Capítulo 28

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Bella

Minha tia tinha essa política de dormir cedo para deixar com que os bons espíritos se alimentassem do resto da energia do dia, seja lá que porcaria isso signifique, e era exatamente por esse motivo que eu estava comendo uma tigela enorme de sorvete, simplesmente porque a TPM bateu com tudo e eu precisava de algo bem doce para alimentar essa fera dentro de mim.

Wesley, meu primo, mal saia do quarto principalmente quando ele tinha visitante como estava acontecendo essa noite.

Minha tia não parecia saber das meninas que ele deixava entrar no seu quarto pela janela do seu quarto, mas eu não contava e ele também não, o fato de minha tia dormir com um chafariz muito barulhento, enorme de água dentro do quarto ajudava a gente a viver uma vida dupla dentro de casa.

Como eu sentia falta dos meus irmãos.

Preston, George, Lindsay e Leonard.

Meus dois irmãos mais velhos e os dois mais novos. E eu como a bela filha do meu. A ginasta do circo que fazia ótimas apresentações com bambolês, mas era a estranha da família por querer ter um vizinho e não ver seu pai fantasiado de palhaço toda noite, mas acho que cada um tem suas preferências, não é?º

Sentia falta de ouvir os conselhos diários de Preston, me irritar com ele por se sentir o responsável de tudo só porque era o mais velho. E então jogar xadrez com George e rir do nosso irmão mais velho e como seria impossível uma garota satisfazer os padrões insuportáveis altos que ele tem. Ensinar Lindsay os melhores truque na ginástica e até mesmo no trapézio e ouvir a melhores piadas do Leonard e os roteiros que ele escrevia para se apresentar como um belo palhaço.

Sai da minha nuvem de pensamento quando a campainha tocou me assustando completamente, é claro que eu não ia atender levando em conta que estava tarde para um estranho aparecer sem nem avisar, mas então meu telefone tocou e era Ellie me ligando.

- Sim? – Atendi.

- Pode abrir a porta?

Mas que porra é essa?

Ainda com o celular no ouvido andei até a porta de casa, abri no mesmo momento vendo cachos pretos e os olhos cor de avelã mais lindos do mundo inteiro.

- Tá tudo bem?

Os nossos telefones continuavam no ouvido, mas notei que nada parecia estar muito bem, afinal ela estava aqui com os olhos um pouco vermelhos, o cabelo um pouco fora do lugar, o nariz inchado.

- Não.

Abaixei meu aparelho celular do rosto, Ellie me imitou, eu apenas estendi meus braços, ela nem esperou muito tempo e veio me abraçar, me apertando fortemente em seu peito enquanto eu fazia o mesmo com ela, segurando a menina nos meus braços com um intuito de não deixá-la.

Fechei a porta atrás de mim.

Ellie me soltou e eu a conduzi para dentro de casa.

A casa não estava tão arrumada assim, mas não tinha que eu pudesse fazer aqui para que ela se sentisse com o luxo que ela sempre tinha em casa. A sala era aconchegante com uma televisão, sofá vermelho e a cozinha era no mesmo espaço assim como a nossa sala jantar, que estava repleto das artes da minha tia. O corredor tinha o banheiro, meu quarto, o quarto meu primo e o da minha tia. Não era nada grande, mas era o suficiente. Principalmente para quem já morou em um ônibus.

Ellie ficou encarando tudo enquanto eu me ajeitava para a cozinha e guardava algumas coisas de lugar, deixei ela tentar achar o seu lugar, mas ela parecia estagnada no meio da sala olhando para um porta retratos, um que eu só me atentei em ver também depois de ter resolvido a zona que eu fiz na cozinha.

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