Chá da tarde

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Uma semana em que aquiles havia saído pelo reino a procurar a dona daquele sapato, um belo sapato, com certeza não seria de qualquer família, na certa uma mais nobre, embora nunca tivesse visto aquela mulher linda na corte. 

Já no fim da semana aquiles retornou, me procurou nos limites do castelo onde eu conversava com algumas aias. Ajeitei-me ao vê-lo, já imaginando do que se tratava.

- Meu príncipe, trago boas novas! Acredito ter achado a dona daquele sapato! - Passou por entre as aias que se retiravam sem lhes dirigir o olhar.

- Que boa notícia! Imaginei que você faria um bom trabalho, meu caro! - Sorri, pegando o sapato de sua mão. - Pois conte-me onde está aquela linda mulher!

- Descobri que mora com sua madastra e irmãs no limite norte do reino, testei em diversas outras, na maioria das famílias e mulheres e nos sobrou apenas esta, vim avisar-lhe, meu príncipe, pois imaginei que gostaria de ir até lá!

Eu rio com a ideia de aquiles.

- Seria mais nobre trazê-las aqui! Convide-as para um chá e faremos a prova nesse momento. Mas me diga, como está a família delas?

- É a família do antigo duque do reino, mas o duque faleceu e aparentemente os negócios não estão indo bem. A madrasta esteve também no baile!

- Entendo! As convide e veremos!

No dia seguinte, ao cair da tarde 4 mulheres chegaram ao meu castelo, minha mãe fez questão de servir o chá no pátio interno como de costume, quando cheguei as encontrei conversando amenidades sobre o reino, as apresentações artísticas dos bufões e da trupe real.

- Boa tarde, minhas senhoras, senhoritas! - Entrei sorrindo, reconhecendo a face pela qual ficara absorto naquela noite. Todas levantaram. Ela enrubesceu. - Fico honrado por terem atendido ao meu pedido!

- Imagine, meu príncipe! É uma honra para todas nós! - A madrasta fez uma mesura, sorrindo a todo momento. - Sua majestade nos ofereceu o melhor chá do reino, dizia a ela que jamais provei tamanho sabor em todas minhas décadas de vida!

- Claro, claro! Sentem-se e aproveitem! - me sentei próximo a jovem. - Você deve ser Cinderela! - falei baixo. - Jamais tinha visto tanta beleza em toda minha vida! - levei a minha mão até sua perna por sobre o vestido. Ela ficou desajeitada e derrubou o chá.

- Cinderela, cuidado com os modos! - Lady Tremaine pareceu ficar preocupada, me observou de cima, mas logo tentou disfarçar seu incômodo. - Meu príncipe, perdoe minha intromissão,  fico honrada de ter sido chamada aqui, mas temos algum assunto que gostaria de tratar? Imaginei que fosse acerca da frota de meu falecido marido!

- Claro, milady, esqueci de introduzir o assunto. Podemos, com toda certeza, discutir sobre esse assunto, mas aguardarei meu pai, que na certa terá muito mais a dizer. Fiquem a vontade. - Levanto-me e saio em busca de aquiles com o sapato, eu já sabia em quem deveria experimentar. Antes de minha saída sussurrei a cinderela que fosse ao jardim em seguida. 

Logo estávamos nós dois no jardim, a sua madrasta e as filhas ficaram para trás e não poderiam mais incomodar. Ela chegou tímida, segurava as mãos na frente do corpo, seu rosto levemente vermelho.

- Meu príncipe, queria me ver? 

- Sim - me aproximei dela, mostrando o sapato em minha mão. - Acredito que tenha perdido em sua fuga. - Agachei para oferecer o sapato aos seus pés. - Gostaria que dissesse que  é minha princesa! Foi meu melhor presente de aniversário te ver e conhecer naquela noite!

- Eu não sou uma princesa, mas sim, era eu naquela noite. - Ela colocou o pé no sapato e encaixou-se, ela pareceu sentir um pouco de dor, mas segundo aquiles, as outras que calçaram não tinham qualquer vestígio de elegância como ela.

- Que bom saber! - Levanto-me, olhando nos seus olhos profundamente, me aproximo devagar de seus lábios, ela pousa a mão sobre o meu peito, como fizera em nossa dança, meu coração bate rápido, sinto a respiração dela se aproximando e nos beijamos. Minha mão começa a navegar em seu corpo, as delas mais timidamente desenham meu rosto, pescoço e peito, estamos por entre as árvores, escondidos por entre arbustos e escondidos nos amamos durante o fim da tarde, sob  céu primaveril, entre promessas de amor e belas palavras. 

Por toda aquela tarde a amei.




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