4 - La vou eu!

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A decisão de viajar para Sicília foi uma ambiguidade para mim, era como adentrar um conto de fadas e, ao mesmo tempo me sentir a pior traidora que o mundo já conheceu. Tudo estava bem e me parecia que a viagem começaria tranquila, eu falei rápido de mais, uma movimentação começou e logo estávamos tendo que correr até o avião. - Vem! — Christopher gritava para que eu corresse para a porta do pequeno avião onde seu amigo subia.

Ele não viu os homens vindo pelas suas costas, então eu gritei - OLHA PRA TRÁS! - e corri atirando as primeiras sacolas que vi pela frente, elas explodiram espalhando um pó branco pelos ares, aparentemente isso confundiu não só os homens, Christopher também - ANAHI! ANAHI! - gritei fazendo-a descer as pressas do avião me ajudando com Christopher, subimos e fechamos as portas. - Christopher olha para mim!- pedi com a maior clareza que consegui, seu rosto estava branco e seus olhos confusos e vermelhos. -Anahí, descobre o que tinha naqueles sacos. - ordenei me colocando no controle.

- Vamos te lavar! - Eu o disse o levando ao pequeno banheiro e lavando seu rosto retirando sua blusa, seu coração batia rápido e isso começou a me deixar nervosa. O fiz beber água da torneira mesmo, muita água. O sentei e suas mãos tremiam. - Era cocaína! - Anne me diz com um rosto destorcido de preocupação. - Merda! - exclamei. Temos que abaixar o ritmo do coração dele.- Tem gelo aqui? - perguntei para Anne e ela saiu em busca. - Você consegue se levantar? - perguntei a Christopher - ele me olhou ainda atordoado e se levantou - Ótimo! - eu disse a ele - Agora consegue se dobra assim? - Dobrei meu tronco em direção as minhas pernas o mostrando, ele me seguiu, - vamos respirar. - eu disse respirando de modo que ele pudesse me seguir, continuamos assim e eu contei mais ou menos até 100, Anne chegou com uma sacola de gelo que eu coloquei na cabeça de Christopher, que me fez uma careta. Graças a Deus! ele já esta respondendo.

Eu estava com a mão em seu peito vendo que seu coração já havia quase normalizado, suas mãos ainda tremiam, mas estavam melhores, seus olhos já focavam quando falava-mos. Retirei o gelo e o aqueci. Depois de uma hora, que pareceu 5 dias, Christopher me encarou quase normalmente.

- Você jogou cocaína em mim? - ele diz indignado. - Eu não sabia que era cocaína! - Digo indignada e ele gargalha. - Você foi a pessoa que chegou mais perto de me matar e foi sem querer? - ele me olha e ri - Não deixe a longa lista de pessoas que estão tentando o mesmo de propósito saber disso! - Porque alguém tentaria matar um ladrão de arte? - Eu indago curiosa - Não é como se você fosse um mafioso perigoso, um badboy de livro de romance. - digo suspirando. - O que você quer dizer? Minha área de trabalho não é perigosa o suficiente para você? - me encara incrédulo. - Ah! roubar arte é mais um trabalho intelectual né! - eu digo sorrindo travessa.

- Você tem uma queda por Badboys, Rapunzel? - Pergunta ele curioso. - Eles são legais nos livros, mas como posso saber se nunca conheci um pessoalmente? - eu digo chateada. - Você não cansa de me menosprezar? - ele gargalha incrédulo, - estamos em um avião abarrotado de cocaína indo para Sicília por meios obscuros.. - ele me encarou serrando os olhos divertido - e quem arrumou tudo isso? - ele circula com o indicador - EU! - ele conclui tentando acentuar seu ponto. Eu o encaro ainda não tão convencida. - Quem te salvou duas vezes hoje fui eu. - Eu ri enquanto ele eleva as sobrancelhas para mim como se eu fosse uma criança travessa. - Realmente você se provou um badboy melhor que todos nós aqui hoje Senhorita Maria. - ele admite levantando as mãos em rendição. Não  descemos em Sicília uma vez que seríamos interceptados, descemos em Apúlia.

Quando chegamos era uma pista que não se parecia a anterior, essa parecia mais... como eu posso descrever? Reservada? - Não se parece com a pista que pegamos para vir - Eu disse baixinho a Anne, Chris estava prestando atenção, porque é ele quem me responde - Essa é uma pista particular. - ele diz contorcendo o rosto - E isso é ruim? - eu pergunto querendo entender sua expressão. - Vamos dizer que aqueles homens de antes, não gostavam de mim. - ele suspira pesadamente - Os que vão estar aí em baixo também não gostam de mim - ele maneia a cabeça - resumindo nesse momento ninguém gosta muito de mim. - ele sorri sarcástico. E eu encaro a janela apreensiva.

Abraço do destino: A Ascensão da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora