O Arranjo • Sillie

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-Millie-

-sinta-se à vontade, Sadie. -meu pai, que abria a porta, falou.

-não se preocupe, não vou demorar. -falou me encarando por um bom tempo.

-esse é Millie, a sua futura esposa, certo? -meu pai encostou nela e recebeu um olhar furioso.

-saia daqui. -mandou olhando meu pai por cima do ombro.

Ele ficou parado onde estava enquanto ela so me encarava seria, as vezes eu podia ver algo como admiração ou simplesmente tesão em seu olhar.

-não ouviu? Eu disse que saia daqui! -falou um pouco mais alto.

-me desculpe. -meu pai falou e saiu da sala, indo em direção ao quarto.

Ela fica calada por mais um tempo, me encarando. Não encarando meus olhos, ela olhava minha cintura que estava descoberta.

-oi. -falei depois de muito tempo e me cobri usando os braços.

Ela retira os olhos da parte fixa que encarava e fitou meus olhos. Ainda em silêncio, eu não sei o que ela quer mas está conseguindo me irritar.

-oi? -repeti, dessa vez mais alto, fazendo soar meio tom de indignação. Ela dá um leve riso retirando as mãos dos bolsos.

-sim, me desculpe. -começou a caminhar na minha direção. -sou Sadie, a que foi escalada para ser sua esposa. -continuou andando, por segurança dei um passo para trás, o que não adiantou muito já que logo senti minhas costas contra a parede. -cheirosa... -ela inala o ar, sentindo meu perfume doce tocar suas narinas.

-claro, eu tomo banho. -ela pisca com força.

-menina má. -sussurou se aproximando mais um pouco.

-perto demais. -toquei em seu abdômen, e ainda por cima do terno consegui sentir seu peitoral marcado. Isso me deixa balançada quase que excitada, acabo arfando e logo sinto algo indo contra minha barriga. Olho para baixo vendo a calça apertada e o grande volume presente ali. Agora consigo compreender o motivo das aspas usadas por meu pai ao se referir a ela.

Voltei meu olhar para ela, sentindo minha visão meio turva. Quando nossos olhares se encontraram ela já me olhava, o que me deixou nervosa, até demais.

Ela se afasta, arrumando a calça, eu limpei a garganta, indo até o bar e pegando uma dose de Whisky. Esperei ela se recompor enquanto comia alguns morangos que eu havia deixado ali para fazer uns drinks para mim mesma.

-meu pai falou que sempre tenho que oferecer uma dose do melhor Whisky que temos a um homem. -ela franziu o cenho.

-homem? -indagou.

-é, não sei se gosta, por ser chamada de mulher, mas a sua pose é de um homem bem... machista. -confessei levando o copo até ela, ainda comendo um dos morangos.

-ah sim, então está em dúvida sobre o meu gênero, estou certa? -pegou o copo da minha mão, o segurando com força.

-claro que sim. -mantive minha postura.

Ela fica calada, me encarando com algo parecido como raiva. Eu não sei mas acho que o silêncio é a pior coisa que eu poderia ouvir vindo dela. Seu silêncio me assusta, o que é ridículo.

A ruiva parecia pensar, e muito. Não sei no que, mas adoraria saber o motivo de toda a sua fúria, que transparecia em seu olhar.

Com todo esse silêncio conseguir reparar em como é bonita, os olhos azuis, da cor piscina, lindos, parecendo o mar. Os cabelos de fogo, lindos, brilhoso, seu cheiro masculino e sofisticado que exalava pela sala inteira. Os acessórios que a deixava sexy, a corrente combinada com a camisa meio aberta, mostrando o começo de uma tatuagem, a pele alva, branca como a neve. Ela é linda, linda demais.

-mudei de ideia. -virou a dose toda de uma vez. -amanhã, às quatro horas da tarde. -bateu o copo com força em cima da mesa de centro.

-o-o que tem amanhã? -perguntei nervosa.

-avise ao seu pai, Millie. -caminhou até a porta. -avise que o casamento será amanhã às quatro em ponto da tarde, esteja pronta até lá. -abriu a porta. -tenha uma boa noite, querida. -apelidou com deboche e bateu a porta com força.

-Millie! -meu pai berrou aparecendo na sala. -o que fez?! -segurou meus ombros, me sacudindo e gritando comigo.

-Sadie-

Que menina mal educada, mal consigo descrever a raiva que estou sentindo agora. Como ousa me chamar de homem, ela não vê que sou mulher?

E eu mal sei o porque de eu ter tomado essa atitude de adiantar a data. O que me deu agora, só posso estar enlouquecendo mesmo.

Entrei em meu carro, ainda refletindo sobre isso, parada em frente a casa. Aperto o volante com força. Sentindo raiva por minha futura esposa ser tão ousada.

O pior de toda essa situação é eu estar completamente dura, excitada, com o desejo de entrar naquela casa e fazer ela sentar em mim, apenas para me satisfazer e ensinar a ela que deve se manter calada, não é assim porra!

Sem papas na língua, ela não move um esforço para segurar o insulto. Mal educada, mas pode deixar que eu mesma vou ensinar a ela como se comportar.

-Millie-

-você só pode estar louca, Millie! -ele ainda gritava comigo, depois de horas de escândalo, eu não sei de onde aquele velho tirava tanta garganta para berrar na cara dos outros.

-eu não fiz nada! -em um movimento sai de seu agarre. -não quer que eu me case? -me afastei dele. -ela apressou.

-como? -falou ainda bravo.

-o casamento acontecerá amanhã, às quatro horas da tarde.