O aniversário

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Uma semana se passou desde aquele café da manhã. Logo chegou o dia do baile do meu aniversário, minha mãe estava efusiva enquanto vigiava os empregados que ajeitavam e limpavam o lugar da festa. Seria, como de costume, na sala do trono. 

A contragosto eu também estava envolvido, tendo que experimentar tecidos novos para fazer um novo traje, o que eu achava desnecessário, mas a verdade é que eu até que gostava de quando a costureira cuidava de mim. Costumávamos conversar bastante e, por vezes, ela parecia muito feliz em me ver crescido.

- Você conhecerá boas moças essa noite, talvez o amor da sua vida!

- Aham! - respondi insatisfeito e com pena da inocência daquela jovem senhora. Eu conhecera o amor algumas vezes e em todas as vezes os amores sumiram, não retornavam ao castelo.

- Deixe o amor para quem com ele deve estar, meu filho! Nossas mãos é que resolvem as coisas do reino, é nosso trabalho e nosso prazer! - meu pai me respondia quando casualmente eu perguntei sobre algumas garotas que não apareciam mais. Os olhos dele  me diziam que de algo ele sabia, mas não ousei questionar.

- Sua roupa está linda! - Os olhos de amara brilhavam ao me olhar no espelho. - Você será o homem mais bonito dessa festa, o rei e você!

- Aham! - Respondi saindo do quarto.

Mal pude notar a noite chegando, era tanto movimento no palácio que me senti me movimentando também, passei o dia sendo revisto, ora por minha mãe ora por amara, a roupa tinha que ser perfeita. Ao terminar eu estava com uma roupa de veludo vermelho e dourado. 

aquiles me levou ao banho, vestimos a roupa e tão logo estava posicionado na sala do trono, ao lado do meu pai, como seu braço direito, eu seria a continuação do reino. A cada minuto chegavam famílias dos reinos vizinhos, exibiam belas moças vestidas com as melhores sedas. Outras moças nem tão bem vestida assim, o que me fazia pensar que eram pessoas do reino. Muitas famílias abastadas vinham se depreciando ao longo do tempo, alguns perderam o homem da família em guerras que nosso reino travou, outras simplesmente não tinham mais o prestígio de antes ou seus negócios que ficaram obsoletos. Meu pai sempre dizia que eu devia estar atento a isso.

Passamos longos momentos observando as pessoas entrando e cumprimentando de longe, os homens se aproximavam e cumprimentavam meu pai e logo depois a mim, mas eu estava atento ao baile, as pessoas se preparavam pra dançar. Notei, em um último momento, quando as portas se fechariam para o início das comemorações que uma moça, com um vestido azul como o céu entrara. Era a mais bela até o momento, cabelos loiros, olhos curiosos, vestido cintilante e um caminhar um pouco atrapalhado. Eu a convidaria para dançar. Pedi licença ao meu pai e parti ao seu encontro.

- Ahh!! Perdão majestade! - Ela me olhou desajeitada, parecia que acabara de aprender a andar.

- É um prazer conhecê-la, minha jovem! Gostaria de dançar? - Estendi minha mão a ela, mas com a certeza que ela aceitaria.

Ela estendeu sua mão enluvada até mim, sorri para ela, que desviava um pouco o olhar, conduzi até o meio da sala e nos colocamos frente ao outro para iniciar a dança.

- Me pergunto o que a mais bela dama veio fazer no meu baile! - sussurro em seu ouvido, minha mão encontra-se na suas costas e descem até a sua cintura, seguro com firmeza, ela me olha com certa desconfiança.

- Meu príncipe, qual seria a mulher que não compareceria nesse dia tão especial para todo o reino? - Sua voz era doce, entrava no meu ouvido como pluma. A mão dela estava sobre o meu peito, levemente encostada e parecia tremer.

- Não parece que já esteve com alguém antes! - Eu sorrio pra ela, a solto rodopiando e retomo. O olhar dela fica confuso.

- Não entendo o que quer dizer. Nunca estive com um príncipe antes.

- E é diferente? - Pergunto com um sorriso no rosto.

- Sim, você é diferente! - Ela sorri e parece estar confiante.

Passamos muito tempo dançando naquela noite, conversamos sobre as estrelas no céu, sobre as descobertas que o cientista real tinha feito, falamos sobre as criações de animais, contamos algumas fábulas que ouvimos de nossos pais, nos tocamos e beijamos e somente quando ela correu , saindo pela porta e pelas escadarias é que me dei conta que nada sabia sobre ela, nem mesmo seu nome. Fiquei atônito no topo da escada, enquanto via a garota correr e entrar numa carruagem e sair às pressas. aquiles percebeu que algo havia ficado para trás, nos últimos degraus, um sapatinho transparente, muito delicado e bem feito e que parecia explicar um pouco do motivo da garota andar com certa dificuldade.

- Descubra quem é essa mulher, aquiles!

Entro na festa, as danças, as conversas e o jantar continuam, meu pai me apresenta às filhas dos reis dos reinos vizinho, coloco um sorriso no rosto, a noite ainda seria longa.

EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora