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𝙳𝚘𝚒𝚜 𝚊𝚗𝚘𝚜 𝚊𝚝𝚛𝚊́𝚜....

Karol se esgueirou pelo corredor que separava seu quarto do quarto de Javier. O andar estava silencioso, pois a maioria dos criados estava na cozinha. O cômodo lá fervia com tantas idas e vindas para preparar o almoço.

Já de Kyara ela não sabia nada, mas tampouco a procurou. Se a irmã ficou magoada com a história do colar de Damian, tanto fazia. Ela até podia ficar com o milorde se quisesse. Karol não se importava.

A única coisa que desejava era encontrar as provas contra Javier e ir embora com Ruggero.

— Certo.... — Balbuciou para si mesma ao entrar no quarto do pai.

Aquele cômodo era especialmente grande. Javier não poupava os luxos. O quarto contava com uma cama enorme e balaústres de madeira de lei; nas paredes quadros caríssimos decoravam, além de cortinas escuras bem grossas e quilômetros de livros organizados em sua biblioteca mais do que particular.

Karol abraçou o próprio corpo, zanzando de um lado a outro.

Tinha tanto lugar para procurar....

Até onde a menina sabia o pai havia ido até uma propriedade vizinha, mas não demoraria a voltar. Era sua única chance naquele dia e não poderia desperdiçar. Se Javier achava que ela estava domada, então a sufocaria menos, em contrapartida não era saudável esperar ainda mais.

Aquela história estava no começo de seu fim.

— Droga! — Xingou por entre os dentes ao forçar uma das gavetas da cômoda do pai e perceber que a mesma estava trancada.

Ela já havia desistido de pensar que os documentos importantes estavam no gabinete. Se Javier achava que ela estava querendo ajudar o Conde, então certamente acharia uma forma de escondê-los ainda melhor.

E que lugar seria melhor do que uma gaveta trancada à chave? Ela pensou.

Obstinada, Karol procurou a chave em todos os cantos. Remexeu nos lençóis, nos outros móveis, embaixo da cama e até dos tapetes. Poderia estar em qualquer lugar, inclusive com o próprio Javier...

Num último golpe de esperança, começou a remexer nos livros. Eram centenas! Em determinado momento precisou ficar na ponta dos pés e retirar alguns de seus devidos lugares.

Injuriada, puxou um exemplar de capa escura e outros dois caíram.

— Porcaria! — Guinchou baixinho, abaixando-se depressa para pegá-los.

Quando os arrumou de volta na estante, notou algo cintilando num canto. Dali ela podia ver a pontinha do metal. Com cautela, caminhou até perto de uma poltrona posta ali e a afastou um pouco, apanhando um chaveiro que estava pendurado no puxador de uma portinha bem escondida por trás da poltrona.

Ela quase chorou de felicidade.

Correndo, cruzou o quarto e destrancou a gaveta. Touché! Pensou. Um sorriso se alastrou por seu rosto e depressa retirou as pastas de couro de dentro do pequeno espaço, correndo os olhos pelas dezenas e dezenas de folhas. Eram inúmeros papéis e milhares de informações.

Ela não entendia quase nada, mas reparou no carimbo do contador. O homem solicitava uma auditoria. O nome do funcionário era Edward... Edward Carrigan. E pelo tanto de solicitações, o homem parecia determinado ou muito alardeado com algo, pois informava que desvios bastante acentuados estavam sendo feitos do caixa principal da empresa.

O Conde Corvo - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora