minha mulher, que até então eu pensava estar morta, todos pensavam; mas lá estava ele, na mesma cidade que ela e logo depois segue a mesma direção em que ela se foi, por mais que eu não queira, eu desconfio, sim, nesse momento desconfio até da minha sombra.

Espero estar errado, odiaria ter que acabar com meu próprio irmão, ele não pode ter me apunhalado dessa maneira, lembro-me de Livi chamando para ser o padrinho de nossos filhos.

Lembrança

— Cheguei em boa hora — Junior fala ao nos ver tomar café, deixa um beijo na cabeça de Livi e sentando-se à mesa conosco.

— O que faz aqui tão cedo?

— Não tinha nada para fazer pela manhã, então vim ver como está minha sereia buchuda — Livi para de mastigar e olha de rabo de olho para ele — Se eu fosse você não comeria tanto, se não vai acabar encalhada igual aquelas baleias da qual você ajudou a salvar.

Antes que eu diga algo, Livi pega a faca e aponta para Junior

— Tome cuidado com o que fala para uma mulher grávida, eu posso acidentalmente cortar suas bolas e alimentar Artur e Rick.

— Você teria coragem de jogar minhas bolas para algum cachorro

— Não são cachorros Junior, são os tubarões — digo e tomo um gole do meu café enquanto Livi dá um sorriso diabólico.

— Achei que você me amasse sereia.

— Blond, te amo tanto que ia te chamar para padrinho de um dos bebês, mas não sei se você está merecendo — Livi cruza os braços e vira as costas para ele.

Junior se levanta abraçando-a por trás, passando a mão em sua barriga, deixando beijos no rosto de Olivia, lhe arrancando risadas

— Você sabe que te amo sereia, não faz assim.

— Se você ainda quiser continuar vivo, Junior, sugiro que solte minha mulher — o bastado olha para minha cara com um sorrisinho de canto, mas não solta Olivia.

Me levanto e dou um passo em sua direção, fazendo-o se afastar dela rapidamente.

— Calma ai, mano, não precisa desse ciúme todo, se bem que se Livi tivesse me conhecido primeiro seria comigo que ela estaria casada e esses bebês aí seriam meus, né, sereia? — Questiona olhando para Livi, que assente sorrindo, e por mais que eu saiba que é só uma brincadeira, o ciúme fala mais alto.

— Ah, é? — pergunto me fazendo de magoado, Livi me puxa, abraçando-me como pode e deixa um beijo no lado esquerdo do meu peito

— Não fique assim amor, eu amo você, e mesmo conhecendo esse lindo blond primeiro, ainda sim seria você, sempre será.

Beijo seus lábios, e antes de aprofundar mais um pouco, mãos empurram nossas cabeças desgrudando nossas bocas

— Não sou obrigado a ver vocês se engolirem na minha frente — Junior diz carrancudo nos fazendo rir

— Sorry blond. Mas já que eu não posso beijar meu marido, me diga, você aceita ser padrinho dos meus bebês?

Junior tira Livi de meus braços, e puxa-a para os seus, beija sua cabeça e diz: — Claro que sim, sereia.

***

Desperto dessa lembrança com o celular tocando, atendo ao ver que é Pedro.

— Alguma novidade?

— O senhor Junior e Samuel estão de volta à cidade.

— Mantenha os seguranças com meu irmão, quero ser informado de cada passo que ele dê. E mande Samuel assim que puder vir falar comigo.

— Sim senhor.

Encerro a chamada em uma briga interna, se devo ou não confrontar o meu irmão. Como pode a minha vida mudar tanto? Conheci uma mulher maravilhosa, namorei e casei, vivemos intensamente cada fase que passamos juntos, a gravidez foi nossa euforia, e logo depois tudo pareceu desmoronar. Eu perdi minha mulher, passando a viver somente por meus filhos, hoje não falo como minha mãe, desconfio de todos, inclusive do meu irmão, mas a única coisa boa é saber que minha mulher está viva e em breve estará comigo e nossos filhos. Porém, para isso preciso descobrir tudo que aconteceu, preciso descobrir como essa avalanche caiu sobre nós. Saio dos meus pensamentos ao escutar os gritinhos dos gêmeos e a voz de Luísa, que logo aparecem na porta do escritório.

— Oi, filho — Luisa se aproxima com os meninos, beija meu rosto e vai sentar-se no sofá — desculpa se atrapalhamos.

— Vocês nunca atrapalham. Como foi o passeio?

— Foi ótimo, apesar de Gustavo chamar muito por você — sorrio — Vocês são muito apegados, minha Livi ia amar ver você interagindo assim com eles.

— Eu sei — queria tanto poder falar para ela que encontrei nossa Livi, que ela está viva e que logo irei trazê-la para casa

— Como vai ser quando você tiver que viajar novamente para a Austrália? — pergunta olhando os meninos

— Eles vão comigo — ela me olha surpresa, mas antes que ela fale algo, eu continuo — Estamos precisando de novos ares, eu preciso, só vou unir o útil ao agradável.

— Mas e o seu trabalho, como as coisas vão ficar, como eles iram ficar e com quem? — indaga preocupada

— Eva vai conosco — ela somente assentiu

— Eu vou sentir falta de vocês.

— Será por poucos meses

— Eu sei, é que meu coração fica apertadinho, eu já perdi minhas filhas, não quero vocês longe de mim!

O que ela disse?

— filhas?

— Sim, eu tive duas filhas — diz com um sorriso triste. — A irmã de Livi morreu algumas horas depois do parto, ela e Livi eram gêmeas.