04. Vai se foder, César.

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Quinta-feira, 23 de Janeiro.

Mas que porra tá acontecendo aqui?

Os olhares se cruzaram como num tiroteio infeliz. A morena então quebrou a encarada e sorriu gentilmente ao homem, disse algumas palavras e então virou as costas.

Antes que Édra pudesse dizer qualquer coisa, Liz já estava no meio do salão indo de encontro com desconhecida. Ela parecia um turbilhão, um vendaval. Seu peito martelava e ela por pouco se impedia de chorar.

- Liz!! Caralho... - A amiga murmurou baixinho antes de disparar atrás da mulher.

Em vão, ela chegou antes de qualquer impedimento. A garota estava no telefone já na calçada do estabelecimento. Ela praguejava incrédula.

A "esposa" a fitou por inteiro antes de soltar qualquer palavra.

- Quem é você?

- Quem sou eu? Quem é você? - Ela gesticulava olhando no fundo dos olhos de Liz.

- César vai ter que me explicar essa história muito bem.

- Puta que pariu, incrível como homem sempre arruma uma merda pior né? - A garota parecia irada.

- Escuta aqui. - Liz apontava o dedo para o peito da moça. - Se eu fosse você abaixava a sua bolinha, porquê o meu problema aqui não é com você. Mas pelo visto vai ser em alguns segundos....

A estranha encarou o dedo da outra a um passo de perfurar seu coração, e então voltou a encará-la.

- É? Ou então o que em? Fala pra mim o que você vai fazer, só pra eu ter uma ideia do quão baixa você é.

Édra que até então só observava aflita, percebeu que tinha que intervir. Caso contrário, a próxima parada depois dali, seria o hospital mais próximo.

- Ei, ei, ei... Vamos respirar. Vamo manter a calma e conversar igual gente civilizada.

- Sua amiga sabe o que significa isso, meu bem? - A mulher dizia e foi quase como implorar pra que Liz fosse pra cima dela. Felizmente, Édra estava lá pra impedir que as duas fossem embora algemadas.

- Não faz eu arrastar sua cara em todo asfalto de Amsterdã, garota. - Ela dizia com Édra no meio delas.

- Vamo dar uma segurada vocês duas. Por favor!! A última coisa que eu quero é sair em capa de jornal dando esse vexame. - As duas ainda se mantinham agressivas. - Liguem para César e se resolvam.

- Resolver? - Um carro vinha chegando a pedido da moça. - Eu quero que se foda você, essa tua amiga maluca e aquele fodido de merda.

Ela foi embora e agora só restavam Liz, Édra, e um amontoado de pessoas que trabalhavam no restaurante e assistiam todo espetáculo discretamente.

- Que porra foi essa, Liz? Ta querendo arrumar um problema do tamanho de uma semana???

- Ah, não fode, porra!! eu queria que se foda o "problema". Aquele merda... Aquele desgraçado.

A mulher sorria de nervoso enquanto tentava recobrar o ar dos pulmões, sentindo suas mãos formigarem, cada vez mais próxima do colapso.

- Liz... Respira. - A amiga tentava se aproximar, mas a mulher esquivou imediatamente, partindo sem rumo.

Ela começou a andar sem direção esbarrando em todos, tentando sair da multidão. Completamente tirada no ódio.

Ela não tinha nada com ele. Nada. Mas ainda assim aquilo revirava seu peito. Aquilo a fazia querer fritar os olhos de César, e comer um por um. Maldito, mentiroso, desgraçado. Mesmo que eles não fossem um casal, ainda tinham um contrato e nem isso ele cumpriu.

PERSONA: Jogos De Dominação.Onde histórias criam vida. Descubra agora