Capitulo 29🏒

172 33 5
                                    


Jungkook

 Ganhamos nosso segundo jogo consecutivo fora de casa. Mas, enquanto todo mundo sobe animado no ônibus, só me jogo no meu assento, olho através da janela e ostento o que Blake apelidou oficialmente de minha expressão “Garoto Enxaqueca”.

 Mas tenho o direito de ficar desanimado, porque Taehyung não apareceu. Nem sei se assistiu à entrevista, porque não respondeu à mensagem de texto que mandei depois que foi ao ar. Depois do silêncio da parte dele, escrevi para Cindy e Jess, mas ambas responderam dizendo que não tinham certeza se ele havia visto.

 Gostaria de não ter que voltar a Toronto amanhã. Só queria pegar um avião para a Califórnia para ver Taehyung, mas sei que a diretoria vai me matar se eu fizer isso. Frank me disse esta manhã que minha entrevista teve uma audiência impressionante. O departamento de mídia do time foi inundado por outros pedidos de entrevista, e Frank quer que eu fique em Toronto durante a próxima sequência de jogos em casa. Preciso estar “disponível” caso ele marque uma coletiva. Não sei por que isso importa, já que não planejo falar com outros jornalistas, a menos que seja sobre hóquei. Minha vida pessoal não vai ser alvo de discussão no futuro próximo.

 “Para com isso, Garoto Enxaqueca.” Blake me dá um soco no ombro, então leva um dedão e um indicador a cada canto da minha boca para me forçar a sorrir.

 “Foi mal”, resmungo.

 “Foi mesmo. Você está me chateando. Sabe que só fico feliz se estou feliz.”

 Eu o encaro. “É a coisa mais idiota que você já disse.”

 “Não. Já disse coisas piores.”

 Verdade. Por sorte, meu celular vibra, me poupando de ouvir qualquer discurso motivacional que tenha preparado para mim. Olho para a tela e vejo um número desconhecido da região de Boston. Me arrependo imediatamente de ter ficado entusiasmado com a interrupção. Tenho o número de todos os meus amigos de Boston na agenda, então ou um repórter conseguiu meu celular de alguma forma ou, pior, alguém ligado ao meu pai.

 Atendo mesmo assim, porque estou cansado de ouvir a voz pessimista na minha cabeça. “Alô?”, digo, em um tom reservado.

 “Jeon?” A voz do outro lado soa estranhamente familiar. Um barítono profundo com uma aspereza reconfortante. Merda, de onde reconheço essa voz?

 “Sim. Quem é?”

 “Minha nossa, garoto. Você não mudou seu número depois de todos esses anos? Nem consigo acreditar que deu certo.”

 Franzo a testa. “Quem…” Então paro, com a nostalgia me atingindo. Garoto. A mãe de Tae às vezes me chama assim. Antes disso, eu costumava ouvir o termo saindo da boca de… “Reggie?”, digo, em choque. “É você?”

 “Claro. É bom ouvir sua voz. Faz tempo.”

 Desde que terminei a escola, me dou conta. Reggie se aposentou quando eu estava no último ano. “Tempo demais”, digo. “Como você está?”

 “Ótimo. Amando a aposentadoria. Mas não liguei pra falar de mim.” Ele faz uma pausa. “Vi sua entrevista na TV.” Outra pausa. “Ele não me dava nem um centavo.”

 Engulo em seco. “Quê?”

 “Seu pai. Você disse que se perguntava se ele pagava um extra pra que eu torcesse por você nos jogos. Ele não pagava.” O tom de Reggie é infinitamente gentil. “Quase fui demitido por aquilo, na verdade.”

 Sou atingido por outra onda de choque. “Como assim?”

 Ele solta um ruído de desagrado. “Motoristas devem esperar no carro. Na primeira vez que assisti a um jogo seu, comentei com seu pai como você tinha se saído bem. Ele ameaçou me mandar embora se eu entrasse numa arena de novo.”

O Felizes Para Sempre  (Taekook / Vkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora