Prólogo

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POV JOSH BEAUCHAMP

Transmutar, a capacidade de um indivíduo de ir de um lugar para outro; mudar de uma circunstância para outra; transformarem sua realidade...Estou acostumado com esse termo, desde pequeno aprendi a ter super-poderes, mas não desses úteis, como ler mentes, ou voar, mas a "transmutar", a ser invisível, a ser o garotinho que não dá problemas porque já há problemas demais em sua vida, e os adultos não precisariam lidar com mais um.

Perdi minha mãe quando nem consciência da palavra mãe, eu tinha, era um bebe praticamente, três aninhos de idade, e como doeu...doeu não ter mais o beijinho de boa noite, o abraço quentinho, a voz suave cantando para eu dormir, não ter mais aquele perfume familiar por perto...eu era uma criança, não entendia porque ela havia me abandonado...mal eu sabia...câncer...foi a pior e mais severa das doenças, quem levou minha mãe.

E como se não significasse nada, em meses depois de ter visto minha mãe gelada num caixão...vi uma mulher loira, alta, magra, de olhos verdes, corpo definido, e aparentemente de 30 anos entrar na minha casa, e ouvir a tão temida frase:

"Josh, essa é a nova namorada do papai"

Foi ali que o meu mundo caiu, desabou, sabe quando você sente um olhar que te reprime? era aquele olhar que aquela mulher me encarava! Linsey, minha nova MÁdrasta!

Ela fazia da minha vida um total inferno, e para o meu pai, ela estava cumprindo o papel de mãe e me educando, ele nunca esteve tão errado...

Tudo foi mudando, se transformando, primeiro, ela tirou e sumiu com quase tudo da minha mãe, depois mudamos os móveis para ficar do jeito dela, mas quando não era possível mudar mais nada, ela simplesmente fez a cabeça do meu pai parar nos mudarmos de casa, afinal:

" eu sinto a presença dela aqui, é assustador, não me sinto confortável"

E lá fomos nós, sair de Chicago para Nova Orleans, diretamente para uma mansão luxuosa, sim meu pai tinha dinheiro, mas sempre foi um homem simples, e por mais que ele fosse dono de varias fábricas de produtos hospitalares, ele não tinha aqueles hábitos, até ela chegar.

A partir do momento que nos instalamos na casa nova, o meu novo inferno começou!

''Joshua você arrumou a minha cama?''

''Joshua, tem louça para lavar''

''Joshua, você já dobrou as minhas roupas?''

''Joshua você já podou as flores do jardim?''

Eu era um empregado naquela casa, eu só não ganhava o salário e não dormia no quarto dos funcionários, de resto, era igualzinho!

Meu pai me colocou na escola perto da nova casa, Quatro anos e uma escola nova, sem mãe, sem ninguém... Foi quando eu vi uma cacheada, brigando com outro menino para me proteger, foi ali que eu achei a minha melhor amiga

Nos tornamos inseparáveis, onde ela ia, eu ia, a onde eu ia, ela ia atrás, ela me ajudava nas tarefas de casa,  e depois passávamos a tarde toda brincando.

O tempo foi passando, nós dois crescemos, e não éramos mais crianças, ela que sempre foi mais alta que eu, começou a encolher do meu lado, minha voz fina se tornou grossa, com um pequeno desafiando, o estresse dela foi aumentando, e quando vimos, puf! Estávamos na adolescência.

Todo garoto de quinze anos se apaixona né? E eu me apaixonei por ela, pela minha melhor amiga, que graças a minha madrasta, a Any tinha que invadir a minha casa a noite, ela agora era a responsável pelo beijo na testa de boa noite, pelo abraço quente e por cantar ate que eu pegasse no sono, e sempre que ela ia embora, ela deixava algo dela comigo, um anel, um colar, uma blusa, para que eu não sentisse tanta falta dela, mesmo eu vendo ela horas depois de acordar.

Era incrível conviver com ela, ter a Any como meu porto seguro, e aos poucos, essa paixonite de adolescente, virou amor, meu primeiro amor.

Mas, por algum motivo, minha madrasta detestava ela, detestava a ideia de ter alguém pobre e negro dentro de casa.

Quando estava com dezesseis anos, ela conseguiu colocar na cabeça do meu pai a ideia de fazer um intercambio, o qual eu não queria ir de jeito nenhum! Não queria deixar a pessoa que eu amava, mas não teve jeito... a Any chorou demais quando soube da noticia, nunca vi ela chorar tanto..

Acho que a notícia a deixou tão abalada, que ela simplesmente evaporou da minha vista duas semanas antes de eu embarcar, e no dia...ninguém foi se despedir de mim, embarquei sozinho no avião.

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Foi isso, esperamos que tenham gostado dessa introdução.

Perdoem qualquer erro, e aguardem os próximos capítulos!

Beijinhos doces, Milla e Manu

16/07/2023

My Heart Doctor - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora