06. Mordidas

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Sophia Peletier.

Abri a porta vendo Rick aparecer com a mão no cintura, uma expressão preocupada e inquieto.

—Posso ajudar?— Dei um sorriso sem ânimo e dei espaço pra ele entrar.

— A Judith? Ela tá aqui?— Perguntou e eu concordei com a cabeça e logo vieram as gargalhadas dela, Shane e Lexi do andar de cima. —Ela tá com o Shane? — Ameaçou subir e eu impedi.

—O Carl tá lá também e mesmo se tivesse só com o Shane, você não pode invadir a minha casa como bem entende, você aqui é convidado— Apertei o braço dele e soltei deixando a marca dos meus dedos.

—Eu não quero a minha filha com...

—Com o pai dela? Você pode estar criando ela mas não foi por opção dele, ele não abandonou e nem maltratou ela, vocês não souberam agir como adultos e tentaram se matar mas você não tem direito de impedir que um pai se aproxime da filha e olha que ele nem contou pra ela, ele só quer estar perto. — Cruzei meus braços e parei na frente da escada, ele não iria subir.

— Você sabe que ele foi o primeiro a querer desistir de procurar você, não sabe? Dizia que estava morta desde o dia que você sumiu, é esse cara que você tá protegendo? — As palavras dele me fizeram dar uma gargalhada muito sincera e alta.

— Você é bem baixo Rick Grimes, bem baixo, tá tentando me manipular pra eu ficar do seu lado, só lamento em dizer, tudo que você sabe sobre o Shane, eu também sei.

Meu tom de voz era firme e determinado, mostrando que eu não me deixaria ser manipulada ou influenciada por jogos emocionais. Rick parecia surpreso com minha reação, mas eu não me importava. Eu havia aprendido a ser forte e a enfrentar as adversidades desse mundo.

—Sim, eu sei que o Shane não é perfeito. Ele cometeu erros, todos nós cometemos. Mas ele também mudou, assim como eu mudei. Ele está tentando ser um pai para a Judith, e eu não vou impedir isso. Ela precisa dele também — respondi, mantendo a calma.

—Tudo bem aqui?— Shane perguntou ao descer as escadas com o Carl e eu olhei pro Rick com um sorriso falso.

—Tudo ótimo. Eu e Rick só estávamos batendo um papo amigável, né Rick?— O mais velho sorriu forçado enquanto eu dava uns tapinhas fortes nas costas dele.

Shane estava tentando, eu sabia que estava, por mais que Rick não confiasse nele e ele também não confiasse em Rick, ele chamava o líder de Alexandria pra conversar ou pra ajudar em algumas missões.

Eu e Carl subimos pra chamar as meninas pra lanchar, paramos na porta ouvindo a conversa delas duas.

—Eu gosto do seu pai— Judith falou pra Lexi, me fazendo olhar pra Carl sem entender mas ficamos ali, ouvindo a conversa de duas crianças.

—O Shane não é o meu pai, eu não tenho um pai— Lexi respondia concentrada na torre que elas faziam com as almofadas.

—É, ter um pai é legal — A garota deu de ombros fazendo Lexi parecer pensativa sobre oque estavam falando.

—Eu queria que seu irmão fosse meu pai, ele conta histórias pra eu dormir e me faz rir, seria muito legal.

Olhei pra Carl sentindo meu rosto todo queimar e ele se segurava pra não rir da minha cara, minha filha dizendo que queria que ele fosse o pai dela, isso sim é um momento muito constrangedor na minha vida.

Lexi nunca me questionou sobre família, até porque ela lembra que a achei e a adotei, não é igual Judith que não sabe que é filha do Shane ou coisa desse tipo, talvez seja porque ela gosta muito do Carl e não saiba expressar ainda.

—Oque eu mais gosto, é que o Carl faz minha mãe sorri e ela nunca sorri sem ser pra mim e pro tio Shane — Lexi comoletou e Judith começou a falar animada sobre o irmão que agora me observava.

Ouvir as palavras de Lexi sobre Carl me encheu de emoção. Ela era tão sincera e inocente em seus sentimentos, e aquilo só reforçava o quanto Carl se tornou especial em nossas vidas.

—Ei, Lexi, eu também gosto muito de ver a sua mãe sorrindo. Ela é uma pessoa incrível, e vocês duas são as pessoas importantes para mim — disse Carl, com um carinho genuíno em sua voz.

Lexi sorriu e correu para abraçar Carl, que a pegou no colo, fazendo-a rir. Era visível a ligação forte entre os dois, e eu sentia uma boba olhando os dois e me sentando atrás de Judith fazendo tranças no cabelo dela.

—Ei, vocês duas! Está na hora do lanche — chamou Shane, fazendo Lexi quase derrubar o Carl no chão para irem todos juntos.

Sentamo-nos à mesa, e a conversa continuou animada enquanto comíamos. Rick ainda estava presente, mas eu pude perceber que ele estava mais calmo. Talvez ele estivesse começando a aceitar a presença de Shane em sua vida.

Depois do lanche, as crianças foram brincar lá fora, e eu e Carl ficamos um momento a sós. Sentamos no sofá e eu mordi o lábio inferior antes de conseguir formular a frase na minha mente.

— Sobre oque a Lexi disse mais cedo...

—Ta tudo bem, ela é uma criança que gosta quando a mãe está feliz, é fofo—  Ele sorriu e o sorriso dele é tão bonito, cada detalhe do rosto dele visto de perto dessa forma, olho de diamante.

—Mas ela tem razão, você consegue de alguma forma, trazer leveza pras coisas, eu gosto que esteja por perto.

As palavras saíram de forma tímida, mas era importante que Carl soubesse o quanto ele significava para mim e para Lexi. Ele havia se tornado uma parte fundamental de nossas vidas, e eu queria que ele soubesse o quão especial ele era para nós.

Carl sorriu de forma carinhosa e colocou uma mão sobre a minha.

—Sophia, eu não posso negar o quanto você e Lexi também são importantes para mim e eu faria qualquer coisa para protegê-las e fazê-las felizes — ele disse, olhando nos meus olhos.

Aquele momento era especial. Era um momento de conexão e de compartilhar nossos sentimentos verdadeiros. Apesar de todas as dificuldades e perigos do mundo em que vivíamos, tínhamos conseguido encontrar algo especial entre nós.

Eu olhei para ele, e nossos olhares se encontraram, transmitindo todo o carinho e conexão que existia entre nós. Sem dizer mais nada, me inclinei e o beijei com suavidade.

O beijo foi doce e significativo, como se fosse um novo começo para nós dois. Naquele momento, eu soube que estávamos juntos não apenas pela necessidade de sobrevivência, mas porque realmente nos importávamos um com o outro, e havia um algo verdadeiro entre nós.

—Mãe, tio Shane tá chamando pra brincar lá fora! — Lexi apareceu na porta, interrompendo nosso momento de intimidade, mas eu não pude deixar de sorrir.

—Vamos lá, meu amor. Eu e Carl iremos também — respondi, acariciando o cabelo dela.

Saímos para o quintal, onde Shane e Judith já estavam brincando. Era um momento de alegria e descontração, e eu me sentia grata por ter tantas pessoas especiais ao meu redor.

Os dias eram difíceis e incertos, mas tínhamos um ao outro, e isso fazia toda a diferença. Juntos, enfrentávamos os desafios e construíamos um novo sentido de família em meio ao caos.

Assim que a noite caiu, gritos ecoaram por toda comunidade, me fazendo levantar correndo da cama, ordenando Lexi a fazer o combinado de se esconder como sempre fizemos.

—O que que tá acontecendo? — Perguntei me aproximando do portão.

—O Zack e o Luther foram mordidos.

The Savior ° Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora