03. Restaurante.

406 23 17
                                    

Quinta-feira, 23 de Janeiro.

- UNO!! - A extrovertida praticamente gritou.

- O que?? Não, você tá roubando, Édra. - César exclamava indignado. - Impossível. Você já ganhou quatro vezes.

- Olha, eu não tenho culpa se vocês dois não sabem jogar. Eu avisei que eu era ótima nesse jogo, viu? - Ela dava de ombros.

Liz e o rapaz se encararam cerrando os olhos, os dois sabiam da capacidade em trapacear de sua amiga.

- Édra...

- O que é, gente? Porra... Tão querendo dizer algo é?

- Cê tá roubando?

- Oi? Você tá ouvindo o que tá dizendo pra mim, Liz? Acha que eu sou assim? Que eu vou roubar no uno? Isso é um absurdo.

- Ei, ei... Calma. Só é estranho, tá legal?

- Hm, muito bonito vocês dois duvidando de mim. - Ela dizia realmente irritada. - Olha, quer saber, eu nem quero jogar mais.

A moça levantou e as suspeitas se confirmaram. Um monte enorme de cartas estava escondido debaixo dela, ela as guardava desde a primeira partida do jogo.

- Édra mas o que é isso???

- Lalala, eu nem tô te ouvindo. Lalala!! - Ela ria subindo as escadas correndo. Essa garota é imparável.

César e Liz acabaram ficando sozinhos. Toda tensão anterior já havia sido esquecida, os dois ignoravam o acontecido e mantiveram sua dinâmica.

Ambos agiam como um casal, se apresentavam como um casal, mas não eram um casal. Ainda eram um dominador e uma submissa completamente discretos. Cumprindo o acordo de não revelarem sua real conexão bdsm.

Eles não se relacionavam com ninguém, mas também não se relacionavam entre eles. Não haviam sentimentos, carinho, beijos, apelidos, sexo. - Sexo era explicitamente proibido. - César se recusava a vê-la nua.

Isso se manteria até a partida de Édra. Onde o homem voltaria a sua própria casa e a rotina se normalizaria.

Liz seria buscada todos os dias que César a desejasse e seu pagamento seria depositado todo início de mês.

Uma relação quase que profissional.

Liz aceitou essa proposta há cerca de 5 meses. Os dois se conheceram logo quando a garota descobriu o mundo do BDSM. César já praticava há quase 15 anos.

O contrato duraria 6 meses, tudo que deveriam saber estava redigido e firmado em cartório. Práticas, limites e observações, tudo previamente visado.

Aquele papel garantia que nenhuma restrição seria violada.

A dupla se encarou por alguns segundos e então finalmente o silêncio foi quebrado.

- Édra e eu estamos pensando em sair essa noite... Você vai querer ir dessa vez?

- Ah.. Não, não. Tenho trabalho, deixa pra próxima mas muito obrigado.

- Tem certeza? Você vive no trabalho e não saiu com a gente desde que Édra chegou..

- Tenho sim, se divirtam. Inclusive.. - o homem verificou o relógio do seu celular. 16h38. - Eu vou indo, o restaurante abre em breve e eu gosto de estar lá.

PERSONA: Jogos De Dominação.Onde histórias criam vida. Descubra agora