Capitulo 32 🏒

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Taehyung

 Entro no rinque às nove da manhã em ponto na segunda-feira. O cheiro familiar de gelo e suor me atinge de imediato, na boca do estômago. Esse trabalho significa muito para mim. Se o perder, sei que vou superar a decepção. Que não vai acabar comigo.

 Mas vai ser um saco.

 No metrô, ensaiei minha admissão de culpa. Estou pronto para dançar conforme a música. Então marcho direto para o escritório bagunçado de Bill Braddock e bato na porta aberta.
 Quando ele levanta o rosto, parece surpreso. Depois sorri, sentado à escrivaninha.

 O aperto no meu peito relaxa um pouquinho. “Tem um segundo?”
 “Pra você? Claro. Fecha a porta, treinador.”

 Meu cérebro trabalha rapidamente para decodificar as frases curtas. Ele ainda está me chamando de “treinador”, o que é bom. Mas, quando ouço o clique da porta, me pergunto se ainda vou ostentar o título quando a abrir de novo.

 “Você parece melhor”, ele diz, quando sento na cadeira à sua frente.
 “Me sinto melhor”, digo na hora. “Meu corpo finalmente está livre dos remédios. Comecei a me exercitar. As coisas estão voltando ao normal.” Isso tudo é verdade, mas deve parecer que estou me esforçando demais para agradar.

 “O médico já te liberou para o trabalho?”

 Balanço a cabeça negativamente. “Cheguei de viagem ontem à noite. Te encontrar estava no topo da minha lista. Mas vou marcar uma consulta no primeiro horário disponível.”

 “Ótimo.” Ele pega um disco — o único peso de papel que há na mesa de um treinador — e o gira nos dedos. “Peço desculpas mais uma vez por não ter ouvido quando me disse que seu colega usava linguagem depreciativa.”

 Meu primeiro impulso é dizer que não tem problema. Mas pensei um pouco a respeito e estou meio que puto comigo mesmo por ter deixado passar.

 “Estou pronto para preencher aquele formulário”, digo. “Gostaria de fazer uma reclamação oficial.” Ainda que não me sinta pessoalmente atingido pelo linguajar de Danton, é meu dever impedir outro técnico de dizer “bichinha” a cada três palavras. Mesmo que acusar alguém me deixe desconfortável. “Estamos tentando criar jovens notáveis, e eles não deveriam ouvir uma figura de autoridade proferindo insultos.”

 Braddock assente com vigor. “É verdade. Vou ter que imprimir um novo formulário pra você. Mas, em vez de entrar com uma reclamação, talvez fosse melhor anexar uma carta em apoio a uma que já está em andamento.”

 Me esforço para entender do que está falando, mas é em vão. A única reclamação de que tenho conhecimento é contra mim. “Como assim?”

 Ele sorri. “Alguém já fez uma queixa contra o linguajar de Danton. O comitê disciplinar vai considerar essa e a contra você no mesmo dia.”

 Sinto a coluna formigar. “E quem foi?”

 “O time. Todos os jogadores. Você conhece esse lugar, as fofocas correm. Eles ficaram sabendo da queixa de Danton e ficaram inconformados. Invadiram meu escritório depois do treino pra te defender. Então expliquei nosso sistema disciplinar a eles, que expressaram seu descontentamento da forma apropriada.”

 Parece até que estou delirando.

“Sério?”

 Ele levanta a mão direita. “Juro por Deus. A reclamação deles tem oito páginas, detalhando cada palavra inapropriada, seja homofóbica ou racista. Tomei uma bela dose de uísque depois de ler. Não tinha ideia de quão feia estava a coisa.”

O Felizes Para Sempre  (Taekook / Vkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora