1. Quando a minha vida vai começar

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"Eu sou Dulce Maria, aprisionada nesse majestoso palácio, onde arte e fortuna dançam em harmonia. A academia e a universidade, como um baile inacessível, só observo de longe, como um espectador curioso.

Contudo, meu coração é um pássaro inquieto, ansioso por alçar voos para além desses muros dourados, como uma poesia voando livre no céu da aventura.

Em meio às telas e esculturas, eu encontro meu refúgio como perita e restauradora, trilhando os passos de meu pai, cujo amor pela arte é uma coleção espetacular. Cada pincelada é uma história rica em cores, uma sinfonia de criatividade que me encanta.

E então, surge Anahi, minha leal confidente, brilhando como estrela na noite enluarada. Com maestria em artes plásticas e administração, ela é a artista que dá vida a cada cena, tornando realidade o esplendor da vida.

Nossa amizade é um poema entoado por vozes harmônicas, um retrato de cumplicidade e risos compartilhados. Anahi é como uma fada madrinha da existência, inspirando-me a acreditar na magia de cada amanhecer.

Enquanto apreciamos as obras-primas que adornam nossos aposentos, percebo que o destino, como um sábio enigma, traça seu caminho entre nós. Juntas, desvendaremos os segredos da vida, pintando com cores vibrantes o enredo de nossos dias."

De repente, a porta se abriu com ímpeto, e Anahi entrou com energia contagiante. — O que você está aprontando? — perguntou, transbordando animação. Hesitei em contar sobre o que eu estava escrevendo, mas Anahi não desistiu. — Ah, vai! Me conta! — ela diz insistindo. Então eu tento a distrair, sei bem que não vou ganhar em teimosia da pessoa mais teimosa que conheço, então a melhor escolha é mudar de assunto. — Me diz você, por que você está tão empolgada hoje. Vai chegar algum carregamento novo? Será que Luana e Pedro vão aparecer? Adoro as histórias que eles trazem...", disse, divagando.

Minhas reflexões foram abruptamente interrompidas pelas palavras de Anahi. — Já chega desse trio DuNaDo! —, ri, fazendo uma careta divertida. — Eu tenho outras novidades —, ela disse, segurando meus ombros e direcionando seu olhar para mim.

Minha curiosidade aguçou, e minha mente se encheu de possibilidades. — Conta logo, estou morrendo de curiosidade! —, implorei, mal conseguindo conter minha ansiedade. Anahi soltou um riso divertido antes de revelar a novidade. — Lembra daquela escola que sua mãe frequentou, mas que não tinha vagas há cinco anos? Pois é, eles abriram vagas novamente, e você pode se candidatar! —.

Meus olhos se iluminaram de entusiasmo e alegria. — Sério? Uau, que notícia incrível! Mas como isso aconteceu? Como você sabe que eu posso me candidatar? —, perguntei, curiosa para saber como essa oportunidade tão especial surgiu.

Anahi sorriu, satisfeita com minha reação. — Você não vai acreditar, nem eu acreditei na sorte que foi isso acontecer! Eu estava no insta como sempre vendo fotos e museus lindos — ela disse jogando ou cabelos para trás orgulhosa de si mesma — quando a hashtag da escola da sua mãe aparece. — ela fez um O com a boca para expressar o quão louco aquilo era — então acabei encontrando informações sobre a escola. Fiquei curiosa para saber se ela ainda existia. Decidi investigar mais a fundo e, para minha surpresa, eles abriram vagas exatamente neste ano! E sabe o que é mais legal? Eles aceitam candidaturas de ex-alunos ou filhos de ex-alunos — ela disse me encarando como se tivesse descoberto um continente — com um currículo gigante relacionado à arte como o seu — ela completou apontando para mim. — É claro que você vai passar, o seu currículo é impecável!", ela encerrou, animada.

Meu coração se encheu de felicidade e gratidão. Será que aquilo poderia mesmo ser real? — Isso é maravilhoso, Anahi! Obrigada por ser a fofoqueira mais legal que o mundo já teve. Como minha vida iria para frente sem você? — Eu ri, realmente feliz por aquela oportunidade, esse é o maior sonho de todos os sonhos, talvez o único sonho que me permiti sonhar até hoje, mesmo que seja lá no fundo. Então eu comecei a pensar, na minha vida e nas minhas reais possibilidades.

Minha animação logo foi substituída por uma pontinha de preocupação e tristeza. — Mas... eu nem sei se meu pai vai permitir que eu vá para uma escola no exterior. Ele mal me deixa fazer qualquer coisa fora de casa — confessei, já sabendo que talvez aquilo estaria destinado a ser só um sonho mesmo.

Anahi me olhou com compreensão. — Eu entendo, amiga, mas às vezes precisamos lutar pelos nossos sonhos e mostrar aos nossos pais o quanto isso é importante para nós. E, afinal, é uma oportunidade única! Além disso, podemos convencê-lo aos poucos, apresentar todos os benefícios e garantir que estaremos seguras, e que você não vai estar sozinha na Itália. Vamos trabalhar juntas para tornar isso realidade! —, ela disse, determinada.

Suas palavras me enchem de esperança e coragem. — Você tem razão, Anny. Eu não posso desistir dos meus sonhos. Vamos fazer acontecer! —, afirmei, com um sorriso decidido no rosto. Embora ainda não fizesse ideia de como conseguiria isso. Meu pai é uma pessoa um pouco peculiar.

Sentamo-nos na cama e começamos a criar um plano para abordar meu pai sobre a oportunidade de estudar na escola de arte na Itália. Ideias foram surgindo, e Anny, com toda a sua habilidade de persuasão, contribuiu com sugestões brilhantes para que meu pai entendesse a importância dessa experiência única na minha vida e nas minhas habilidades.

Juntas, preparamos argumentos sólidos, destacando a tradição da escola, a oportunidade de ampliar meus conhecimentos, minhas técnicas e a chance de aprender com renomados mestres da arte. Além disso, ressaltamos o orgulho que ele sentiria ao ver sua filha seguindo os passos da mãe e brilhando no mundo das artes.

Com o plano traçado e nossos corações decididos, saímos do quarto cheias de confiança. Não importava quão difícil fosse a conversa com meu pai, eu sabia que, com a ajuda de Anny e uma grande dose de determinação, eu conseguiria enfrentar qualquer obstáculo em busca dos meus sonhos.

Fiquei esperando o dia todo ansiosa pelo jantar, afinal esse era o momento que eu e meu pai nos víamos durante os dias. Quando finalmente chegou eu me arrumei e munida com meu iPad e todas as informações sobre o quão boa aquela oportunidade era, fui em direção a sala de tarde onde de longe pude ouvir que meu pai já estava.

Abraço do destino: A Ascensão da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora