07. Sem cor

176 29 22
                                    


Sophia Peletier.

Os meninos haviam sido mordidos durante uma busca, mordidos em lugares que não podiam ser arrancados, eles estavam desacordados mas oque chamou a atenção da Samantha, foi a cor do sangue que saia do braços deles, sangue cor de carvão.

—Me deixa analisar o sangue deles, eles vão morrer de qualquer jeito— Samantha falava tentando me convencer a usar os garotos como ratos de laboratório.

—Deixa eles morrerem em paz, ninguém merece ficar sendo espetado nos últimos momentos de vida— Sarah questionava mostrando ser completamente contra.

—Aonde eles estão?— Perguntei me levantando daquela sala de reuniões.

— Na área isolada do hospital— Samantha me respondeu e eu levantei pra ir ver eles.

Ao receber a notícia de que os meninos haviam sido mordidos durante a busca e que o sangue que saía de suas feridas tinha uma coloração estranha, senti um aperto no coração. Eu sabia que aquelas mordidas eram praticamente uma sentença de morte neste mundo cruel e implacável.

No entanto, a ideia de usar Zack e Luther como "ratos de laboratório" para testes e análises não me agradava nem um pouco. Eles mereciam um fim digno, e eu não queria vê-los sofrendo ainda mais nas últimas horas de vida que lhes restavam.

Sarah compartilhava da mesma opinião, demonstrando seu descontentamento com a proposta de Samantha. Eu concordava plenamente com Sarah. Não podíamos nos tornar tão insensíveis a ponto de usar nossos próprios amigos como cobaias.

Decidi ir ver os meninos na área isolada do hospital para estar com eles em seus momentos finais. Talvez não houvesse muito que pudéssemos fazer para salvá-los, mas pelo menos poderíamos estar ao lado deles, oferecendo-lhes conforto e companhia.

Caminhei pelo hospital, sentindo o peso de todas as perdas que tivemos ao longo do tempo. Era difícil lidar com a morte constante e a sensação de impotência diante da violência do mundo em que vivíamos.

Ao chegar na área isolada os garotos estavam rindo, em pé, jogando bolinhas de papel um no outro, eu nunca tinha visto isso, com o tempo que faz, mais de 12h que foram mordidos, eram pra estar com a febre alta mas não, eles estavam melhores que nunca.

Ao me deparar com a cena inusitada dos garotos rindo e brincando, fiquei completamente surpresa e confusa. Era incompreensível que eles estivessem agindo dessa forma após terem sido mordidos e com o sangue apresentando uma coloração tão estranha.

Intrigada e esperançosa, me aproximei deles com cautela. Perguntei como estavam se sentindo, e eles responderam animadamente que estavam bem, sem nenhum sintoma grave. Parecia quase milagroso.

— Como isso é possível? — perguntei a Samantha, que estava tão surpresa quanto eu mas com um sorriso animado no rosto.

Ela examinou os garotos novamente e coletou amostras de sangue para análise. Enquanto aguardávamos os resultados, pude perceber que eles estavam mesmo parecendo bem, sem sinais de febre, infecção ou quaisquer outros sintomas graves.

Minha mente estava repleta de perguntas e especulações, mas eu não queria criar falsas esperanças. Sabia que esse mundo era imprevisível, e a possibilidade de um milagre era quase nula.

Algumas horas depois, Samantha veio com os resultados. Sua expressão era uma mistura de surpresa e perplexidade.

— O sangue deles é preto por conta da radiação e acabou transformando eles em imunes— explicou ela, ainda processando as informações.

Olhei para os garotos, que agora estavam brincando de novo, e uma mistura de alívio e gratidão tomou conta de mim. Parecia que, de alguma forma, eles estavam superando a infecção de um jeito que nenhum de nós poderia ter previsto.

—Me deixem estudar eles, talvez haja uma cura, algum antibiótico criado a partir do sangue deles ou transfusões de sangue, eles podem ser a cura de tudo.

—Se eles aceitarem, eu não posso impedir.

Apesar de toda a esperança que a descoberta dos garotos imunes trazia, eu sabia que não podia forçá-los a serem estudados ou submetidos a experimentos. A decisão de se oferecer como voluntários para pesquisa e ajudar a encontrar uma possível cura deveria partir deles.

Com cuidado, me aproximei dos garotos e expliquei a situação a eles. Contei sobre a descoberta feita por Samantha e como o sangue deles poderia ser a chave para encontrar uma cura para a infecção que assolava o mundo. No entanto, também deixei claro que a escolha de se submeter aos estudos era completamente deles.

Zack e Luther ouviram atentamente, absorvendo as informações e o impacto de sua condição. Eles trocaram um olhar, como se estivessem se comunicando silenciosamente, antes de se dirigirem a mim com uma determinação surpreendente.

—Queremos ajudar. Se nossos corpos podem ser a chave para salvar vidas e encontrar uma cura, então estamos dispostos a colaborar — disse Zack com firmeza, enquanto Luther assentia em acordo.

Senti uma mistura de admiração e preocupação ao ouvir a resposta deles. Era admirável que estivessem dispostos a se sacrificar para ajudar os outros, mas ao mesmo tempo, meu coração se apertava por vê-los assumindo esse fardo.

Com o consentimento deles, Samantha tinha tudo oque queria, duas cobaias pra testar seus experimentos.

Entrei em casa e pude ver marcas de sangue pelo chão, peguei minha arma e entrei sem nem pensar duas vezes, eu estava pronta pra a atirar quando vi Shane coberto de sangue fazendo sinal de positivo com as mãos pra mim.

— Você sujou meu chão— Guardei a arma e encarei o homem totalmente sujo— Esse sangue é seu? De zumbi? Do Rick?

—Meu e de zumbi— Deu de ombros e caminhou até a geladeira pegando um copo de água.

Eu e ele conversamos sobre os garotos e sobre as coisas que aconteceram nos últimos dias.

—Vai tomar um banho vai, você tá fedendo — Tampei o nariz fingindo estar sentindo o fedor e ele revirou os olhos.

—Vai, me dá um abraço aqui, muito tempo que você não abraça o Shane— Abriu os braços e eue afastei e então ele correu atrás de mim pela casa, enquanto eu gargalhava, eu me sentia criança as vezes .

Apesar das preocupações e da situação difícil, a presença de Shane sempre trazia uma mistura de sentimentos em mim. Ele podia não ser meu pai mas pra mim, ele era tudo oque um pai deveria ser.

No entanto, naquele momento, enquanto ele corria atrás de mim pela casa, brincando como se fôssemos crianças novamente, eu não pude deixar de sorrir. Era incrível como ele conseguia trazer um pouco de leveza para os momentos mais difíceis.

—Está bem, está bem! Eu dou um abraço, mas só porque você está fedendo e precisa mesmo de um banho — disse, rindo, antes de me render e abraçá-lo.

Shane apertou o abraço, e por um momento, senti uma sensação de tranquilidade e segurança que há muito tempo não experimentava.

—Eu te amo Shane— Falei me afastando um pouco dele— Eu sei que não digo muito isso mas você é meu herói, é o pai que eu sempre quis ter.

As palavras que eu disse pareciam tocar o coração de Shane, e ele ficou momentaneamente sem palavras, visivelmente emocionado. Ele abriu um sorriso sincero e me abraçou novamente.

—Sophia, eu também te amo. Você é uma pessoa incrível, forte e corajosa. Não poderia ter pedido por uma filha melhor do que você — disse ele, com a voz levemente embargada.

Depois de um tempo, Shane foi tomar seu banho, e eu fiquei sozinha com meus pensamentos. Os acontecimentos recentes, com os garotos imunes e a possível esperança de uma cura, me fizeram perceber o quão importante era valorizar as pessoas que amávamos enquanto tínhamos a chance.

No meio da madrugada, acordei por nenhum motivo, eu só acordei, me levantei devagar e caminhei pro lado de fora da casa, uma discussão foi ouvida um pouco mais distante e eu caminhei até lá.

—Shane?— Chamei ao ver o homem parado em pé de frente pra Rick Grimes.

The Savior ° Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora