POV JOSH BEAUCHAMP
Depois que a Any falou sobre dormir sob a luz das estrelas, eu tive a ideia de planejar o pedido de namoro, que obviamente não foi como eu planejava, ja que ela ficou adiantando e apressando, mas ainda sim foi importante.
Passei o dia procurando uma casa para alugar, até notar que era burrice procurar uma casa para alugar por apenas uma noite, e foi onde lembrei da casa dos meus pais.
Fui atrás da diarista para dar uma faxina básica, atrás do jardineiro para deixar o jardim habitável, e depois fui atrás das coisas para a surpresa.
Primeiro as alianças, de prata com pequenos diamanteszinhos, os pisca-piscas, uma cama nova, roupas de cama em tons de azul e dourado, o vinho, os ingredientes para fazer a lasanha, velas.
Depois veio a terceira parte, colocar a cama debaixo de uma pequena tenda de seda, no jardim, colocar as luzinhas nas árvores, deixar pétalas de rosas no chão, arrumar a cama, e depois, ir atrás da morena.
(....)
- Preparada para ver a surpresa? - Perguntei levantando da cadeira, e levando os pratos para a pia
Any: ainda tem mais??
- Sim, o que você mais gostava de fazer quando pulava o muro de casa?
Any: Eu colocava um colchonete no chão, coberta, travesseiro e dormia embaixo das estrelas...
- exatamente isso, mas hoje vai ser numa versão de luxo
Any: como é?
- vá lá para fora, e veja com seus próprios olhos
Any: não vem comigo?
- óbvio que vou
Any: vem… -ela diz esticando a mão-
- Venho- falei segurando a mão dela e abrindo a porta com a outra, dando a visão do jardim iluminado para ela
Any: Josh.. -ela diz com os olhos brilhando- isso está lindo
- Eu sei, tentei fazer o mais perfeito possível...passei o dia todo trabalhando nisso
Any: por isso sumiu ontem e hoje….
- Exatamente - falei descendo os dois degraus que nos separavam do jardim, puxando ela
Any: como eu sou idiota!
- Ei,Ei,Ei, você não é idiota, seu medo era plausível, eu também pensaria o pior se tivesse vindo de um relacionamento instável, mas agora está tudo sob controle, eu não vou te largar Gabrielly - falei sentando na cama- Entenda...você pode pensar o que quiser, pode pensar inúmeras vezes que eu te deixaria, porque não vai ser verdade nunca...eu permito que crie mil teorias, porque farei questão de quebrá-las,uma por uma, só não permito uma coisa - falei puxando ela para deitar ao meu lado - Só não deixo, e não quero que diga que eu não morreria por você, que eu não mataria por você- falei me ajoelhando na cama, e segurando as duas mãos dela- eu estou de joelhos, e eu preciso de você para ser minha deusa, preciso que seja minha ajuda, e eu serei um salvador que pode remendar o que foi quebrado, desdizer palavras que já foram ditas, te farei encontrar esperança na falta de esperança, vou te tirar desse desastre, e você vai me tirar desse desastre....Quero que saiba que nunca é tarde para reconstruir, porque...uma chance em um milhão, ainda é uma chance, e eu prefiro apostar minhas fichas nessa chance...
Any: Beauchamp… porra -ela diz com o rosto molhado pelas lágrimas- eu te amo pra um caralho…. Eu sonhava todos os dias, por todos esses anos com isso…
- Eu também te amo Gabrielly, até o infinito
Any: Josh.. tem vizinhos aqui ?
- Não sei, mas creio que não- falei rindo e secando o rosto dela
Any: Ótimo..
- Por que a pergunta? - questionei, olhando o céu e sorrindo
Any: simples -ela diz me encarando e então tirando o vestido preto-
- Ow! Eu não fiz esperando algo em troca - falei sorrindo e olhando cada curvinha daquele corpo completamente lindo, no qual estava com um conjunto azul escuro e com brilho, apenas para prender meu foco.
Any: eu sei que não…
- Mas eu quero - falei rápido, com medo dela achar que estava a rejeitando
Any: mesmo?
- Mesmo- falei me aproximando dela e tirando minha camisa- eu sou todo seu meu amor
A cacheada sorriu, me beijou e então me deitou na cama, sentada no meu colo
(…)
Estacionei o carro na garagem do hotel, e olhei para a cacheada:
- Acha que ainda da tempo de uma noite da pizza com ele?
Any: sem dúvidas!!
E assim eu fiz, saímos do carro, busquei o garoto na recreação, e fomos para o quarto nós três, e pedi pelo menos quatro tipos de pizza, além de muita batata frita, refrigerante, e muitas risadas que acompanharam o resto da noite.
(....)
Acordei no dia seguinte com a cacheada deitada em cima de mim, apenas com um lençol nos cobrindo, e graças a deus,lembrei de trancar a porta que separava os dois quartos:
- Bom dia Namorada- sussurrei fazendo carinho na pele dela
Any: Bom dia amor da minha vida -ela diz com voz de sono-
- Como foi dormir pela a primeira vez com seu namorado?
Any: normal, o que é incrível é dormir do lado do amor da minha vida
Sorri bobo, dando um selinho demorado nela:
- Mas hoje, temos que fazer o que de fato viemos fazer
Any: que é ?
- ver meus pais, e fazer a transferência deles
Any: vamos levar o Theo ?
- Nao sei se cemitério é um bom ambiente, deixe ele na recreação, com outros amiguinhos
Any: vamos acordar ele?
- Eu acordo, pode ir tomar banho- falei me levantando e pegando minha cueca, a vestindo, e pegando um short de pijama
Any: eu.. queria ir junto
- An...ir no cemitério ou acordar ele?
Any: os dois
- Entao se veste
Any: Josh.. queria falar com você… -ela diz colocando o pijama-
- Fala, você pode falar o que quiser
Any: sobre o Theo…
- O que aconteceu com ele?
Any: Josh.. para e pensa
- ele ta com problemas na válvula?
Any: não Joshua! Ele tá sozinho… sem família…
- É, uma pena né, mas logo o juizado põem pressão na família, e eles ficam com a guarda, é o certo a se fazer
Any: e o que não seria o certo?
- Deixar ele largado num abrigo? É obrigação da família adotar o garoto, é sangue do sangue
Any: família não é só sangue…
- eu sei Gabrielly, eu sei- falei dando de ombros e abrindo a porta
Any: Josh.. para de ser lerdo!
- O que eu fiz?
Any: estou falando de nós adotarmos o Theo.. -ela diz parando de me seguir-
Adotar? Ser pai? Ter uma criança? Educar? Criar? Eu não sou novo pra ser pai? Nem casado somos...
Eu não sei criar uma criança,e se errarmos?
Não to pronto pra isso:
- An....- murmurei
Any: tudo bem… entendi -ela diz passando por mim, entrando no quarto que tava o pequeno, se sentando do lado da cama e fazendo carinho nos cabelos dele-
Ela...ela ficou chateada?
Ela...ela quer criar uma família comigo?
Que merda eu fiz?
- Pequeno...
Any: Ei… bom dia pequeno…
Theo: Hum...mais cinco minutos mamãe
Any: ma… mamãe…é… vamos tomar café da manhã amorzinho -ela diz com os olhos marejados-
Anda Josh! Da apoio!
Alerta de surto! Alerta de surto!
O que eu faço?
- An...garoto...
Garoto? Garoto? Que porra eu to fazendo?
Theo: Deixa eu dormir papai....- ele murmurou
- An...fi....é....Theo...vem, comer comidinha gostosa
Any: eu prometo que te deixo dormir quando voltarmos, o que acha? E a… mamãe te leva pra comer lanche
Theo: MAMÃE? - ele perguntou se sentando animado na cama, e perdeu um pouco do sorriso
Any: Bom dia pequeno…
Ei...aquilo foi o sorriso da Gabrielly sumindo? Nao, não, não, faz algo Joshua!
Andei até ela, e a abracei por trás, descansando meu rosto no ombro dela:
- Theozinho, eu...quero conversar com você, antes do café, pode ser? Enquanto a Any toma um banho
Any: Não… eu… vamos Theo, você precisa se arrumar -ela diz limpando rapidamente uma lágrima que escorria e saindo do abraço-
- Nao, nós vamos conversar...por favor amor, da licença
Any: Eu.. vou encher a banheira -ela diz se levantando e saindo do quarto-
- Theozinho...você sabe que existe chance dos seus tios não aceitarem você de volta, infelizmente, então queria saber se você aceita morarar pra sempre com a Any e eu, mas sem compromisso, sem precisar chamar de mãe ou pai
Theo: eles… não me querem ?
- Você ouviu as coisas feias que eles falaram na sua frente sem ligar para o que você sentiria...mas sem pressão, você tem direito de escolher eles,ou escolher um orfanato
Theo: mas.. e se eu escolher vocês…?
- Bom, você tem todo o tempo do mundo para escolher, você é um homenzinho cara, mas se você escolher, vamos ter que aprender todos juntos, e ter muita paciência, sendo sincero? De homem para homem? Eu não faço ideia de como cuida de uma criança, tenho medo de não ser bom para você, mas se não tentarmos...
Theo: tio… você é incrível… eu prometo que eu vou pensar… mas.. e se a tia Any não quiser?
- Olha...sendo bem sincero garoto...eu tenho um poder mágico que le a mente da tia Any, e o desavisado da história era eu, eu que não li a mente dela antes, para entender que ela adorou você, e talvez queira você como melhor amigo dela...nao estava nos nossos planos sermos pais agora, mas minha mãe dizia que os melhores planos, são os que não são planejados
Theo: tio… quando voltamos pra casa?
- bom...talvez amanhã, hoje tenho que...visitar minha mãe e meu pai
Theo: eu… posso responder amanhã então?
- você não precisa responder amanhã, temos....uns...três meses até o juiz querer conversar com você...sem pressão garoto
Theo: tá bom…. Será que posso comer o café da manhã gostoso que a tia Any falou ?
- Claro...claro que pode- falei me levantando e abrindo a porta, vendo a cacheada cambalear para trás
Any: esquece essa ideia -ela diz sussurrando- pequeno o seu café já tá aqui no quarto.. come e vai pro banho, você vai ficar um tempinho na recreação hoje
Theo: Ta bom Tia- ele falou sorrindo e saindo correndo em direção da cama
- Você ja colocou essa ideia na minha cabeça
Any: não vamos ficar com ele por peso na sua consciência de não concordar comigo…. Eu vou me trocar
- Nao fala merda- sussurrei encarando ela- nós vamos ficar com ele,só estou com medo de ser horrível
Any: esquece isso Josh.. esquece -ela diz indo pro armário-
Neguei com a cabeça, suspirando profundamente e indo em direção da cama para comer.
(...)
A cacheada já estava trocada e comendo, quando o Theo saiu enrolado na toalha
Theo: Tia, me ajuda
Any: ajudo pequeno!
E foi ali que eu presenciei uma das cenas mais simples, mas, mais fofas do mundo, ela pegando o pequeno no colo, e girando com ele, arrancando risadas dele, depois o deixando sentadinho na cama enrolado na toalha, enquanto procurava uma roupinha na mala, ou então, as risadas e gracinhas que os dois estavam tendo, enquanto eu observava de canto.
Aquilo deu um quentinho no coração, de tal forma que jamais havia sentido antes.
Após arrumar ele, deixamos o pequeno brincando, e fomos para o cemitério.
(....)
Estacionei o carro em frente ao enorme portão branco com uma cruz, e muros altos, suspirei, e desci do carro junto com ela.
Fomos em silêncio andando pelo enorme jardim silencioso, era um cemitério de luxo, então não haviam lapides enormes, apenas placas de granito com os nomes das pessoas, e as datas, além de uma frase de conforto, e vasos de flores com velas.
Era agonizante aquele silêncio, mas era necessário.
Andei por uns dez minutos, até encontrar duas plaquinhas, uma com "Úrsula Beauchamp" e outra com "Ron Beauchamp":
- Posso ficar a sós com eles?
Any: claro… eu.. vou andar por aí
- Obrigado meu amor....- falei dando um selinho nela, e deitando de barriga para baixo, entre as duas placas, e apoiando a cabeça nos meus braços.
Fiquei ali por alguns minutos em silêncio, encarando as plaquinhas, vendo as fotos deles, e de repente, pisquei, por segundos, e escutei alguém me chamar:
Xxx: Filho, levanta dessa grama
- An...?- perguntei abrindo os olhos e me sentando na grama, vendo minha mãe sentada na minha frente com um vestido branco, uma coroa de flores, e um sorriso lindo, juntamente com meu pai, que vestia um terno e uma calça ambos brancos
Ursula: você vai ficar doente
-Mas...o quê...?
Ron: Só assim pra nos ver hein moleque- ele falou rindo e vindo ate mim, me dando um abraço apertado e quentinho
Ursula: sentimos a sua falta
- Eu...eu...eu também senti...- falei me levantando e indo até ela, a abraçando, e sentindo meus olhos lacrimejando
Ron: como você está?
- Eu...eu estranhamente estou sentindo falta de vocês, mais do que o normal
Ron: é normal filho…. Ainda bem que você achou seu caminho de volta
- Achar meu caminho de volta...? Que caminho? E Não, não é normal, eu daria tudo pra ver vocês de novo, acho que poderia morrer feliz se tivesse o abraço de vocês de novo...algum pedacinho meu, morreu junto com vocês, quando dei o último adeus nos velórios
Ron: A Any Josh… a Any foi seu caminho de volta
- Tinha caminhos mais fáceis de nos juntar sem você morrer - dei uma risada triste, enquanto minhas lágrimas começavam a rolar- e você mãe...conservação em formol?
Ursula: é a vantagem de se morrer jovem -ela diz rindo- temos tanto orgulho de você!
- Poderia ter sido mais tarde...sinto sua falta - murmurei a abraçando mais uma vez e deitando no colo dela- costumava ser mais espaçoso...e não vejo motivo para orgulho
Ron: não vê motivo? Beauchamp! Nunca mais repita isso!
- Até no além vai brigar comigo?- perguntei rindo- Nao tem o que se orgulhar...mas tem tanta coisa que eu quero falar, contar....poxa...queria vocês do meu lado...eu lembro de ficar deitado na cama te abraçando mãe...esperando pelas sirenes...você estava tao gelada...eu procurava algum sinal...sinal de que estive viva...eu não queria perder vocês, não estou conseguindo passar por isso....nao sei como tirar essa angústia, mesmo depois de tanto tempo...eu deveria rezar? Procurar algo para me refugiar?
Ursula: filho as coisas sempre acontecem por um motivo…. Eu tenho muita coisa pra me orgulhar de você… e mesmo sem você ver, eu sempre estou com você….
Ron: a nossa presença e o nosso amor por você é igual como o vento
Ursula: você não pode ver, mas pode sentir
Sorri encarando os dois, sentindo as lágrimas rolarem, e levei minhas mãos, uma para cada rosto, dedilhando cada detalhe:
- Faltou tanta coisa que eu deveria ter feito e dito, especialmente para você pai...deveria ter sido mais presente, ter ligado mais, ter brigado menos...
Ron: o amor da sua vida estava lá comigo..
- Mas não era eu...eu deveria ter voltado antes...a culpa dessa desgraça toda é minha...talvez...a Any nao tivesse sofrido, você estaria vivo...eu não sei o que ou quem armou tudo isso, mas não foi justo
Ron: você sabe.. lá no fundo você sabe o que aconteceu
- Eu tenho teorias...mas que a culpa disso tudo é minha...pra começar que eu fui um banana nao indo me declarar pessoalmente para a Any
Ursula: falando nisso… vamos falar sobre a minha nora ?
- Você conhece a Any?
Ron: sua mãe fica te acompanhando o tempo todo filho
- Calma, calma, calma- falei rindo e me sentando- o tempo...todo? Tipo...todo mesmo?
Ursula: não, nessas horas não, não quero ver meu bebê fazendo isso
- Ufa - falei rindo- obrigado - respirei aliviado e voltando a deitar no colo dela- o que tem minha morena?
Ursula: seu pai me contou sobre ela.. mas quero saber de você
- Bom...eu conheço a Gaby desde os quatro anos, praticamente, depois dela chutar dois garotos da escola nova que decidiram me zoar por não ter uma mãe
Ursula: gostei dela
- Ela é fantástica...ela que dormia do meu lado todos os dias, desde pequenos...ela foi minha primeira em tudo, primeira amiga, primeira melhor amiga, primeira garota a me apaixonar, primeiro selinho, primeiro beijo...primeiro sexo- falei rindo e levando um tapinha na testa dela
Ursula: esses detalhes você pode parar…
Ron: e sobre o Theo?
- Pode deixar - falei rindo- o que tem o garoto?
Ursula: ele precisa de vocês
- Eu...eu não sei se to pronto, não sei fazer isso, não quero errar
Ron: e você acha que eu sabia alguma coisa quando sua mãe me falou que tava grávida?
- Mas é diferente, você teve nove meses para se preparar...ele tem 4 anos
Ron: e olha bem pra minha cara, acha que eu me preparei ? -ele diz rindo- sua mãe se preparou, eu não… aprendi na marra
- Mas...vocês eram tao perfeitos juntos, pareciam que sabiam exatamente o que fazer, falar,pensar
Ursula: aprendemos a ser assim…
- Mas ele não quer novos pais
Ron: mas ele sabe que vocês são o melhor pra ele
- Qual o sentido disso tudo? Eu só me fodi na vida, não tenho psicológico pra criar uma criança, perdi minha mãe com três anos, ganhei uma megera como madrasta, fui embora com 17 anos, perdi minha amiga, perdi meu pai a dois quase três meses, como vou ter amor e discernimento para criar ele?
Ursula: você tem a Any…
- Nao, eu tenho que cuidar dela ja...ja machucaram muito ela
Ron: nós sabemos disso… e ainda não acabou… mas vocês precisam viver
- Viver...só sobrevivemos até agora, somos dois fodidos tentando viver em meio a tantas tempestades, como criar uma criança que perdeu os pais?
Ursula: o criando do mesmo jeito que você queria ter sido criado…
Dei um sorriso irônico:
- Quando se tem uma madrasta narcisista e egocêntrica, você não é criado, você aprende a se cuidar sozinho...mas...vou tentar...foi bom ver vocês...mas pergunta antes que isso acabe...posso levar vocês pra nova Orleans?
Ron: você deve… a gente te ama filho, temos muito orgulho de você
Ursula: cuida da any.. assim como ela vai começar a cuidar de você.. vocês dois foram machucados
- Eu também amo vocês - falei abraçando os dois ao mesmo tempo, e sentindo mais lágrimas rolando do meu rosto, e quando pisquei novamente....
La estava eu, de barriga para baixo na grama, com a Any ao meu lado, fazendo cafuné em meus cabelos:
- Oi...
Any: faz uma hora que você tá aqui…
- Desculpa - falei rindo e me sentando, secando as lágrimas que rolavam dos meus olhos - sonhei com eles
Any: eu percebi… você sorria enquanto dormia… o que acha de irmos? Está frio
- Nao, espera...- falei dando um selinho nela e me levantando- vamos conversar para levar eles
Any: eu já conversei amor
- É? E o que precisamos fazer?
Any: Assinei como Any Soares Beauchamp…. Vão começar amanhã e já levar para a nossa cidade
- Hum...Any Gabrielly Soares Beauchamp...- sussurrei sorrindo e dando um selinho nela- precisa de exumação?
Any: sim… mas vão fazer tudo lá
- Menos mal...então vamos...mas antes...vamos adotar o baixinho
Any: do que tá falando?
- Vamos adotar o Theodore
Any: amor… já falamos sobre isso
- Eu quero, só estou com medo
Any: deixa quieto… vamos, temos que ir
- Any! Nao! Eu quero ser pai, mas só se você for a mãe
Any: amor...Você acabou de ter um sonho com os seus pais… não vamos tomar decisões assim
- Any Gabrielly, eu posso não saber nada do futuro, mas sei que nós, somos feitos um para o outro, e quero uma família, Foda-se que somos novos, vamos adotar ele
Any: amor… você não quer.. você na verdade só quer porque eu quero.. e um relacionamento não funciona assim… não que eu seja totalmente experiente, mas não parece certo
- Nao, não, não, eu quero sim!
Any: vem.. -ela diz estendendo a mao- vamos voltar
Suspirei negando com a cabeça :
- Tchau Mãe, Tchau Pai, vou levar minha princesa para o hotel
Any: não me chama assim na frente deles..
- Ah verdade, meu amor, minha rainha,meu raio de sol, razão do meu tesão cotidiano- brinquei pegando ela no colo e girando
Estranhamente depois do sonho, eu estava tao...mais leve
Any: Josh…. Não sou tudo isso
- É muito, muito mais, é o amor da minha vida
Any: você não sabe disso
- Sei sim!
Any: quer que eu vá dirigindo?
- Nao, eu quero que você só aceite que nosso filho chegou mais cedo- falei saindo correndo com ela nos braços
Any: Josh foi uma ideia besta.. esquece
- Nao acho besta, suas ideias nao são bestas
Any: na verdade são, lembra quando eu pulei no lago sem saber nadar
- Eu lembro- falei rindo e colocando ela no carro - acha que um adolescente de 15 anos vai esquecer a paquera dele saindo do lago nos seus braços com um vestidinho todo molhado e transparente, com ela te chamando de herói?
Any: eu fui idiota
- Idiota nao, a ideia só não foi a melhor - falei rindo colocando o cinto nela
Any: posso te perguntar uma coisa?
- Óbvio
Any: como tem certeza?
- Do que?
Any: de que sou eu
- Lembra o que eu falei? Minha mãe sempre dizia que, quando é para ser, nem o tempo e distância atrapalham, o que é seu, sempre volta para você
Any: seja claro…
- Eu...eu não sei de fato, mas eu sinto, meu coração me diz que é você...minha certeza e meu amor são...são...eles são como o vento, não podemos ver....mas podemos sentir
Any: eu te amo… muito
- Eu também te amo princesa
Any: vamos… nosso filho espera a gente
- assim que se fala meu amor!- falei beijando ela, e finalmente dando a volta e entrando no carro.
(....)
Assim que chegamos na recreação, o Theo estava no cantinho chorando, então a Any soltou a bolsa no chão e foi correndo até ele:
Any: pequeno, ei.. a tia Any tá aqui, o que aconteceu ?
Theo: Eles ficaram brincando comigo porque eu não pareço o tio Josh, e por eu não parecer tanto você, zoaram eu não ter papais...
Ouvir aquilo doeu em mim, mas ao mesmo tempo me deu um ódio descomunal, como crianças podem ser tao cruéis as vezes?
Any: Ei… meu amor, não liga pra isso
- Ah...eu ligo...quem foi?
Any: Josh, o que vai fazer ?
- Conversar com o arrombadinho de merda que fez isso - falei encarando as crianças ao redor - quem foi Theodore?
Theo: o ruivo….
- Hum...ótimo - murmurei indo até o garoto que brincava no celular
O que eu estava fazendo? Eu não sei :
- o garoto, vamos trocar uma palavrinha
Xxx: o que você quer?
- Trocar uma ideia, de homem para homem - falei sério, me abaixando na altura dele- qual o problema do meu filho não parecer comigo?
Xxx: ele não é seu filho
- Aé? E o que faz ele ser meu filho? Pedacinho de cenoura ambulante? Primeiro que existem filhos que parecem mais um dos pais do que o outro, mas ser filho não é só sangue, mas acho que você é pirralho demais pra entender, então vamos fazer assim, fala mais uma vez dele, que eu faço o papai Noel nao lembrar de você nos próximos cinco anos
Xxx: Ele só é um órfaozinho que vocês ficaram com dó e resolveram cuidar
- É? E você vai ser só um zé ninguém na lista de péssimos garotinhos que não merecem nem a porcaria de um pedaço de carvão no natal, fala do meu filho, de novo, e eu faço questão de fazer a sua cenourinha virar suquinho, daqueles horríveis que nenhuma criança quer por perto de tão ruim que é
Xxx: com licença -diz uma menininha loira de olhos azuis, com aparentemente quatro anos-
- Pois não princesa? - perguntei sem tirar os olhos do garoto, com um sorriso levemente psicopata
Xxx: posso fazer uma coisa?
- Depende, se você souber fazer suco de cenouras eu deixo
Xxx: ótimo -ela diz indo até o cenourinha e dando um chute nas partes baixas dele- Não fala assim do Theo!
Eu ri! Eu simplesmente cai numa crise de riso genuína, foi a mesma frase que a Any falou.
Eu só conseguia rir enquanto o menino caia no chão, rolando de um lado para outro, chorando.
Imaturo da minha parte? Talvez, mas não fui eu quem chutou!
Any: Josh! -ela diz rindo e vindo até mim e vendo a menina do nosso lado- obrigada princesa
Xxx: meu nome é bela!
Theo: Valeu bela, você é fantástica - o pequeno falou rindo e abraçando a amiguinha, saindo andando de maos dadas com ela
- Ei garoto, engole o choro- falei levantando ele- você fez o mau e recebeu de volta, seja homem para entender que foi errado, e nada acontece, se não, ja sabe, eu tenho o contato do papai Noel, entendeu?
Xxx: Tá… entendi…
- Ótimo, some da nossa vista
O menino me olhou assustado e então saiu correndo
Any: me lembra de aconselhar o Theo de sempre se declarar pessoalmente…
- Você pensou o mesmo que eu- falei rindo e dando um selinho nela- mas por enquanto deixe eles serem crianças - falei rindo
Any: vamos deixar ele com a Bela? Precisamos arrumar as coisas, voltamos amanhã
- Desde que a Bela nao seja uma má influência
Any: acho que podemos ir arrumando as coisas então
- só arrumar as coisas.....?- perguntei rindo e roubando um selinho
Any: o que está pensando ?
- Nao sei...lembrar de você naquele rio me deu gatilhos fortíssimos- sussurrei saindo da recreação - ou você esqueceu que foi a primeira vez que você me viu entre muitas aspas, duro?
Any: Josh! Que safadeza!
- O que?! Você que me lembrou daquela cena fantástica - falei rindo e chamando o elevador
Any: era um exemplo
- Um exemplo extremamente perigoso - falei rindo e entrando no elevador, puxando ela para dentro, comigo
Any: aqui não Josh
- Ta...e no quarto? - perguntei rindo e a abraçando
Any: tá, no quarto pode ser -ela diz rindo e se virando pra mim-
- Obrigado por ser minha mulher desde aquele chute- falei rindo e a puxando para um beijo.
(....)
Uma semana se passou, e a vida voltou ao normal, havia matriculado o Theo na mesma escolhinha da amiga Bela, que ironicamente era da mesma cidade que nós, a Any voltou a trabalhar normalmente, e eu também, de volta ao inferno de lidar com o Andrew, mas até ai "tudo normal", ja que ele acredita fielmente a Any morreu.
Estava no meio de uma ressonância magnética quando uma das secretárias entrou na sala:
- Oi Jane, aconteceu alguma coisa?
Jane: Aconteceu… lembra que você pediu pra eu pegar o resultado da autópsia da exumação dos seus pais?
- Lembro...espera, Jack por favor segue o exame sem mim- falei saindo da sala
Jane: um dos corpos… estava com alta concentração de remédio… o
Motivo da morte foi overdose
- Bom, minha com certeza não tem mais células e artérias para reconhecer remédios...agora como meu pai tomou tanto remédio?
Jane: eu… bem.. talvez ele não sabia que estava tomando
- Isso é uma acusação séria Jane, podemos estar falando de assassinato
Jane: eu sei.. mas é a única explicação
- Puta merda...aciona meu advogado!
Jane: tá.. e o que eu falo ?
- Nao sei, mas quero abrir uma investigação
Jane: tá… vou marcar uma reunião e vocês conversam
- Ótimo...obrigado...eu...eu preciso sair mais cedo...
Jane: tudo bem… eu imaginei mesmo
- Obrigado...- murmurei e sai andando rápido em direção do estacionamento.
Mataram meu pai?
E por que eu acho que sei quem foi hein?
Como não pensei nisso antes?
Aquela sensação de leveza aos poucos foi sumindo, e uma raiva descomunal cresceu em mim, eu só queria esganar aquela mulher, queria fazer pagar por todos os pecados dela, queria reenvindicar a alma do meu pai.
O ódio me dominava, e eu só conseguia dirigir com o pé no acelerador, indo até a casa daquela desgraçada.
Casa no qual deveria ser minha.
Estacionei o carro, e desci, entrando pelos fundos ja que a porta estava aberta, e andando pela casa, até a encontrar de costas cortando morangos:
- Filha da puta - murmurei entrando na cozinha
Linsey: o que tá fazendo aqui ?
- VOCÊ MATOU O MEU PAI! - gritei segurando ela pelos braços
Lindsey: Que ? Do que você tá falando ?
- NÃO SE FAÇA DE LOUCA- gritei apertando os braços dela- O QUE VOCÊ FEZ SUA IDIOTA? ELE ERA FANTÁSTICO COM VOCÊ!
Linsey: EU NÃO FIZ NADA, ME SOLTA
- FEZ, FEZ SIM SUA CÍNICA! VOCÊ ESTRAGOU A MINHA VIDA! VOCÊ ACABOU COM TUDO QUE ME FAZIA FELIZ!
Eu estava prestes a fazer uma loucura, eu estava perdendo a noção da força que estava usando, quando a porta se abriu e a Any entrou desesperada
Any: Josh, solta ela!
- O que...- murmurei encarando minha mulher e soltando a loira, vendo minhas mãos completamente desenhadas nos braços dela
Any: Olha aqui sua megera! -ela diz olhando pra linsey- se atreva a falar disso pra alguém, que eu tiro o resto da sua herança, me entendeu?
Linsey: Eu...eu...eu não fiz nada...mas...eu...eu entendi....- ela soluçava assustada, me olhando
- Eu vou fazer sua vida virar um inferno! - falei sério, olhando no fundo dos olhos dela, enquanto a cacheada me puxava para ir embora
Any: você tá maluco Beauchamp ?
- Eu...eu...- murmurei saindo da casa e me encostando no carro - eu perdi a cabeça
Any: eu percebi! Você quer perder a empresa e a sua carreira ???
- Nao...eu não sei o que deu em mim...eu não sou assim, eu juro!
Any: eu sei que não.. a Jane me ligou e me contou… seu plantão acabou ?
- Nao sei...nao to com cabeça pra cuidar de ninguém...cuida de mim...por favor - falei sentindo meus olhos se encherem de lágrimas
Any: é claro que eu cuido meu amor… eu vim de uber… vamos pra casa
- Dirige pra mim...
Any: Dirijo, vem vamos pra casa...
- Obrigado...
Sabe aquele momento em que você sabe que fez merda e não tem o que falar ou fazer?
Então, passei o resto do dia em silêncio, até dar o horário de buscar o Theo, deixei a Any em casa, e fui até a escolhinha.
E foi mágico como aquela criança me recarregou :
Professora: Theodore, o Josh chegou- ela falou para o menininho que desenhava com a loirinha de olhos azuis.
Ele então deu um beijo na testinha dela,pegou a mochila e foi correndo para mim, me dando um abraço apertado.
Theo: eu senti saudade!
- eu também garoto- falei girando ele no ar- o que acha de um lanche dos caras?
Theo: mas e a Tia Any? Podemos levar um lanchinho pra ela?
- Podemos, ela está resolvendo coisas de adultos
Theo: e você tá com carinha triste, tá tudo bem?
- Nao...mas não é nada que você deva se preocupar
Theo: mesmo?
- Mesmo garoto...e que beijinho na testa fofo que você deu na amiga- falei pegando ele no colo e andando até o carro
Theo: ela é minha princesinha
- Sua? Princesinha? Garoto você tem que tomar mais achocolatado- falei rindo- criança tem que ser criança
Theo: você e a tia Any já se gostavam nessa idade
- É, mas só fomos ter algo com 15 e depois 23
Theo: mas foi só um beijinho na testa
- Olha cara, seja o mais respeitoso e amoroso com a sua amiga, faça ela acreditar que de fato é uma princesa
Theo: pode deixar! -ele diz sorrindo- Tio… fizemos a surpresa de dia dos pais hoje
- Ah, e como se sentiu?
Theo: triste… mas… pode me por no chão e me dar a minha bolsinha ?
- Claro- falei parando em frente ao carro, colocando ele no chão e entregando a mochila dele
Theo: eu fiz pra você -ele diz tirando o embrulho da bolsa e me entregando-
- Theodore....eu...uau...eu...obrigado
Theo: pode jogar fora se quiser
- Nao,não, não, eu...eu adorei pequeno, sério...valeu carinha- falei sorrindo e o abraçando
Era uma folha normal, com bonequinhos de palito,três bonequinhos no chão, um com cabelos longos e cacheados e um vestidinho, um boneco mais alto, com cachinhos loiros, e um pequeno, com cachinhos castanhos, e la no alto da folha, junto com o sol e as nuvens, quatros bonequinhos com asinhas
Theo: feliz dia dos pais papai… -ele diz olhando pra mim-
- Theodore....eu...uau...eu não quero te apressar, não precisava....mas...obrigado
Theo: não quer mais que eu seja seu filho…?
- Quero,Quero,quero, o que eu estou falando carinha, é...vai no tempo do seu coração, vou estar aqui te apoiando sempre
Theo: o meu coração… ele não tá mais tão dodói assim
- Que bom, eu fico feliz, ta? Muitão...e agora, partiu lanche?
Theo: com muito cheddar e batata frita!
- Ótimo, vou te copiar então hein!- falei rindo e colocando ele na cadeirinha, e em seguida entrando no carro.**********************************
Foi isso galera, esperamos que tenham gostado do capítulo, mil perdões pela demora, se tudo der certo, aos finais de semana vou ir postando.Não esqueçam de votar e comentar.
Beijinhos doces, Tia Milla
05/06/2024
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My Heart Doctor - Beauany
FanficMy Heart Doctor, Um doutor para corações feridos conta como o mundo do pequeno Josh virou de cabeça para baixo e se tornou cinza. Assim que sua mãe faleceu por culpa de um câncer, deixando seu pai e o menininho de 3 anos; mesmo sem entender de fato...