02. Uma garotinha

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8 anos antes.

Sophia Peletier

O som do tiro ecoou pela cidade abandonada junto com os gritos do pequeno grupo em nossa frente, a arma quente em minhas mãos e um sorriso no meu rosto.

—Eu avisei, agora vão me dizer quem é o líder de vocês ou vamos ter que esperar o amigo de vocês virar zumbi pra fazer um lanchinho? — Perguntei me sentando na cadeira de frente aos homens que pareciam mais crianças.

—A gente já falou, não sabemos quem ele é, a gente só segue ordens dele— Um dos homens falou apontando pro homem "morto" ao lado deles.

—Shane, você acredita neles?— Olhei pro mais velho que se aproximava negando com a cabeça.

—Não, não acredito Sophia —Me mantive firme, encarando os homens à nossa frente com um olhar decidido. Eu não estava ali para brincadeiras, e todos podiam sentir a determinação em minha voz.

—Vocês realmente acham que vou acreditar nessa história? — Disse, com um misto de desdém e desconfiança. — Se não me disserem quem está por trás disso tudo, vocês serão responsáveis pela morte de um de seus companheiros e vão morrer também.

Os homens olharam uns para os outros, claramente preocupados com a situação. Eu sabia que precisava encontrar uma forma de fazer eles falar.

—Vamos fazer um acordo — Shane interveio, éramos uma ótima dupla — Vocês nos contam tudo o que sabem, e deixamos vocês irem embora sem mais problemas. Acreditem, é a melhor opção que vocês têm agora e a única.

Os homens hesitaram por um momento, avaliando as palavras de Shane. Eles estavam em uma situação difícil e sabiam que estavam encurralados. Finalmente, um deles decidiu falar.

—O líder é um cara chamado Randall. Ele apareceu do nada e assumiu o controle do nosso grupo. Não sabemos de onde ele veio, mas ele é implacável e violento.

Arqueei a sobrancelha, processando a informação. Randall não era um nome que eu conhecia, mas isso não significava que não fosse perigoso mas isso também não significava que fosse algo que me assustasse.

—Vocês têm alguma ideia do que ele está planejando? — Perguntei, mantendo-me cautelosa.

—Ele só diz que quer mais poder, controle sobre tudo isso aqui. E ele faz qualquer coisa para conseguir o que quer — respondeu um dos homens com uma expressão amedrontada.

Levantei-me da cadeira, sentindo-me mais determinada do que nunca. Sabia que precisava encontrar Randall e derrubar ele do pedestal dele e trazer mais pessoas pro nosso grupo.

—Saiam daqui e avisem pro Randall que vamos achar ele— Liberei eles que saíram correndo e assim que se afastaram mais um pouco atirei na cabeça de um deles— Só precisamos de um pra dar o recado.

Shane se aproximou de mim, colocando a mão em meu ombro com um olhar de aprovação.

—Olha, não sei quem te ensinou isso mas ele é um ótimo professor.

—Cala a boca, eu sou bem melhor que você— Empurrei ele rindo— Vamos pra casa.

A um ano atrás, eu dei a ideia de procurarmos um condomínio, com muros, fechado, limparmos e criarmos nossa comunidade lá e foi isso que fizemos, nosso grupo é grande mas queremos sempre recrutar mais pessoas, nesse mundo que vivemos, quanto mais gente, melhor.

Um barulho chamou minha atenção e mesmo com Shane dizendo pra não ir, eu fui até lá.

—SHANE— Gritei o homem que veio correndo— Me ajuda.

Era uma garotinha de cabelos escuros, devia ter seus 9 anos, estava presa atrás de um armário que havia caído, eu e Shane tiramos ela de lá.

—Ei, vem cá— Sussurei chegando perto dela— Eu não vou te machucar, eu prometo— Ela veio se arrastando, bem devagar e se jogou nos meus braços. — Eu sou a Sophia e esse moço feio aqui, é o Shane e você?

—Lexi...— Ela estava muito fraquinha, provavelmente estava sem comer a muito tempo.

—Bom Lexi, eu e essa garota esquisita aí, vamos te levar pra nossa casa, oque você acha? — Shane se abaixou pra ficar da nossa altura.

—Ia ser legal—  Ela sorriu e eu levantei com ela no colo, colocando ela nas minhas costas.

Ao chegarmos em casa, Lexi tomou um banho, ganhou roupas, ficou um pouco no soro por estar em desnutrição e então se juntou ao nosso grupo. Ela era apenas uma criança, mas já havia enfrentado horrores que nenhum ser humano deveria vivenciar, ela era mais nova que eu quando me perdi na floresta.

Nos dias seguintes, eu e Shane cuidamos de Lexi juntos, a verdade é que Shane sabia ser bem paizão quando queria mesmo com a personalidade complicada dela. Ela se apegou a mim mais do que aos outros membros do grupo, e aos poucos começou a recuperar sua energia e alegria. Era impressionante ver como uma criança tão pequena podia trazer esperança e sorrisos em meio a um mundo tão sombrio.

No decorrer dos meses, enfrentamos muitos desafios, como ataques de zumbis e encontros com grupos hostis. Ainda assim, a coragem e a determinação de cada um de nós nos ajudaram a superar cada obstáculo. Juntos, aprendemos a importância de confiar uns nos outros e a nunca desistir, não importa o quão difícil as coisas possam parecer.

Lexi se tornou parte fundamental da nossa família. Ela era uma luz em meio à escuridão, me lembrando do que estávamos lutando para preservar: a esperança de um futuro melhor. Cuidar dela também nos deu uma motivação adicional para continuar em frente e enfrentar os perigos desconhecidos que o mundo pós-apocalíptico nos reservava.

Com o tempo, descobrimos mais informações sobre Randall, o líder cruel que ameaçava a vida de tantas pessoas. Ele era um homem poderoso e implacável, que buscava o controle total sobre o que restava da civilização e não foi nem um pouco difícil acabar com o seu grupo que ele jurava ser invencível.

—Ultimas palavras?— Perguntei com a arma na testa do homem com o rosto completamente ensanguentado.

—Vai se fuder vadia— Dei um sorriso e então atirei ele.

—Aqueles que quiserem se juntar a nós, se sintam a vontade, aqueles que não quiserem, sinto muito.

The Savior ° Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora