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— Cadê aquele maldito? Cadê ele? Apareça, seu desgraçado. Apareça!

— Damian, mas que loucura é essa? — Karol correu para intercepta-lo no meio do caminho. O coração palpitando no peito. — Aqui não há mais ninguém além de mim e do criado que veio me acompanhar até a carruagem.

— Mentira! — Gritou o milorde, olhando o entorno. — Eu sei que aquele verme está aqui. Ande, diga, diga onde o escondeu? Cadê aquele covarde?

— Milorde, a senhorita está dizendo a verdade. Não há nenhum outro cavalh...

— Cale-se, seu imprestável! Em que momento eu o mandei se dirigir a mim? Volte para o trabalho imediatamente! E pela porta dos fundos. Vá!

Horrorizada, Karol olhou para o jovem que não pareceu nem um pouco abalado com aquilo. Com educação, o criado assentiu para os dois e trocou um olhar rápido com ela antes de voltar à mansão, obedecendo a regra de ir pelos fundos da propriedade.

E ele mal havia ido quando Damian passou pela menina e foi até o extremo do terreno, observando o entorno, muito embora estivesse nítido que não havia mais ninguém por ali, exatamente como lhe havia sido informado.

Contudo, o milorde não ficou menos transtornado.

— Isso não vai ficar assim.... — Murmurava, esfregando a lateral da cabeça com o cano da arma que segurava. — Eu vou acabar com ele. Ele me pagará por essa maldita humilhação! Eu juro que pagará!

Karol levou as mãos ao rosto, assustada com Damian.

Sim, era lógico que ela entendia a raiva dele, mas o homem estava possuído por um tipo de ódio que o transformava em alguém que ela desconhecia. Damian estava com os olhos azuis nebulosos, a face machucada parecia transfigurada pela raiva; não era nem de longe o cavalheiro que a cortejou por tanto tempo.

— Deveria entrar, milorde. — Ela ousou dizer, respirando com força para criar mais coragem. — Vamos, eu o acompanharei.

— A senhorita não me toque. — Ralhou, furioso. — Pensa que eu não a vi nos braços dele naquele salão? Acha que pode me fazer esse tipo de coisa? Dê-se ao respeito! Eu não me importo com o que aconteceu no passado, mas de agora em diante, você e eu temos um compromisso e não poderá agir como bem entender. Terá que me respeitar! Ouviu bem?

Ultrajada, mas ainda com medo de estar ali sozinha com ele, Karol engoliu os impropérios que quis dizer e simplesmente lhe lançou um olhar cortante, dando a meia volta em seguida, apressando-se para retornar à mansão. Não confiava naquele Damian que estava ali.

Contudo, antes que alcançasse as escadarias da entrada, o braço dela foi puxado e a menina girou sob os calcanhares, quase se chocando contra o peito de seu noivo.

— Porque não me respondeu? Ande, diga alguma coisa, fale que entendeu o que eu disse. Quero que seja sincera. E, acima de tudo, quero que me entenda.

Com o canto de olho ela reparou na arma que estava na outra mão dele. Karol estremeceu.

— Depois nós conversamos.

— Não. Depois não existe. Eu quero que fale agora.

Apesar de tensa, a ruiva buscou o olhar dele, tentando não pensar nos inúmeros hematomas que já tomavam conta do rosto do milorde.

— Se o senhor não me soltar, eu juro por Deus que tomo essa maldita pistola da sua mão e disparo bem no seu peito. Não me importo de ser presa, porque pior seria conviver com a ideia de que deixei um homem me dá ordens. Por isso, se ainda há um pouco de juízo na sua cabeça, solte-me. Solte-me agora.

O Conde Corvo - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora