Jin Se - Priest

Capítulo 30: Jogada de Abertura

Na calada da noite, uma sombra escura passou pela janela de Shi Wuduan. O pátio estava silencioso, exceto pelo som da neve caindo. A sombra havia se materializado tão discretamente quanto a neve caindo do telhado. Não deveria ter sido notado, mas Bai Li abriu os olhos.

Não havia o menor indício de sonolência em seus olhos; ele nunca tinha adormecido em primeiro lugar.

Bai Li olhou para Shi Wuduan, o último dos quais inconscientemente se contorceu nos cobertores. Sua cabeça não estava mais no travesseiro, pois ele já estava completamente enrolado sob os cobertores. De alguma forma, ele não estava desconfortável.　　

Bai Li dobrou os cobertores ligeiramente para trás de modo que pelo menos seu queixo ficasse exposto. Um momento depois, Shi Wuduan encolheu em desconforto novamente. Bai Li sorriu enquanto se levantava silenciosamente da cama. Acariciou com o dedo a "luz" ao lado da cama, fazendo-a crescer, depois enfiou os cobertores e saiu, mas não pela porta. Recusando-se a deixar entrar o ar frio lá fora, ele passou pelas paredes como um fantasma.

Era quase como se ele tivesse sido feito de vento frio e noite escura o tempo todo. Sair daquele quarto quente foi como entrar em um mundo diferente. Ele ergueu a cabeça, estreitou os olhos e cerrou ferozmente os dedos em punho. A sombra negra facilmente caiu em suas mãos, forçada em sua verdadeira forma.

Não era uma pessoa. "Seu" corpo parecia ser totalmente ilusório. Era como um pedaço de pano nas mãos de Bai Li. Tinha rosto, pescoço, até torso e quatro membros; seu rosto poderia ser considerado bonito - se ao menos não estivesse constantemente mudando com a brisa.

A pessoa de pano abriu a boca, mas não ousou falar. Embora estivesse escuro, não era difícil dizer que a expressão de Bai Li era extremamente assustadora. Ele olhou para ele e disse quase silenciosamente, "Eu te avisei antes para não me seguir nesta cidade. Se você me seguir mais um passo, eu vou te matar."

Um som finalmente escapou da pessoa de pano, mas não era fala humana, era como o som de alguém gorgolejando debaixo d'água.

O que era ainda mais estranho era que Bai Li era capaz de "entender" isso. Seu rosto permaneceu impassível como sempre, "Eu tenho meus próprios planos. Desde quando pessoas como você têm autoridade para me questionar?"

A pessoa de pano parou de se mover, seus sons gorgolejantes também diminuíram. Uma expressão inconfundivelmente preocupada apareceu em seu rosto. Bai Li o examinou por um momento antes de finalmente soltá-lo. A pessoa de pano vagarosamente caiu no chão diante dele. Bai Li juntou as mãos atrás dele e disse: "Eu sei. Você pode cair fora agora."

A pessoa de pano estava totalmente preta. De alguma forma, ele se levantou e ficou de pé sobre suas pernas macias e moles. De longe, parecia uma flâmula lamentável, sustentada por um poste invisível enquanto o vento a golpeava, mas não a levava embora.

A pessoa de pano flutuou mais perto de Bai Li. Seus pés flutuavam sobre o solo, sem deixar vestígios na neve. Ele agarrou corajosamente a gola das vestes de Bai Li e gorgolejou suavemente. Bai Li o jogou de lado e rosnou: "Não ultrapasse seu lugar! Tudo o que você precisa fazer é parar de se intrometer! Vou deixar Guji em alguns dias e também... não tenha nenhuma ideia sobre ele."

A pessoa de pano deu um passo para trás, olhando na direção do quarto de Shi Wuduan.

Bai Li retrucou impacientemente: "Suma!"

Suas palavras foram acompanhadas por uma rajada de vento semelhante a uma navalha girando em torno dele. A pessoa de pano foi enviada voando. Aterrissou desajeitadamente no telhado, rolou algumas vezes e flutuou no ar. Finalmente aprendeu a parar de provocar Bai Li. Ele piscou e se foi.