TaehyungJeon sempre tem direito a dois ingressos para todos os jogos em casa, mas só eu uso.
São assentos incríveis - no corredor, algumas fileiras atrás do banco do Toronto. Na verdade, estou sempre cercado pelas famílias de outros jogadores. Os veteranos devem ganhar mais ingressos ou coisa do tipo, porque toda uma seção do público grita sempre que Lukoczik entra em ação. Os pais do gigante Blake Riley sentam ao meu lado em todos os jogos. Ele é a imagem cuspida e escarrada... da mãe. Ela tem cabelo grisalho desarrumado, ossos largos e uma boca grande.
O pai, por outro lado, é do tipo professor magricela. De genética. Eles são meio malucos. Se acham que é esquisito eu aparecer sozinho em todos os jogos, nunca disseram nada.
Perdi o aquecimento e sentei bem quando o hino estava terminando. Já sei "O Canada" de cor. Tive que aprender a letra por causa do time que eu treino. Um treinador não pode ficar só mexendo os lábios sem produzir som, como um idiota.
Estou com dor de cabeça, o que é incomum. Então enfio o canudinho no refrigerante que comprei no caminho e me custou os olhos da cara e tomo um grande gole, esperando que uma dose de açúcar e cafeína me cure. Preciso melhorar, porque jungkook quer sair depois do jogo.
Eu também, porque, nos três dias que passou em casa, fiquei enrolando com aquela história de nos comunicarmos melhor. Eu disse a Jess que conversei com ele, e quase conversei na noite do Skype, quando nos masturbamos juntos até cansarmos. Mas, aquele momento de conexão, vendo seu rosto maravilhoso olhando para mim, tão cheio de desejo e luxúria... Não quis estragar tudo com nossos problemas enfadonhos. Então ele voltou para casa e o sexo da vida real foi ainda melhor do que bater uma diante da tela. Não quis estragar aquilo também.
Talvez eu seja um covarde. Minha irmã certamente concordaria com isso. Mas as coisas andam bem, droga. Jeon e eu estamos no mesmo ritmo desde que ele voltou e estou morrendo de medo de fazer qualquer coisa que nos tire dele.
E não vou mentir - uma noite fora com jungkook parece o paraíso.Quando perguntei a ele aonde queria ir, tudo o que disse foi: "Não importa. Só quero sair. Você e eu. Podemos ir a um bar e jogar dardos ou sinuca".
"Sinuca não", respondi. "Meu ego frágil não vai aguentar esse tipo de surra."
Ele deu risada. "Tá bom. O que quiser. O objetivo não é jogar alguma coisa. É você."
Gostei de ouvir aquilo.
O treinador Hal trocou as formações esta noite. Ele faz isso de vez em quando. Jeon está na segunda, com Blake e Lukoczik. A primeira começa com tudo - Eriksson praticamente massacra o outro centro depois da saída. Quando o disco começa a ser perseguido em alta velocidade pelo rinque, não consigo pensar em mais nada além do jogo à minha frente. Meu mundo inteiro é reduzido a doze homens em disputa e o pequeno disco pesado de borracha que significa tudo para as dezoito mil pessoas que compõem o público desta noite.
Jeon se prepara para entrar, e não consigo evitar levantar do assento. Ottawa mantém o disco sob controle e não se arrisca, passando-o de um lado para o outro como se estivessem passeando com um poodle premiado. Não é o bastante para marcar, mas conseguem frustrar os objetivos de Jungkook. O turno dele termina antes que tenha a chance de fazer qualquer coisa.
O jogo fica assim por um tempo, mas não perco o interesse. Alguns familiares não muito sutis me perguntam se não me importo em ser apenas um espectador em vez de jogar. Não me importo, mas nem sei se acreditam em mim. Sempre assisti a partidas de hóquei, mesmo com assentos muito piores. E patino todos os dias, com excelentes jogadores.
A vida é boa. A não ser pela dor de cabeça.
As coisas esquentam no gelo. Blake tem uma oportunidade e parte para o ataque. Ele passa para Jeon, que devolve assim que ele fica livre. Blake atira para o gol, mas o goleiro consegue conter o disco a tempo, tocando-o desajeitadamente com a ponta da luva. O disco continua em jogo, então os dois times vão para cima dele.
"PEGA, QUERIDO, ATIRA DIRETO, MARCA UM GOL PRA MAMÃE, BLAKEYYYY !" A Sra. Riley está de pé, gritando como uma maníaca.
Ela sempre grita, mas esta noite é como se esfaqueasse meu cérebro. O marido, enquanto isso, fica sentado ao seu lado com os joelhos grudados e as mãos sobre as pernas. Olhando para ele, parece mais que está numa igreja.
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O Felizes Para Sempre (Taekook / Vkook)
FanficJeon Jungkook e Kim Taehyung se conheceram num acampamento de hóquei quando crianças. A amizade entre os dois cresceu pouco a pouco até que um acontecimento inesperado os afastou. Quando eles se reencontram na faculdade, ambos já adultos, se apaixon...