7 - Não!

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O sol se punha no horizonte, pintando o céu da Sicília em tons dourados e alaranjados. Eu e Christopher tínhamos voltado para o chalé onde estávamos hospedados, e agora estávamos desfrutando da vista espetacular que se estendia diante de nós pela janela. A tarde foi animada repleta de paisagens pitorescas, parecia ainda mais encantadora com a presença de Poncho e Anne, que compartilhavam risadas, brigas bobas ou não tão bobas assim e histórias animadas,  enquanto apreciávamos o cenário. Eu estava tentando me controlar porque sabia que Anne estava ali provavelmente pra fugir da longa discussão que se formou na casa de Poncho depois deles terem dormido juntos e a namorada dele aparecer lá pela manhã. Que safado, não avisou nada a minha amiga, merece mesmo apanhar.

Eu estou usado uma camiseta do Tarantino*, ela linka os seus filmes ao seu nome e isso me fez sorrir quando a vi na internet, tive que comprar imediatamente! Estou divagando olhando para o céu, mas tudo é interrompido quando sinto o cheiro de Christopher de banho tomado invadindo minhas narinas, me viro conseguindo acompanhar seu caminhar até mim. Ele estava com os cabelos molhados. Eu amo quando ele está assim, tenho uma sensação esquisita que eu nunca tive, a sensação de estar em casa. Eu sei, isso é estranho porque tecnicamente eu nunca sai da minha casa, mas essa é a primeira vez que me sinto assim. 

Eu devo estar sorrindo como uma idiota agora, porque Christopher tomba a cabeça para o lado enquanto me observa sorrindo, menos mal talvez sejamos dois idiotas agora. - Tudo bem? - ele quebra o silêncio sorrindo. - Sim! - eu digo levando meu chá a boca. - Você tá cheiroso demais, isso me desconcentra... - digo balançando a cabeça sinceramente, sentindo meu rosto arder. Tomo mais um pouco de chá, isso me acalma e distrai, quando vejo Christopher esta bem próximo a mim, ele aproxima seu nariz do meu e me da um beijo de esquimó, enquanto seu braço rodeia minha cintura e o outro retira a caneca da minha mão. Ele a coloca na cabeceira da cama nos deixando frente a frente, estamos nos encarando de uma maneira natural e confortável. 

- Você gosta daqui? - ele sussurra, provavelmente sem querer quebrar a nossa bolha. Eu coloco uma mão em cima do seu peito olho para ela ali sentindo seu batimento forte e depois olho em seu olhos que me encaram com alguma expectativa e um sorriso brincalhão. - Eu gosto muito daqui - afasto minha mão em seu peito. Ele olha pra lá imediatamente, então me encara novamente e sorri terno. - Estamos onde deveríamos estar. - ele conclui encolhendo o espaço que já quase não existe entre nós. Ele me beija devagar enquanto acaricia a minha cintura. finaliza selando nossos lábios e sorrindo ainda encostado na minha boca. - Você quer dançar? - ele me pergunta baixinho - Quero. - digo em um sussurro. Ele pega o celular e em 2 segundos e logo meu ouvidos reconhecem os acordes de Your Song. 

- It's a little bit funny this feeling inside / É um pouquinho engraçado este sentimento aqui dentro - a frase é cantada na voz de Elton John. Nos nos balançamos de um lado para o outro no ritmo da musica com o sol terminando de se por. - I hope you don't mind. That I put down in words. How wonderful life is while you're in the world. / Espero que você não se importe que eu expresse em palavras, como a vida é maravilhosa com você nesse mundo. - Christopher cantarola em meus ouvido. Talvez aquele fosse o momento mais bonito de toda a minha existência e é claro que ele foi interrompido pelo toque do celular de Christopher.

Eu vi a foto de uma mulher linda na tela brilhando, logo me virei sem querer parecer intrometida. - Eu já volto tá? - fez uma cara chateada - Desculpa, eu tenho que atender.. - saiu rápido. - Fui até a mesa de cabeceira pegar meu chá, bebi o restante morno tentando me conter em ser uma enxerida e ouvir tudo que ele estava falando. Aquilo obviamente não ajudou a me distrair da minha curiosidade por muito tempo. Então coloquei uma calça de moletom e sai do quarto. Fui caminhar pelo entorno do nosso chalé, aquele lugar era especialmente bonito. 

De repente, a atmosfera mudou quando eu senti alguém se aproximando, logo eu pude perceber que esse alguém era meu pai. Minha primeira reação foi querer gritar, mais então percebi que estávamos sozinhos e aquilo de nada adiantaria. Sua postura era séria, e a aura de autoridade que o cercava me deixava nervosa. - Papai? -, minha voz denunciava minha surpresa. - Então você fugiu de mim docinho? - Ele disse desacreditado. - Pai, eu...- tentei explicar mais minha frase morreu logo no começo - Não queria te decepcionar. - falei por fim sem conseguir encara-lo. - Você jamais seria uma decepção docinho. - ele se aproximou e acariciou minha bochecha - Eu sei que o problema são as influências... Esse ladrãozinho de quinta, entrou em nossa casa e te.. - Eu não deixei que ele terminasse - Por favor não faz nada com o Christopher. - Implorei já entrando em pânico. - Filha ele é um delinquente. 

Abraço do destino: A Ascensão da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora