Jimin não conseguia lembrar com clareza qual havia sido a última noite em que se sentira tão bem na presença de tantas pessoas ao seu redor. Algo dentro de si estava radiante, irradiando luz e felicidade para todos que o encarassem pelos longos corredores do castelo. Só faltava cantar e dançar com a mobília e as paredes. Ele tinha passado da porta do seu quarto na ida, na volta e em uma nova ida, apenas porque sua cabeça não conseguia desfocar do Príncipe Jeon.
Sim, o príncipe com quem dançou e conversou por horas a fio em meio a tantas outras pessoas no enorme salão. Em outros tempos, ele talvez sentisse algum tipo de embaraço por estar nos braços de um alfa escolhido para ser seu, sabendo que precisaria se casar e consumar o matrimônio. Nessa noite, no entanto, estava feliz demais para pensar nesse tipo de coisa.
Isso apenas não o assustava como horas mais cedo.
Porque horas antes do baile, ele temia o que encontraria. Ou melhor: quem encontraria. Horas mais cedo, enquanto se arrumava e chorava com Taehyung e Seokjin, ele enxergava que tudo que tinha brilho deixaria de existir, viraria cinzas; seu arco-íris se tornaria uma eterna tempestade trevosa. Engraçado como o medo nubla nossos sentidos a ponto de nos deixar totalmente cegos e ignorantes.
E Jimin via apenas desse modo, como se aquele casamento arranjado que estava prestes a se tornar real fosse uma passagem só de ida para o seu martírio sem fim. Martírio, matrimônio, as palavras até combinavam em sua mente.
Exceto que um casamento não pode ser uma prisão. Se for, você está se casando com a pessoa totalmente errada.
— Jimin, você está perdido! — A voz de Kim Taehyung ecoa pelo corredor, e na sequência ele dá passos rápidos na direção do amigo quase fora de si. — O que Jungkook fez com você, uh?
— Eu não sei, mas me sinto nas nuvens. — Declara o ômega mais velho, rindo baixinho por nenhuma razão específica. — Não consigo encontrar meu quarto.
Taehyung o encara atordoado e, certamente, com um pouco de medo pendendo por seus olhos. Jimin nunca perdia a compostura, fosse em momentos de risco, medo, felicidade ou o que quer que fosse. Mas ele parecia perdido de verdade. Como se estivesse hipnotizado, inebriado, como um louco sem nenhum resquício de sanidade pendendo por sua mente.
— Talvez a porta atrás de você o leve para outro mundo. — Brinca o Kim em um tom gentil, guiando Jimin na direção da porta. — Pedi que aquecessem a água para você, tome um banho e depois durma.
Aquecer a água para ele parecia uma brincadeira de mau gosto. Ele não se sentiu ofendido, no entanto, apenas concordou, abriu a porta e adentrou seu cantinho, deixando a porta chaveada antes de tirar as roupas e deixar as peças pelo caminho, andando na direção do banheiro totalmente despido.
Ele gostaria, sim, de descansar, de fechar os olhos e dormir, mas um bom banho teria que servir para relaxar um pouco.
Por conta do seu dom de congelar tudo em que tocasse, os pais de Jimin precisaram encontrar um meio de manter a água da banheira no mínimo, em temperatura ambiente, para que ele pudesse se banhar. Ele nunca sentiu o calor devido, mas também não trocava o estado da água apenas por estar mergulhado nela. Qualquer que fosse o sistema criado para ele, dava certo e funcionava.
Jimin jamais foi exigente ou mesquinho, por isso sempre apreciou esse esforço em específico e admirou ficar mergulhado na água cheia de espuma, que tinha seus cheiros favoritos; algumas vezes usava sais de morango, outros de laranja, alguns até de hortelã. E todos esses cheiros pareciam complementar sua fragrância natural de chocolate, deixando-o irresistivelmente cheiroso demais para os alfas ao seu redor.
Será que Jungkook tinha gostado de seu cheiro?
Será que ele tinha o achado bonito tão de perto?
Será que ele estava gostando da ideia de casar-se com Jimin?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Between Fire & Ice | jjk + pjm
FanfictionNo topo da montanha o belo castelo enfeitava o Reino. Muitos temiam-no quando sabiam sobre a maldição que atingira Park Jimin, o futuro Rei, quando este nem mesmo havia nascido. Foi jurado a ele que jamais poderia tocar alguém sem causar-lhe o conge...