Gardênias

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Aspirei o último punhado de terra da floricultura. Claire estava no café, servia e atendia alguns clientes. Desde a briga nós não conversávamos, e por ela continuava assim.

A senhora Simpson observava todo o movimento da loja enquanto mexia no caixa, ela exclusivamente perguntou o que tinha acontecido, expliquei muito por cima a ela, e a única coisa que ouvi foi "Deixe acontecer, no final sempre da tudo certo, tudo sempre fica bem".

Não acreditava que aquilo ficaria realmente bem, Claire não falava comigo a quase uma semana, não dormia em casa e na loja a única coisa que nós fazia falar uma com a outra eram os clientes ou nossa chefe.

Só pensava que Claire tinha sofrido uma lavagem cerebral pra pensar que Mike realmente fosse a alma gêmea de sua vida.

Eu decidi organizar a mesa onde fazia a decoração de todos os arranjos, joguei tesouras quebradas, pedaços de fitas em pequenos centímetros e laços estourados.

Ouvi um grunhido atrás de mim e me virei devagar, Claire estava ao lado de um rapaz jovem, de uns 18, talvez 19 anos.

- Esse rapaz gostaria de um buquê de rosas vermelhas, pode fazer ? – Perguntou cética.

Afirmei sem som e me levantei lavando as mãos em uma pequena pia que tinha ali.

Ela deu as costas e voltou a livraria, me deixando com o jovem. – É para presente? – Perguntei atraindo a atenção do mesmo.

- É sim, vou pedir uma pessoa em namoro. – Respondeu

- Certo, então farei um belo buquê – Sorri simples. – Aqui um cartão, se você quiser escrever algo enquanto preparo. – Entreguei um papel branco e uma caneta.

- Ah, claro. – Concordou e encarou o papel, imaginando o que escreveria.

Dei um breve suspiro e comecei a arrumar tudo o que precisava, seria uma longa tarde.

   • • •

- A senhora tem certeza que não quer que eu fique aqui ? – Perguntei enquanto colocava a minha mochila.

- Absolutamente, pode ir para casa. – A senhora concordou simples. – Inclusive Liz, não venha amanhã, por favor.

- Aconteceu algo ?

- Amanhã é meu aniversário de casamento com Arnold, Liz. Gostaria de ficar em casa. – Suspirou. – Pode ir, vá descansar e aproveite suas folgas extra.

- Sinto muito Sra. Simpson, pode me ligar se quiser, a hora que for. – Apertei sua mão e arrumei a alça da bolsa. – Até sábado. – Acenei saindo da loja.

- Liz ?

- Sim ? – Me virei.

- Fique bem, você é uma boa garota.

- Obrigada. – Sorri fraco.

O dia estava acabando e uma faixa laranja e rosa cobriam as cores do céu. Dei alguns passos pra fora do local até ouvir uma buzina do outro lado da rua.

Jay estava parado com as pernas e braços cruzados.

- Você não vai me prender, não é ? – Perguntei parando na sua frente. – Por que se não, seria a segunda tentativa.

- Só se for por não responder as minhas mensagens.

- Não sabia que era inseguro assim, detetive. – Me encostei do seu lado. – Eu mal peguei no meu celular hoje.

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